ABRIL 2016
A VARICELA
Dra. Sónia Gonçalves
Farmacêutica na Farmácia do Caniço
sonia.goncalves@farmaciadocanico.pt 

A varicela é uma doença que motiva elevado absentismo escolar e laboral. Causada por um vírus (Varicella-zoster), esta não distingue raça, sexo ou idade, apesar de predominar na infância, em crianças com 1 a 7 anos. É uma doença muito contagiosa, que ao infetar uma 2ª criança no seio familiar, causa habitualmente sintomatologia mais forte. Depois de ter a varicela, o indivíduo torna-se geralmente imune a infecções futuras por este vírus, mas existe o risco de voltar a ter varicela (de sintomas mais leves), principalmente se a 1ª infecção tiver ocorrido antes de 1 ano de idade e se a pessoa tiver o sistema imunitário debilitado. Quando a varicela afeta adolescentes e adultos pela 1ª vez, os sintomas costumam ser mais drásticos e aparecem mais complicações do que na infância, como infecções secundárias (pneumonia, meningite, septicemia), hemorragias, AVC, podendo mesmo levar à morte. Esta é particularmente perigosa se o doente tiver o sistema imunitário debilitado (ex. Cancro, HIV), ou se estiver grávida ou no pós-parto (risco para o bebé). Assim sendo, normalmente não se tomam medidas de prevenção de contágio doméstico, para que a doença seja tida na infância. 
Depois do primeiro contacto com o vírus, este permanece adormecido nas células nervosas do indivíduo, e pode reactivar-se anos mais tarde, causando “Herpes-zóster” ou “Zona".

Curso normal da doença:
A varicela pode ser transmitida de 2 maneiras: 
por secreções e aerossóis da nasofaringe, desde 2 dias antes do aparecimento das lesões na pele; e pelas próprias lesões, enquanto elas não formam crosta (situação que cessa o período de contágio).
A varicela costuma resultar em doença ligeira a moderada em doentes que de outra forma seriam saudáveis. Os sinais e sintomas surgem geralmente passados 14 ou 15 dias da data de contágio e eles são: aparecimento de lesões cutâneas avermelhadas, altamente pruriginosas, semelhantes a picadas de inseto, no tronco, couro cabeludo ou cara, frequentemente acompanhada por febre ligeira, dor de cabeça, mal-estar, perda de apetite e dificuldade em comer. As lesões vão se espalhando pelo corpo e mucosas (boca, garganta, conjuntiva e genitais) nos 5 dias seguintes, atingindo 250 a 500 lesões. Ao fim de 24h, cada lesão transforma-se numa vesícula de conteúdo límpido e mais tarde turvo, que acaba por formar crosta em 24 a 48h. As crostas caiem em 1 a 2 semanas, podendo deixar marcas claras por vários meses ou mesmo cicatrizes persistentes.

Tratamento:
Visto que a varicela é uma doença autolimitada, o tratamento é dirigido aos sintomas:
Paracetamol para controlar a febre e a dor;
Loções com anti-histamínicos, calamina,  óxido de zinco, sucralfato, talco ou silicatos, para efeito secante, antipruriginoso e cicatrizante;
Anti-histamínicos orais para aliviar o prurido e para ajudar a conciliar o sono;
Limpeza das lesões que tenham sido "coçadas" com soro fisiológico e desinfeção com antisséticos, como a clorohexidina, para prevenção de infeções secundárias.
Em caso de uma infeção secundária, pode ser necessário antibiótico.
A utilização de um antiviral (aciclovir) nas primeiras 24h após o início da doença, pode ajudar a reduzir a gravidade e duração da varicela. Mas é apenas obrigatória quando há risco de doença grave.

Nota: Os anti-inflamatórios não-esteróides (como o ácido acetilsalicílico e o ibuprofeno) são fortemente desencorajados no tratamento da varicela em crianças, devido à sua associação ao Síndrome de Reye e por aumentarem o risco de necrose dos tecidos moles infetados.
Existem atualmente 2 vacinas contra a varicela a serem comercializadas em Portugal. Estas são apenas recomendadas para indivíduos em risco de contágio, com idades superiores a 11 anos, e não podem ser administradas a imunodeprimidos, grávidas, menores de 1 ano ou indivíduos que tomem salicilatos.

Sinais de Alerta:
Deve estar alerta para o surgimento de qualquer sintoma diferente do descrito anteriormente como característico da varicela. Em especial se houver: vómitos contínuos, sono excessivo, dificuldade em andar, tosse muito forte, dificuldade em respirar, dor no peito, dor de estômago forte, febre superior a 40ºC ou por mais de 1 semana, lesões muito inflamadas e dolorosas ou se continuarem a surgir novas lesões ao fim de 7 dias.


Conselhos úteis:
Corte bem as unhas da criança e tente evitar que ela se coce.
Mantenha à disposição da criança muitos líquidos, em especial os seus sumos preferidos, para evitar a desidratação.
Evite que a criança contacte com pessoas com o sistema imunitário debilitado.
Banhos de água morna com aveia coloidal podem acalmar a comichão, limpar a pele e ajudar a prevenir infeções bacterianas secundárias.



 


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