Farmácia Caniço

No contraste de um dia tórrido, o gelado é, merecidamente, ao iniciar da noite, uma sobremesa que arrefece a mente e o corpo. Infelizmente, não “mata” a sede, pois o seu elevado teor de açúcares é rapidamente denunciado pela vontade de beber um belo copo de água. De acordo com a tabela de composição dos alimentos portuguesa do Instituto Ricardo Jorge, o gelado de leite terá por 100g, o total de 198 Kcal, 10% em gordura, 23% açúcares e 4% proteínas. O resto é composto maioritariamente por ar e água, caso contrário seria duro, pesado e difícil de comer.

A quantidade de açúcar nos gelados é superior ao desejável, pelo facto das nossas papilas gustativas terem dificuldade em percepcionar o sabor doce quando os alimentos são refrigerados. Se quiser testar esta quantidade de açúcar, deixe derreter algum gelado e mais tarde prove-o: verificará que o sabor adocicado é muito superior ao esperado inicialmente.

O mesmo acontece com os conhecidos refrigerantes, que quando servidos à temperatura ambiente são detestados pelo consumidor e perdem, efectivamente, o seu efeito temporário de arrefecimento e em contrapartida aumentam a sensação de sede.

Quando falamos de gelado de leite ou natas, o segundo ingrediente que deturpa o valor energético do gelado é, naturalmente, a gordura. Sendo uma gordura de origem animal, tem o problema acrescido ao valor energético, da tendência generalizada da população ingerir alimentos ricos em gorduras de origem animal, o que aumenta por exemplo o risco de doença cardiovascular. Quanto mais viscoso e cremoso, maior o teor em gordura.

A utilização de iogurte em substituição de natas melhora substancialmente o valor nutricional do gelado, assim como a mistura de frutos oleaginosos (nozes, amêndoa, amendoim, etc.) e frutos secos ou concentrados de frutas naturais.

A adição do açúcar no gelado e gordura utilizada na preparação dos gelados de leite ou natas torna o produto final caloricamente difícil de enquadrar nas refeições habituais. Este excesso energético deverá ser compensado com um aumento do exercício físico, em especial, actividades de carácter aeróbio (marcha, corrida ligeira, natação, bicicleta) com duração mínima de uma hora.

A escolha de alimentos com densidades energéticas elevadas no resto da semana merece alguma atenção para não desvirtuar excessivamente o equilíbrio nutricional e energético que favoreça o ganho de gordura corporal. Com peso conta e medida, a frequência semanal e correcta escolha dos restantes alimentos ao longo da semana, ajudam a saber tirar partido desta sobremesa.

Em alternativa, poderá criar os seus próprios gelados na liquidificadora com sumo de fruta fresca, sem rejeitar a sua polpa e mantendo alguns pedaços desta por triturar. Se preferir, bata a fruta com iogurte ou leite e uma quantidade de açúcar mascavado q.b., junte frutos secos e congele em pequenas porções. Servir após um dia tórrido ao iniciar da noite como sobremesa.

http://www.nutricardo.com