Enf.ª Márcia Sousa, Enf.ª Regina Freitas e Enf.ª Vera Pestana www.cuidarcrianca.com
Quantos pais não sonham que os seus filhos venham a ser adultos de sucesso e que possam brilhar? Que façam a diferença entre muitos… Para gerar filhos saudáveis psiquicamente, deve-se ter por base a afetividade, a assertividade e investir na sensibilidade, bem como no diálogo, na flexibilidade e na disciplina. A disciplina torna a criança resiliente face às adversidades da vida.
O nosso objetivo é, acima de tudo, falar da prática, alertando para alguns erros que deverão ser evitados e algumas sugestões no processo educativo da criança:
Erros mais comuns • Humilhar como forma de impor disciplina /catalogar as crianças; • Fazer comparações desajustadas (por vezes fazem-se comparações do tipo “porque não és tão bonzinho como o teu irmão?”); • Transmitir frequentemente a ideia de que falta sempre algo /falta do elogio justo; • Reforçar os maus comportamentos e não valorizar os bons; • Criticar mordazmente quando erram, em vez de os ajudar a encontrar caminhos alternativos; • Depositar a culpa nas crianças como forma de as controlar (ex: “ meu Deus, deixas-me exausta; sinto-me tão doente que só me apetece desaparecer”); • Deixar-se manipular /excesso de permissividade; • Omitir afeto /atenção; • Superproteção; • Oferecer aos filhos um modelo pobre de pai/mãe; • Ausência de escuta ativa no diálogo com os filhos (não permitindo que expressem os seus sentimentos e que resolvam as suas pequenas dificuldades).
Sugestões no processo educativo - Reflita sobre o seu próprio passado e sobre a sua atual atitude. Conhecer as suas limitações, pode ajudá-lo a educar os seus filhos/educandos;
- Arranje tempo e divirta-se com os seus filhos. Mais que a quantidade, importa a qualidade do tempo com que verdadeiramente se está. Não tenha medo de pegar numa bola e brincar com eles, mesmo que isso implique sujar a roupa;
- Aproveite as atividades diárias (comer, banho…), como momentos imperdíveis;
- Dê-lhe pequenas responsabilidades desde cedo;
- Agradeça quando colabora, mesmo sendo pequenas ajudas;
- Não receie mostrar as suas fraquezas. Perceberão aos poucos que não bastará uma pedra no caminho para fazê-los recuar e baixar armas;
- Imponha regras e limites e seja firme no seu cumprimento, mas antes, explique exatamente o que pretende, de acordo com o seu desenvolvimento mental. “Tem juízo” e “quero que te portes bem” não é nada. Pode substituir por frases diretas como; “quero que me dês a mão e não grites”.
- O castigo, quando necessário, deverá ter um lado afetivo (“vou ter de te castigar pois não foste capaz de te controlar, mas a mãe gosta muito de ti”). O tempo de castigo deverá ser o dobro da idade (Oom);
- Evite castigos demasiados punitivos para um pequeno mau comportamento e vice-versa. A criança percebe melhor se houver coerência nos castigos;
- Em público, quando necessário, o castigo deve ser aplicado no local e não quando chegar a casa. Esta atitude dos pais não invalida uma conversa e esta sim, pode ter lugar mais tarde quando o ambiente estiver calmo e descontraído;
- Ignorar um comportamento desadequado é uma forma muito eficaz de levar ao seu desaparecimento. Escolha apenas as batalhas que valham a pena;
- Depois do castigo, aceite as desculpas imediatas e não deixe ressentimentos;
- Demonstre carinho com palavras e atos. Um sorriso na hora certa poderá ser tudo;
- Tenha equilíbrio no autoritarismo e na permissividade. Depois de um dia com muitos “nãos”, guarde um sim para o fim do dia;
- Transmita que qualquer pessoa erra; o importante é saber reconhecer o erro e evitá-lo;
- Não deve dar demasiada importância a birras. Deverá fazê-los perceber que há uma frente unida entre os pais e que não mudarão de ideias. Evite a desautorização do casal em frente da criança;
- Leve-os (educando-os) a pensar em vez de decidir por ele;
- Afaste-se quando sentir que está a perder o controlo. Certamente quando volta, terá uma atitude muito mais coerente;
- Nunca bata por sistema, nunca prive a criança de necessidades humanas básicas, de afeto e nunca o ameace do abandono dos pais;
- O sentido de humor é uma ferramenta muito importante no processo educativo, desde que haja coerência;
- Mostre as consequências lógicas (desagradáveis). Por vezes é uma estratégia muito eficaz para terminar comportamentos indesejados;
- Adie a resposta quando não estiver certo da melhor opção a tomar;
- Sempre que se enganar, pode sempre mudar de opinião explicando o porquê à criança;
- Um silêncio ou um olhar são por vezes tudo o que a criança precisa para terminar um mau comportamento;
- Mostre-lhes o quanto gosta deles e não parta do princípio que eles já o sabem;
- Arranje um momento especial todas as semanas e desfrute esse momento!
- O ambiente que se vive em casa é o fator mais importante para uma disciplina eficaz;
- A escola e a família devem ser uma frente unida na educação da criança.
- Lembre-se que a assertividade não é inata - aprende-se. E está-se sempre a tempo…!
Bibliografia Oom, Paulo (2010) Não te volto a dizer! Como educar com amor e disciplina Brazelton, T.B, Cramer,B(2005) A relação mais precoce Brazelton,T. B. (2005)A criança e a disciplina Biddulph, S(2003) O segredo das crianças felizes Greenspan,S (2002)A criança e o seu mundo |