FEVEREIRO 2014
O PAPEL DAS COMPETIçõES NA FORMAçãO DOS JOVENS

Daniel Quintal - Professor de Educação Física
(atualmente a exerções funções no Conselho Executivo da EB23 Dr. Alfredo Ferreira Nóbrega)

danielquintal2009@gmail.com

O desporto, entendido como fenómeno natural é, sem dúvida, um factor histórico e social que se encontra já integrado na sociedade portuguesa. Vive-se no universo do desporto um processo de afirmação individual que pretende alcançar reconhecimento público e que apenas consagra os campeões. Lima (1990) refere que “conquistar a vitória, ganhar, transformou-se um objectivo de primeira ordem das competições desportivas, mundiais, europeias e nacionais”. Portanto, não há que estranhar que os dirigentes, os treinadores e os próprios jogadores estejam no desporto com a mesma motivação e que, aspirando a esse reconhecimento, tudo façam para serem campeões. O desporto profissional apenas consagra os melhores e não os segundos. Quem é que se lembra do nome dos segundos de há dez anos? Ninguém! Provavelmente as coisas serão mesmo assim no desporto profissional, mas quando falamos em competições para idades jovens a mentalidade terá, necessariamente, de ser diferente. Neste contexto, Lima (1990) refere que “a competição deve ser entendida como um factor cultural que possa ser considerada como motor de progresso e desenvolvimento humano e social das crianças e dos jovens, finalidade esta que se questiona, atendendo à tentativa de imitação dos quadros competitivos dos adultos efectuada durante muitos anos e que, em alguns casos, se mantêm até aos dias de hoje.

A questão fulcral é a seguinte: Deve o desporto para as crianças e jovens incluir competições? Respondemos claramente que sim. Não é possível, nem realista retirar do mundo das crianças e jovens uma componente tão importante do comportamento dos mais velhos e da vida social – a competição – cuja influência é aliás, sentida e integrada pelas próprias crianças e jovens em todas as suas aprendizagens e em todos os seus comportamentos.

A competição para as crianças e jovens deverá ter objectivos claros, ou seja, consentâneos com a importância pedagógica e social do desporto e também deverá possuir uma intervenção competente por parte do treinador no sentido de não provocar desajustamentos relativamente aos princípios da formação desportiva. Os treinadores mais bem preparados são aqueles que têm o melhor entendimento da especialidade desportiva, mas paralelamente detêm um profundo conhecimento da especialidade biológica e psicossocial das crianças e jovens.
A competição para as crianças e jovens é vista, por elas como um acto de afirmação de competência, de capacidade, e não como um acto de afirmação de superioridade sobre os adversários, tal como acontece muitas vezes no desporto para adultos. Portanto, os treinadores na orientação das competições dos mais jovens deverão valorizar as tarefas a efectuar em detrimento dos resultados pois, o factor querer ganhar já está previamente interiorizado. Também temos de ter presente que as crianças e jovens, na sua idade evolutiva, enfrentam uma fase de grande delicadeza, onde os conhecimentos são poucos e difíceis e onde existem mais sombras projectadas do que concretas visões da realidade e por isso, o desporto para as crianças e jovens requerem métodos de ensino próprios e adaptados à sua realidade.
Em síntese, num período fundamental para as aprendizagens, aquisições e transformações de ordem motora, psicológica, intelectual e outras, a valorização das actividades ou tarefas a desenvolver marca de um modo irreversível o crescimento e desenvolvimento da criança e do jovem (Lima, 1990), obviamente sem descurar a participação estruturada e devidamente organizada nas competições desportivas.

Destaques:

“A competição deve ser entendida como um factor cultural que possa ser considerada como motor de progresso e desenvolvimento humano”

“Deve o desporto para as crianças e jovens incluir competições? Respondemos claramente que sim”

“A competição para as crianças e jovens é vista, por elas como um acto de afirmação de competência, de capacidade, e não como um acto de afirmação de superioridade sobre os adversários, tal como acontece muitas vezes no desporto para adultos”

 

 

 

 

 

 


 


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