JULHO 2011
E.COLI
Dra. Ana Luísa Ramos - Farmacêutica
ana.ramos@farmaciadocanico.pt

E.coli é a abreviatura da Escherichia coli, um bacilo anaeróbio facultativo, ou seja, que pode habitar ambientes com ou sem oxigénio. Pode ser encontrado habitualmente no intestino humano e na maioria dos intestinos dos animais, fazendo parte da flora intestinal normal. Pertence a uma grande família de bactérias gram-negativas chamada Enterobacteriaceae, que inclui numerosas bactérias patogénicas como Salmonella, Shigella e Versinia.

A maioria das estirpes é inofensiva, no entanto, existem estirpes de E.coli que são patogénicas, ou seja, são capazes de provocar doenças como infecções urinárias, gastroenterites, pneumonias, septicemias, etc. As estirpes que existem no intestino são reconhecidas e controladas pelo sistema imunitário.

As intoxicações alimentares são quase sempre devido a bactérias de estirpes radicalmente diferentes daquelas que o sistema imunitário está habituado a reconhecer. Geralmente, as estirpes patogénicas produzem toxinas que causam dores abdominais agudas e diarreia. É o caso da estirpe detectada na Alemanha, E.coli produtora da toxina Shiga (STEC O104:H4), que é rara e bastante patogénica.

Este tipo de estirpe produz toxinas que podem causar desde uma simples diarreia até uma colite hemorrágica, que pode evoluir para um síndrome hemolítico urémico (HUS), caracterizado por uma trombocitopénia (diminuição do número de plaquetas no sangue), anemia hemolítica (anemia devido à hemólise, ou seja, destruição dos glóbulos vermelhos), e insuficiência renal aguda, que requer cuidados intensivos, sendo esta situação muitas vezes fatal. Por isso, esta bactéria é também chamada de E.coli enterohemorrágica (EHEC).

A presença da E.coli na água ou nos alimentos é indicativa de poluição fecal. Uma contaminação por E.coli ocorre no consumo de alimentos contaminados, como a carne bovina mal cozinhada, ovos, leite não pasteurizado, vegetais crus cultivados com água contaminada, vegetais e fruta lavados com água contaminada e o consumo de água contaminada. Uma higiene pobre das mãos, sobretudo após ida à casa-de-banho, pode também contribuir para contaminação. A transmissão também pode ocorrer pessoa a pessoa.

Numa infecção por E.coli, os sintomas ocorrem passados três a oito dias, com cólicas abdominais, diarreia com sangue, bem como náuseas e vómitos. Na maioria dos casos, esta situação é autolimitada, resolvendo-se por si mesma sem tratamento, com uma recuperação passados cinco a 10 dias após os primeiros sintomas. No caso particular da STEC, pode evoluir também para um síndrome hemolítico urémico (HUS), bastante crítico para um individuo com o sistema imunitário fragilizado.

A Comissão Europeia já levantou o alerta sobre os pepinos, tomate e alface, após a Alemanha ter reconhecido que estes não são a causa do surto recente com origem naquele país. As mais recentes pesquisas indicam que a contaminação teve origem em grãos germinados, tendo vindo a verificar-se uma diminuição do número de casos associados a este surto.

No entanto, as autoridades competentes continuam a investigar e analisar se existem mais sementes contaminadas presentes noutras explorações agrícolas que possam dar origem a grãos germinados contaminados. Assim, o instituto alemão Robert Koch aconselha a não comer grãos germinados crus (como por exemplo rebentos de soja), até que esta potencial fonte de contaminação esteja completamente investigada.

A melhor maneira de evitar uma intoxicação alimentar é preparar os alimentos de uma forma segura, ou seja, cozinhar bem a carne e os vegetais, lavar bem a fruta e os vegetais. Manter a carne crua separada dos restantes alimentos, lavar com água quente e sabão as superfícies utilizadas e nunca servir a carne no mesmo prato onde esteve antes de ser cozinhada. Lavar as mãos antes e após a preparação dos alimentos é a melhor forma de prevenção.


 


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