JUNHO 2015
A CRIANçA E A LINGUAGEM
Dr. Paulo Rego Sousa
Pediatria e Neuropediatra
Pós-graduado em Neurodesenvolvimento
Mestrado em Sono
pregosousa@gmail.com


A linguagem e a fala são fundamentais no desenvolvimento da criança e tem um papel fucral na significância do Homem, na sua interação social e vida intelectual. 
Apesar da fala e da linguagem estarem intimamente ligadas, elas não são sinónimos. A linguagem envolve a compreensão, formulação e transmissão de ideias e sentimentos através do uso de símbolos verbais convencionais, sons e gestos, numa ordem sequencial de acordo com as regras da gramática aceites para determinada língua. A fala refere-se mais à articulação e aos aspectos fonéticos da expressão oral.

Como se processa o desenvolvimento da linguagem? O desenvolvimento da linguagem e da fala processa-se de um modo previsível ao longo das diversas etapas do desenvolvimento psicomotor, apesar de existirem diferenças nas velocidades e estilos de aquisição em diferentes culturas e línguas. 
A evolução da linguagem e da fala é considerada como um indicador do desenvolvimento global e cognitivo da criança, e pode estar relacionado com o seu desempenho escolar futuro, daí que a avaliação da linguagem deve ser parte integrante do seguimento de todas as crianças em consulta de Pediatria. 
Para o desenvolvimento da linguagem e da fala é necessário que a criança tenha um nível cognitivo adequado, a audição mantida, o aparelho fonatório íntegro, seja convenientemente estimulada e tenha intenção comunicativa.

Quando pensar nas perturbações da linguagem? Uma criança com algum dos seguintes sinais de alarme obriga a referenciação imediata para a avaliação médica e intervenção especializada: Às 8 semanas não reage aos sons próximos, aos 10 meses não vocalia, aos 18 meses não diz nenhuma palavra, aos 2 anos não diz frases, aos 3 anos tem um discurso incompreensível, criança que apresente um uso inadequado da linguagem ou ecolália, aos 6 anos persistência de alterações articulatórias, e qualquer criança com regressão na aquisição da linguagem. 
As alterações da fala e da linguagem constituem as perturbações do desenvolvimento mais frequentes nas crianças. O atraso ou perturbação da linguagem atingem cerca de 5 a 10% das crianças. A deteção precoce das alterações da fala e da linguagem é fundamental, de forma a poder orientar a criança para equipas especializadas de intervenção, preferencialmente na idade pré-escolar.

Como avaliar a criança com perturbação da linguagem? 
O desenvolvimento atípico da linguagem pode ser um sintoma comum a diversas situações patológicas, desde doenças do sistema nervoso central, de origem genética ou psiquiátrica, podendo ser mesmo o primeiro sinal de algumas patologias.
Quando se coloca a hipótese de perturbação da linguagem deve ser realizada uma avaliação da audição, nível cognitivo, desenvolvimento da linguagem e motor, integração social e comunicação. Raramente é necessário efectuar exames de diagnóstico como TAC, ressonância magnética ou electroencefalograma, excepto se há história de epilepsia, regressão da linguagem ou alterações do exame neurológico. 
O despiste de um défice auditivo deve ser efectuado por rotina, contudo o défice auditivo ligeiro e intermitente associado a otite serosa não é suficiente para ter impacto no desenvolvimento da linguagem. 

Qual deve ser o tratamento das perturbações da linguagem? Não existe tratamento farmacológico para estas perturbações. A intervenção das alterações da linguagem na idade pediátrica deve ser multidisciplinar e adaptada a cada criança. Consiste na reeducação e treino com Terapia da Fala e num enquadramento escolar adequado. É importante não esquecer que estas crianças apresentam maior incidência de alterações do comportamento, ansiedade e fobia social em adultos jovens, pelo que os problemas emocionais e o isolamento devem ser prevenidos e tratados. 

DESTAQUE: 
“As alterações da fala e da linguagem constituem as perturbações do desenvolvimento mais frequentes nas crianças. O atraso ou perturbação da linguagem atingem cerca de 5 a 10% das crianças. A deteção precoce das alterações da fala e da linguagem é fundamental, de forma a poder orientar a criança para equipas especializadas de intervenção, preferencialmente na idade pré-escolar”.


 


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