Dra. Patrícia Caires – Psicóloga patricia.caires@homeinstead.com.pt Recorde-se do tempo em que era uma criança. Ou então, lembre-se talvez do tempo em que criou os seus próprios filhos. Uma das primeiras lições que aprendeu ou que transmitiu aos seus, é a competência da auto-preservação. E, conforme se lembra, essa lição começou com a educação e consciencialização. Os idosos não são crianças, nem devem ser tratados como tal. Mas o envelhecimento e a doença leva-os a encarar a segurança de outra forma. O papel que os cuidadores e familiares desempenham, estabelecendo práticas e procedimentos de segurança, ajudará os idosos a adaptar o seu estilo de vida e os seus lares às alterações provocadas pela doença. Para educar os idosos neste sentido, devemos pensar em segurança durante todo o dia, todos os dias. E esta é uma via de dois sentidos, que afecta não só quem cuida como também os mais velhos. Tal como tudo, é preciso prática. Mas a prática conduz ao hábito. Uma vez integrada na rotina, a segurança torna-se uma segunda natureza para todos. À medida que envelhecemos os nossos sentidos, os nossos reflexos e a nossa coordenação diminuem. Algumas doenças e muitos medicamentos que tomamos pioram o nosso equilíbrio. Por isso, manter-se seguro em casa pode ser um verdadeiro desafio. A maioria dos acidentes com idosos acontecem nas suas próprias casas. Estes acidentes podem ser prevenidos, identificando os perigos em casa e corrigindo-os antes que causem problemas. Ao identificarmos os fatores e circunstâncias domésticas que constituem uma ameaça, estaremos a contribuir para que os mais velhos se sintam seguros e protegidos, e façam as coisas normais do seu quotidiano como sempre fizeram. O que pode fazer em sua casa para prevenir acidentes 1. ENTRADA - Entrada exterior da casa segura e bem iluminada; - Degraus e corrimão seguros; - Visitas bem visíveis antes de entrarem; - Fechadura em bom estado de funcionamento; - Campainha da porta a funcionar e audível. 2. ÁREAS COMUNS - Acessos livres de objectos espalhados pelo chão e de móveis que possam causar obstáculos; - Janelas que possam ser abertas para dentro ou de correr; - Tapetes ou carpetes anti-derrapantes; - Iluminação suficiente e em bom estado de funcionamento; - Fios eléctricos ou de telefone devidamente colocados; - Lanterna e material de emergência em lugar de fácil acesso. 3. COZINHA - Os objetos de uso frequente, como pratos, copos e talheres, devem ficar em locais de fácil acesso, guardados em armários mais baixos; - Um carrinho pode ajudar a mover utensílios e vasilhas da cozinha para outros ambientes, sem que o idoso precise fazer grande esforço físico; - Torneiras, fogão, forno, frigorífico, e restantes electrodomésticos a funcionar em perfeitas condições. 4. QUARTO - A cama deve ter altura entre 45 e 50 cm (contando o colchão), pois a pessoa deve conseguir apoiar os dois pés no chão ao sentar na cama, para evitar tonturas; - A mesa de cabeceira pode ser um bom instrumento de ajuda na hora de se levantar, portanto, deve estar fixada no chão ou na parede, evitando que se desloque, caso o idoso precise usá-la como apoio; - Caso a habitação tenha mais de um piso, o quarto deverá ficar no rés do chão e o mais próximo possível da casa de banho; - Acesso à cama e ao roupeiro sem obstáculos; - Telefone junto à cama; - Acesso à luz a partir da cama. 5. CASA DE BANHO - Barras de segurança, para apoio na hora do banho; - Tapete antiderrapante no interior e à saída do chuveiro; - Devem-se evitar prateleiras de vidro e superfícies cortantes dentro dos banheiros; - Se necessário pôr assento de sanita mais alto, e uma cadeira própria para o chuveiro; 6. ESCADAS - Corrimão seguro ao longo das escadas, com uma altura média de 80 cm; - Demarque claramente com cores diferentes, o primeiro e último degrau; - Nunca coloque tapetes ao cimo das escadas. 7. SALA - Os sofás e poltronas devem ter altura média de 50 cm e profundidade entre 70 e 80 cm, o que facilita na hora de levantar. 8. ÁREA EXTERNA - No jardim ou área circundante da casa, mantenha o piso regular. O envelhecimento é um processo natural, mas deve ser tratado com cuidado e carinho. É possível sempre melhorar a qualidade de vida e com um pouco de atenção manter aqueles que amamos saudáveis, com a sua autonomia preservada e, principalmente, seguros. |