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A sensação de pernas cansadas e o aparecimento de derrames e varizes deverão ser encarados como um sinal de alerta! O que inicialmente poderá ser encarado como uma preocupação estética pode vir a tornar-se num problema de saúde sério!

A sensação de pernas cansadas é o primeiro e mais comum sintoma da Doença Venosa Crónica. Na presença desta patologia, normalmente a sensação de pernas cansadas e pesadas está associada a dor nos pés e nas pernas, inchaço (como consequência da retenção de líquidos), sensação de formigueiro e cãibras noturnas.  Além disso, o agravamento da sensação de pernas cansadas e da doença venosa, pode provocar o aparecimento de varizes e derrames que, num estado avançado da doença, podem originar diversas complicações, tais como, alterações da pele, que fica fragilizada e acastanhada, úlceras e tromboflebites.

A Doença Venosa Crónica resulta de uma alteração estrutural do sistema venoso dos membros inferiores, em que as veias perdem a função de transportar o sangue venoso, já usado, para o coração. No interior das veias existem pequenas válvulas que impedem o retorno do sangue venoso para as extremidades. Quando essas válvulas não se fecham adequadamente, o refluxo é inevitável. Esse refluxo faz com que a quantidade de sangue no interior das veias comece a aumentar, o que resulta numa dilatação e consequente aparecimento dos derrames e varizes.

Esta doença afeta mais de 1/3 dos portugueses, sendo uma das doenças crónicas mais frequentes na população portuguesa. As mulheres são mais afectadas do que os homens. A maior incidência no sexo feminino deve-se à ação das hormonas sexuais femininas, ao uso de anticonceptivos, à existência de menor massa muscular e à gravidez.

São manifestações distintas da mesma doença. Os derrames (nome vulgar dado às telangiectasias) são pequenas veias dilatadas que aparecem por baixo da pele sob a forma de pequenas linhas avermelhadas e sinuosas, semelhantes às ramificações de uma árvore. Aparecem sem aviso e com maior frequência nas zonas das coxas, pernas e tornozelos. As varizes são veias dilatadas e tortuosas, de maior calibre e profundidade. Têm cor azulada/arroxeada e resultam da falência valvular e perda de elasticidade da sua parede.

Os factores que aumentam o risco desenvolver a Doença Venosa Crónica incluem a idade avançada, ser do sexo feminino, a gravidez, o excesso de peso, a história familiar de varizes, a terapêutica anticoncepcional hormonal (pílulas, adesivos transdérmicos, anel vaginal, implante), a exposição ao calor e o passar muito tempo em pé.´

Para prevenir o desenvolvimento da Doença Venosa Crónica é fundamental começar por minimizar os factores de risco. A primeira etapa para a prevenção consiste em detetar a hereditariedade, ou seja, saber se existe história familiar para o desenvolvimento deste problema. E em caso afirmativo os cuidados deverão ser redobrados. A segunda etapa consiste em fazer um exame de diagnóstico para saber se tem ou não doença venosa. Caso já apresente sintomas (dor, cansaço, pernas pesadas e inchaço) deverá procurar um médico especialista, para fazer um diagnóstico mais detalhado e para lhe aconselhar quais as medidas profiláticas. Entre estas medidas poderão estar a prática de exercício físico como marcha, bicicleta, natação ou hidroginástica, tomar medicamentos que atuem sobre a elasticidade da veia e na macro e microcirculação, a utilização de meias de compressão elástica, manter um peso corporal adequado, usar roupas e sapatos confortáveis (é contra-indicado usar roupa muito apertada e sapatos com salto alto ou rasos), evitar a exposição prolongada dos membros inferiores a elevadas temperaturas (sauna, sessões de bronzeamento, banhos quentes, depilação com cera muito quente, exposição solar, lareiras), evitar estar muito tempo sentado e/ou com as pernas cruzadas e evitar passar longos períodos de tempo em pé. 

É aconselhado passar água fria nas pernas, permanecer em locais frescos e massajar as pernas de baixo para cima, para estimular o fluxo venoso e aliviar a dor e sensação de pernas pesadas. Outra medida importante é a realização de movimentos de pedalar antes de ir dormir e a elevação dos pés (10 a 15 cm da cama), por exemplo com uma almofada, pois durante o sono o sistema venoso não é estimulado.

O tratamento da doença venosa tem como objetivo diminuir o refluxo sanguíneo no interior das veias e reverter os sintomas de modo a melhorar a qualidade de vida.

O tratamento farmacológico está indicado para todas as manifestações da Doença Venosa Crónica, devendo ser utilizado como adjuvante do tratamento compressivo. Os medicamentos/suplementos alimentares indicados exercem a sua ação a nível da macro e microcirculação, aumentando o tónus venoso, e atuam sobre a parede e válvulas venosas prevenindo o refluxo venoso.  Promovem também uma melhoria do fluxo linfático e têm uma acção anti-inflamatória.

A compressão elástica é a forma de tratamento mais frequentemente usada tanto no contexto de derrames como de varizes. A compressão elástica diminui o calibre venoso e aumenta a velocidade do fluxo sanguíneo, reduz o refluxo na posição em pé, diminui e previne o inchaço e melhora a contractilidade muscular. As meias de compressão elástica podem ser até ao joelho, raiz da coxa ou serem collants. O médico especialista decidirá qual o melhor modelo em cada caso.

Nas varizes mais volumosas a cirurgia para remoção das veias “doentes” é a única solução. A escleroterapia (“secagem”) e o laser transcutâneo estão indicados no tratamento dos derrames e das varizes de pequeno calibre.  

Quando a indicação é correta e a execução efectuada com rigor, qualquer uma destas opções terapêuticas tem excelentes resultados, não só no que respeita aos sintomas, mas também no que se refere à estética.