Dr. Diogo Valadas Ponte Diretor & Psicólogo Clínico Associação Nacional AVC diretor@associacaoavc.pt O Dia Mundial do AVC não é certamente um dia de comemoração, é sobretudo um momento para nos lembrarmos de três aspectos fundamentais. Primeiro, dos que já partiram devido a esta doença. A Associação Nacional AVC conta, nestes 22 anos de existência, com a empírica aprendizagem e imanente pedagogia, do difícil processo que é o Luto originado pela perda de um familiar ou entre querido devido a esta doença. Falamos de milhares de famílias que prosseguem o seu caminho com a árdua tarefa de se confrontar sem a presença física e vivencial de alguém que ama. Todos sabemos o quanto é difícil renovar esperanças e contar com algum conforto perante este vazio. Hoje é um bom dia para saudarmos e reconfortarmos quem ainda sente o peso dessa saudade, porque é do silêncio e da indiferença que essa dor se alimenta. Segundo, dos que foram vítimas e necessitam de apoio para se adaptarem a uma nova vida, que com toda a certeza fica condicionada e debilitada. Quem hoje se depara perante este inesperado corte no seu projeto de vida devido a um AVC, não pode ficar abandonado à adversidade, nem tão pouco ficar sem as condições essenciais para a sua reabilitação, manutenção e oportunidade de viver plenamente. Isto infelizmente ainda acontece no pós alta hospitalar. A nossa Associação é uma ativa observadora e interveniente da evolução dos cuidados e procedimentos realizados junto do doente com AVC. A Via Verde e a criação de Unidades de AVC foram inquestionáveis conquistas para colocar o SNS no Séc. XXI. Não obstante, é preciso continuar a mudança de paradigma. Por isso neste dia queremos dar voz a duas grandes reivindicações. Terminar com a ‘ditadura’ do P1 e dos constrangimentos ao acesso às terapias de ambulatório. Não podemos deixar estes doentes apenas com 60 sessões de fisioterapia por ano (equivalente a 3 meses). Potenciar os cuidados na comunidade e não menos essencial, proteger a figura do Cuidador do ponto de vista fiscal e social, pois “Só há quatro tipos de pessoas no mundo: aqueles que foram cuidadores, aqueles que são atualmente cuidadores, aqueles que serão cuidadores e aqueles que vão precisar de cuidadores” dizia uma famosa psicoterapeuta familiar, Betty Carter. Terceiro, este dia é a circunstância propicia para reforçarmos intensamente os alertas quanto à prevenção da doença que mais mata e que mais incapacidade crónica causa. O Acidente Vascular Cerebral não é só uma doença biológica e abrupta causada por um colapso de uma artéria qualquer. O AVC é a marca visível de uma narrativa de vida constituída por um substrato de opções “aparentemente secundárias e sem importância”, mas que contribuíram indelevelmente para um desastre evitável. Estas opções são permeadas particularmente por cinco grandes factores de risco: Alimentação, Sedentarismo, Tabagismo, Álcool e Stress. Estes sustentam os três grandes inimigos do AVC: Hipertensão Arterial, Diabetes, Dislipidemia (colesterol, triglicerídeos). Por isso a partir de hoje faça as suas opções com consciência, dê uma oportunidade a si e aos seus, de tornar a sua vida mais saudável e com menos riscos. “Potenciar os cuidados na comunidade e não menos essencial, proteger a figura do Cuidador do ponto de vista fiscal e social, pois “Só há quatro tipos de pessoas no mundo: aqueles que foram cuidadores, aqueles que são atualmente cuidadores, aqueles que serão cuidadores e aqueles que vão precisar de cuidadores” dizia uma famosa psicoterapeuta familiar, Betty Carter”. |