DEZEMBRO 2012
CASPA
Dr. João Marques – Farmacêutico
joao.marques@farmaciadocanico.pt

São muitos, hoje em dia, os produtos comercialmente disponíveis para o eficaz controlo da caspa e, talvez também por este motivo, somos levados a menosprezar uma afecção da pele que atinge quase metade da população mundial adolescente e adulta. No entanto, esta dermatose de simples definição - podemos dizer que consiste na descamação excessiva do couro cabeludo - pode ser bastante incómoda, trazendo muitas vezes como sintomas associados o prurido (comichão) e a irritação do couro cabeludo e, se intensa, o constrangimento social e até psicológico da sua visibilidade.

Actualmente, é aceite que a caspa resulta de uma forma ligeira de dermatite seborreica em que o processo inflamatório se encontra ausente, mas está também provado o papel fundamental que a actividade microbiana de determinado género de fungos presentes normalmente no couro cabeludo (as leveduras Malassezia) desempenha no processo da sua formação. São, de facto, necessários ao aparecimento da caspa, três factores: a presença de sebo, secretado pelas glândulas sebáceas; as leveduras do género Malassezia, que metabolizam o sebo; e uma predisposição individual. É mais comum nos homens, entre os 20 e os 50 anos e no cabelo oleoso.

A caspa, de intensidade variável, consiste em pequenas placas de cor branca acinzentada ou amarelada, que se desprendem com facilidade e que são formadas por células mortas da camada exterior da pele, anormalmente agregadas umas às outras. Num ritmo normal, a renovação destas células, no couro cabeludo, leva cerca de 14 dias, enquanto uma situação de caspa pode acelerá-la até de dois a sete dias. Não provoca a queda de cabelo, mas pode agravar essa situação.

É comum distinguir dois tipos de caspa, de acordo com o tipo de pele do couro cabeludo: a caspa seca, que cai facilmente em escamas finas, e a caspa oleosa, em que as placas tendem a permanecer coladas à cabeça. Quando acompanhada de sinais de inflamação, como o eritema (vermelhidão) e o prurido, então, muito provavelmente, estamos perante um quadro de dermatite seborreica. 

A dermatite seborreica é uma afecção de natureza inflamatória, relacionada com predisposição genética e factores ambientais, que normalmente se estende a outras partes do corpo, levando ao aparecimento de lesões vermelhas e descamação da pele na zona das sobrancelhas, na face, em volta das asas do nariz, em torno das orelhas, no peito, etc.

Alguns factores podem potenciar ou agravar o aparecimento de caspa, dos quais se destacam: o desequilíbrio nutricional provocado por uma alimentação deficiente (consumo de alimentos de baixo valor nutritivo e de gorduras de má qualidade, por exemplo); a seborreia, ou hipersecreção das glândulas sebáceas; as alterações hormonais; o clima (tende a piorar no Outono e Inverno); o cansaço e o stress; a poluição e a sujidade; o uso de produtos de fraca qualidade dermatológica ou inadequados e o excesso de tratamentos capilares, como as permanentes e algumas colorações.

Assim, como medidas gerais para prevenir a caspa, recomendam-se:
- A lavagem regular com um champô suave, uma a duas vezes por semana (esta recomendação pode até ser suficiente para o controlo da caspa ligeira, ao remover as escamas e impedindo a formação de placas maiores);
- A utilização de água tépida, cerca dos 22ºC, já que a água excessivamente quente também pode potenciar a caspa;
- Enxaguar muito bem cabelo e couro cabeludo no final das lavagens;
- Não dormir com cabelos húmidos ou molhados;
- Hábitos de vida saudável, com uma alimentação variada e equilibrada, incluindo gorduras “boas”, como as de peixe e de fruta;
- O uso de produtos adequados e de provada qualidade dermatológica;
- O consumo de probióticos (como os lactobacilos), que reforçam a imunidade.

A caspa não tem uma “cura” ou solução definitiva, mas pode ser controlada eficazmente com o uso de produtos, champôs, que facilmente integram a rotina de higiene do paciente, com benefícios cosméticos. Estes produtos contêm activos com um dos três mecanismos de acção:
- Queratolíticos (Ácido Salicílico, Enxofre), que facilitam a remoção das placas de células mortas;
- Antimicóticos (Cetoconazole, Ciclopirox, Piritiona Zinco, Sulfureto de Selénio), que controlam a população de fungos responsáveis pela descamação excessiva;
- Antiproliferativos (Alcatrão Mineral ou Coaltar), que diminuem a alterada renovação celular do couro cabeludo.

Na sua farmácia, pode encontrar quer os tratamentos adequados com a necessária qualidade dermatológica, quer a orientação profissional para o seu caso específico.

A menos que refiram expressamente a adequação ao uso frequente, os champôs de tratamento devem ser usados duas vezes por semana, alternando com champôs suaves de qualidade dermatológica. Por vezes, pode ser necessário experimentar diferentes produtos com diferentes activos para encontrar o mais adequado a um caso específico ou, até, ser requerida uma rotação entre produtos para uma maior eficácia.

Quadros com evidência inflamatória podem ser melhorados com o uso de loções de aplicação local contendo corticosteróides. Estas situações, de dermatite seborreica, assim como quadros de maior intensidade, devem ser encaminhados para avaliação de um dermatologista. Também outros tipos alterados da descamação do couro cabeludo, causados quer por irritação do couro cabeludo, como no caso da excessiva exposição solar e de lavagens excessivas ou processos alérgicos a químicos presentes em cosméticos capilares e até em medicamentos tópicos, quer por doenças como o eczema e a psoríase, não deverão ser confundidos com a caspa e requerem tratamentos específicos.


 


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