DEZEMBRO 2011
VíRUS PAPILOMA HUMANO
Dra. Gisele Amorim – Farmacêutica
gisele.amorim@farmaciadocanico.pt

O Vírus Papiloma Humano (HPV) é um vírus da família papilomaviridae, que infecta células epiteliais e tem a capacidade de causar lesões na pele ou mucosas. Existem mais de 100 estirpes virais descritas até o momento, sendo que a maioria dos subtipos está associada a lesões benignas, tais como verrugas, mas certos subtipos são frequentemente encontrados em determinadas neoplasias, como o cancro do colo do útero.

A transmissão ocorre através do contacto com a pele ou relações sexuais. É a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. O tipo e a gravidade dos sintomas dependem da estirpe do HPV e do local da infecção. A manifestação mais característica e frequente é a formação de verrugas, que são lesões hiperproliferativas benignas. São geralmente causadas por subtipos cutâneos como o HPV 1 e HPV 2 e podem ocorrer em locais como as mãos, os pés e a face. 

A forma de transmissão do vírus inclui o contacto casual com zonas infectadas, por exemplo: através de um corte ou ao andar descalço em áreas públicas. As infecções por HPV que causam verrugas genitais ou condilomas são muito contagiosas e geralmente são contraídas através de actividade sexual com uma pessoa infectada. Isso inclui beijar ou tocar a pele das áreas contaminadas, por exemplo: escroto, vagina, vulva, ânus e ter relações sexuais. Existem mais de 30 variantes de HPV que infectam a região genital e podem ser classificados em dois grupos: os de baixo risco oncológico (subtipos 6 e 11 principalmente) e os de alto risco oncológico (subtipos 16 e 18, principalmente). 

A maior parte das mulheres infectadas pelo HPV não apresenta sintomas clínicos e, em geral, a infecção regride espontaneamente sem nenhum tipo de tratamento. No entanto, a infecção por alguns tipos de HPV, considerados de alto risco oncológico, está relacionada à transformação neoplásica de células epiteliais, sendo o principal factor de risco para o desenvolvimento do cancro do colo uterino. Estas estirpes de HPV podem ocasionar lesões que, se não tratadas, têm potencial para progressão para o cancro. Num estudo recente, observou-se que o risco de desenvolver cancro do colo uterino em mulheres com infecção por HPV é 19 vezes maior do que em mulheres não infectadas.

Outros locais como vulva, ânus e pénis podem ter casos de cancro contendo HPV de alto risco, porém, em menor proporção. Em relação ao pénis, encontrou-se risco aumentado para o desenvolvimento de cancro na presença de outros factores: fimose, processo inflamatório crónico (balanopostite e liquen esclero-atrófico) e tratamento com corticóides de alta potência. 

A prevalência da infecção pelo HPV na população masculina é significativa, no entanto, a maior parte dos homens infectados não apresenta sintomas clínicos. Quando presentes, as lesões provocadas pelo HPV podem apresentar diferentes aspectos e localizam-se principalmente no pénis. Estima-se que mais de 70% de parceiros sexuais de mulheres com infecção genital por HPV e/ou neoplasia intra-epitelial são portadores desse vírus.

A transformação em células malignas é um processo lento e ocorre em pessoas que têm uma infecção persistente durante muitos anos. Contudo, esta infecção pode não estar associada a condilomas, o que justifica a realização de testes de rastreio.

O diagnóstico pode ser feito através da história clínica, exame físico e exames complementares. O rastreio da sequela mais importante (o cancro do colo do útero) é feito por rotina através do Papanicolau, que embora não detecte a presença do vírus, permite reconhecer as alterações que este causa nas células.

A colposcopia e peniscopia são técnicas que permitem a pesquisa de condilomas de reduzidas dimensões nas mucosas, o que constitui um sinal claro de infecção por HPV.

Quanto ao tratamento, em regra é muito difícil erradicar por completo a infecção, pelo que na maioria dos casos a terapia visa reduzir ou eliminar as lesões causadas pelo HPV. Como a infecção subjacente às lesões se mantém, é frequente a ocorrência de recidivas, devendo manter-se o acompanhamento médico.

A maioria dos métodos tem bons resultados, não havendo ainda dados que apontem para um procedimento preferencial, nem informação sobre a eficácia comparativa entre tratamentos combinados e monoterapia, pelo que a abordagem terapêutica é deixada ao critério do médico e do paciente.
As possíveis formas de tratamentos são as seguintes:
  • Agentes tópicos – Aplicados sobre a lesão, promovem a dissolução da queratina e/ou morte das células que constituem a lesão. Por exemplo: podofilina, 5-fluorouracil, ácido tricloroacético.
  • Imunomoduladores – Substâncias que estimulam o sistema imunitário no combate à infecção. Por exemplo: imiquimod, retinóides, interferão.
  • Procedimentos cirúrgicos – Remoção das lesões através de diversos processos, como, por exemplo, excisão com bisturi, cirurgia de alta frequência, laserterapia e crioterapia.

Em Portugal, encontram-se disponíveis vacinas (Gardasil, Cevarix) contra algumas estirpes de HPV implicadas na génese do cancro do colo do útero e dos condilomas, sendo estas capazes de evitar a infecção. É de notar, contudo, que não são eficazes caso a doença tenha sido adquirida antes da administração da vacina, e que apenas protegem contra a infecção por determinadas estirpes e não de todas, pelo que a realização de rastreios regulares continua a ser indispensável. Indivíduos infectados com um tipo de HPV podem ainda beneficiar do efeito protector da vacina contra a infecção pelos outros subtipos que esta cobre.


 


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