SETEMBRO 2012
INTOXICAçõES ALIMENTARES
Dr. João Cerqueira – Farmacêutico
joao.cerqueira@farmaciadocanico.pt

A alimentação é o processo pelo qual o homem assimila nutrientes essenciais às suas funções vitais. É também um elemento da cultura humana e tem elevada relevância em muitas situações de carácter social. Tem, por conseguinte, um impacto no nosso quotidiano que não pode ser menosprezado. 

O impacto das doenças agudas transmitidas pelos alimentos, conhecidas como intoxicações alimentares, tem um elevado custo social e económico, nomeadamente o absentismo escolar e laboral e os custos relacionados com o tratamento.

As doenças transmitidas por alimentos afectam países desenvolvidos e países em vias de desenvolvimento: todos os dias, pessoas ficam doentes por causa de algo que comeram. Estas doenças afectam severamente bebés, crianças, idosos e pessoas com outras doenças. Tornam-se um problema para os sistemas de saúde. Na sua maioria, as doenças de origem alimentar podem ser prevenidas com boas práticas de manipulação de alimentos.

Os alimentos podem transmitir doenças devido à presença de microrganismos patogénicos (bactérias, vírus, leveduras, bolores e parasitas) ou substâncias tóxicas (toxinas naturais, metais e poluentes ambientais, químicos usados no tratamento de animais, pesticidas usados inadequadamente ou aditivos alimentares usados inadequadamente). 

Os microrganismos estão em todo o lado, nas pessoas (boca, nariz, unhas, pele, intestinos), nos animais domésticos, no solo, insectos, na água… Os microrganismos “viajam” através dos seres vivos e dos objectos num processo designado por contaminação. Qualquer portador, animado ou inanimado, de microrganismos, pode ser fonte de contaminação.

Os microrganismos, para se multiplicarem, necessitam de alimento, água, tempo e uma temperatura adequada. Há muitos alimentos que apresentam condições óptimas para o crescimento de microrganismos, e logo, uma maior possibilidade de transmitirem doenças caso não sejam convenientemente manipulados.

Como sintomas mais frequentes das doenças de origem alimentar temos os vómitos, a diarreia e as dores de estômago. Os sintomas e a sua intensidade dependem da causa da doença. Estes sintomas tanto podem surgir muito rapidamente após a ingestão do alimento, como podem demorar dias ou semanas a surgir. O mais frequente é demorarem de 24 a 72 horas após a ingestão do alimento contaminado. As doenças alimentares podem originar problemas de saúde a longo prazo.

O doente deve recorrer à consulta médica quando tiver transtornos intestinais muito frequentes, diarreia líquida ou sanguinolenta ou quando se prolongar além de três dias. Como já foi referido, crianças, doentes, grávidas e idosos podem sofrer consequências mais nefastas do que a restante população.

A pessoa com doença de origem alimentar não deve preparar alimentos. Caso tenha de o fazer, deve lavar cuidadosamente as mãos antes de começar e repetir a operação de lavagem com frequência, durante a preparação dos alimentos. Os cuidados adicionais devem ser mantidos pela pessoa doente até 48 horas após os sintomas da doença desaparecerem.

Estes cuidados são importantes porque algumas doenças de origem alimentar são transmissíveis a outras pessoas. As pessoas que têm a seu cuidado, doentes com este tipo de patologia, podem também contrair doenças de origem alimentar. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) defende um conjunto de medidas, de modo a prevenir as doenças de origem alimentar: 
1- Manter a higiene – lavar as mãos antes de iniciar a preparação de alimentos, repetindo o processo, com frequência, durante a preparação dos mesmos. As mãos transportam microrganismos de uma parte para outra, por isso é importante lavar as mãos, usando água corrente, esfregando uma na outra com sabão durante cerca de 20 segundos, enxaguá-las em água corrente e secá-las em toalha limpa e seca.
2- Separe os alimentos crus dos alimentos cozinhados – alimentos crus, nomeadamente a carne e o peixe, podem conter microrganismos perigosos que podem ser transmitidos para outros alimentos previamente cozinhados, levando à introdução de bactérias perigosas em alimentos já seguros.
3- Cozinhe bem os alimentos – uma cozedura em condições adequadas consegue matar a grande maioria de microrganismos patogênicos. Cozinhar os alimentos a uma temperatura superior a 70ºC garante um consumo mais seguro, diminuindo significativamente os riscos para a saúde.
4- Mantenha os alimentos a temperaturas seguras – Os microrganismos podem multiplicar-se muito rapidamente caso os alimentos não se encontrem a temperaturas seguras. Se a temperatura dos alimentos for inferior a 5ºC ou superior a 60ºC, a multiplicação dos microrganismos pode ser evitada ou retardada. Por esta razão, não se devem deixar os alimentos cozinhados mais de duas horas à temperatura ambiente.
5- Use água e matérias-primas seguras – Os alimentos utilizados na confecção de refeições, incluindo a água, podem eventualmente estar contaminados com microrganismos ou produtos químicos perigosos. A boa escolha das matérias-primas e o cumprimento de práticas simples, como a lavagem e o descascar, podem reduzir os riscos. A água potável é necessária na lavagem de frutos e legumes, para preparar bebidas ou fazer gelo, para adicionar a alimentos e para lavar as mãos ou utensílios de cozinha.

A maioria dos casos de intoxicação alimentar tem uma evolução positiva no espaço de dias, sem ser necessário consultar o médico. O aconselhamento médico deve ser procurado no caso de persistência de sintomas ou se fezes contiverem sangue ou muco, ou no caso de gravidez concomitante. A consulta médica também deve ser procurada no caso de bebés e idosos.

O período de recuperação depende de vários factores, nomeadamente da condição física do indivíduo, idade e da existência de outros problemas de saúde. É importante a ingestão de água ou soluções de electrólitos, disponíveis em farmácia em diversas apresentações, regularmente. Um nível de hidratação desadequado condiciona a rapidez de recuperação do doente.

É importante ter especial cuidado com a higiene pessoal, de modo a evitar a transmissão da doença a outras pessoas.


 


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