Enf.ª Sílvia Sofia Henriques Oliveira - Especialista de Saúde Materna e Obstetrícia silvia-oliveira@sapo.pt Queridos pais… Muitas são as dúvidas e dificuldades que surgem durante o processo de amamentação, porém se estas forem esclarecidas, a amamentação volta a tornar-se num grande prazer para si e para o seu filho. As sugestões de actuação fornecidas pelos profissionais de saúde, com formação especializada em aleitamento materno, têm que ser validadas por si e necessitam de ser adaptadas à sua realidade e às características do vosso filho. Qual a melhor posição para dar de mamar ao seu bebé? A forma como o bebé pega na mama é um dos grandes segredos para o sucesso da amamentação. Na maioria das vezes, a mãe e a criança encontram de forma intuitiva a posição mais cómoda. Após o nascimento, o contacto pele a pele entre a mãe e o recém-nascido é crucial. Ao darmos tempo ao bebé, é delicioso constatar que este se vai arrastando aos poucos até à mama e começa progressivamente a lamber a mama e mamilo, e mesmo sem ajuda começa a mamar. O bebé pode ser amamentado em diversas posições, como ilustram as imagens abaixo, porém se encontrar outras que se adaptem melhor a si, não hesite em utilizá-las. Os princípios a manter são: o alinhamento do corpo do bebé (os ombros do bebé estarem apoiados e não a cabeça), o conforto da mãe e do bebé. Verifique se: - O nariz e o queixo do bebé ficam junto à mama; - A cabeça do bebé está alinhada com o resto do corpo; - Visualiza pouco a parte inferior da aréola; - A boca do bebé está bem aberta (se o lábio inferior não estiver virado para fora, puxe, com o dedo indicador, o queixo do bebé para baixo, para a boca ficar mais aberta); - A deglutição é visível e audível. “O meu leite parece fraco?” Uma das maiores premissas em aleitamento materno é: não existem leites fracos. O leite no início da mamada pode ter um aspecto mais aguado, por ser mais rico em lactose e menos rico em gordura, mas ao longo da mamada o leite altera o seu aspecto, ficando mais espesso, por ser mais rico em gordura. Tanto o leite do início da mamada como o leite do final da mamada são importantes para o bebé. Cada gotinha é preciosa. O que fazer quando ocorre ingurgitamento mamário? Entre as 48 e as 72 horas após o parto, geralmente ocorre a descida do leite. As mamas ficam tensas, duras, brilhantes, dolorosas e pode ocorrer febre durante 24horas. O bebé, por vezes, tem dificuldade em pegar na mama. Quando estes sintomas surgirem, em primeiro lugar é importante manter a calma, pois é um fenómeno normal e transitório. Sugestões de actuação: - Antes de amamentar, estimular o reflexo de saída do leite, isto é: sempre que possível colocar o bebé junto da mãe (contacto com a pele), pensar no bebé, pedir para que lhe realizem uma massagem no pescoço e nas costas. - Tomar um duche e com o chuveiro direccionado para a mama, realizar massagem em ambas as mamas. Se não for oportuno tomar duche, pode aplicar sobre a mama uma toalha turca molhada em água morna ou sacos de gel mornos durante meia hora ou mesmo mergulhar a mama afectada numa taça com água tépida e posteriormente realizar a massagem. Pode ser aplicado um pouco de creme para facilitar o deslizamento dos dedos sobre a mama. A massagem deve ser feita em pequenos círculos à volta de toda a mama, sem esquecer a zona axilar (debaixo do braço). Seguidamente, com os dedos em forma de pente, pentear a mama em direcção ao mamilo, com movimentos suaves, de forma a desbloquear os canais de leite e a desfazer eventuais nódulos. - Amamentar em horário livre. Se o bebé, após a massagem, tiver dificuldade em pegar na mama, convém retirar um pouco de leite manualmente. - Extrair leite após a mamada, só se verificar que as mamas continuam muito tensas, caso contrário não é necessário. O tempo que é aconselhado para a extracção é relativo, ou seja, deve fazê-lo até sentir conforto. Isto porque quanto mais leite for retirado, maior será a sua produção e nesta fase não é o pretendido. Para extrair leite materno: - Após a massagem da mama, pressionar com o dedo polegar e indicador contra a grelha costal e depois fazer expressão em direcção ao mamilo, mas sem deslizar os dedos. Pode acontecer estar a realizar a extracção e não sair leite: isto ocorre quando não estamos a fazer a pressão sobre os canais de leite, daí ser necessário fazer rotação com os dedos em redor da aréola. Depois da mamada, é aconselhável aplicar frio sobre a mama, através da colocação dos sacos de gel provenientes do frigorífico ou sacos de milho ou de ervilhas congeladas, envoltos num pano, durante 10/15 minutos (de forma descontínua), de modo a ajudar a reduzir o edema (inchaço). Após as 48 a 72 horas após o parto, a produção de leite regulariza, sendo a quantidade de leite relativa à estimulação que é realizada. Mamilos fissurados, mastites, dor, produção de leite insuficiente, bebés que recusam a mama, descoordenação na frequência e duração das mamadas, bebés que adormecem na mama, o uso inapropriado de acessórios de apoio à amamentação, são outras dificuldades frequentes que podem surgir durante este processo. Deste modo, não hesitem em procurar apoio especializado, de modo a poderem dar continuidade ao gratificante projecto de amamentar o vosso filho. Para além de outros apoios, existe o site www.sosamamentacao.org, onde podem encontrar ajuda e apoio prático de um voluntário especializado na área da amamentação todos os dias durante as 24 horas. E assim despeço-me… com a certeza que farão um excelente trabalho na vossa missão de pais… Até breve! |