JUNHO 2011
DISTúRBIOS ALIMENTARES: UMA REALIDADE… POR VEZES ESCONDIDA
Dr. Bruno Sousa - Nutricionista
bruno.sousa@mail.com

As perturbações alimentares reflectem-se habitualmente num consumo inadequado de alimentos, que vai repercutir-se inevitavelmente na saúde física, contudo há que salientar a sua vertente psicológica. À primeira observação não existem grandes perturbações de pensamento, “apenas” uma fixação e obsessão no objectivo de emagrecer. Porém, é esta interpretação minimalista que pode levar a que sejam consideradas com complacência, subestimando a sua gravidade.

Estas doenças do comportamento alimentar, são nos dias de hoje cada vez mais abordadas e explicadas, contudo continuam a surgir frequentemente extremos na forma como são encaradas, ora situações negligenciadas, sem a noção do seu grave impacto na saúde individual e da população, ora situações de preocupação extrema, por parte de familiares/amigos, o que por vezes prejudica o tratamento.

Enfim, devido à realidade actual, com uma grande valorização da imagem corporal e com as grandes alterações nos hábitos de vida, inclusive em termos alimentares, estas doenças são situações que ocorrem com frequência e que por isso, devemos estar atentos para alguns sinais que, por vezes, já indiciam alguma gravidade. É verdade também, que apesar de estarmos despertos e atentos, existem muitas situações que não são detectadas, dadas as estratégias que são habilmente utilizadas pelos doentes.

A anorexia nervosa, que na maioria dos casos afecta o sexo feminino e em idades mais jovens, é considerada quando há uma recusa em manter o peso corporal igual ou acima do normal para a idade e para a estatura. Os sinais e sintomas, muitas vezes mascarados com estratégias tão imaginativas quanto possível, são perda de peso, ingestão cada vez menor de alimentos, amenorreia (ausência de menstruação), obstipação (prisão de ventre), intolerância ao frio, dores de cabeça, tonturas, irritabilidade frequente, entre outros.

Outro dos distúrbios alimentares, a bulimia, é também mais prevalente no sexo feminino, e nestes casos surgem episódios de voracidade alimentar compulsiva, com uma ingestão exagerada de alimentos num curto período de tempo, seguidos de manobras compensatórias inadequadas para impedir o aumento de peso, como vómitos, toma de laxantes, diuréticos, jejum ou exercício físico excessivo.

É muito importante a identificação e o diagnóstico destas perturbações alimentares, o mais precocemente possível, uma vez que acarretam consequências graves como complicações cardiovasculares, gastrointestinais, renais, neurológicas, ósseas e atraso de crescimento.

Por outro lado, devido ao facto de assistir-se a um proliferar de hábitos alimentares hipercalóricos associados a grandes erros alimentares, que coabitam com elevados níveis de sedentarismo, têm-se criado as condições para o aumento de um distúrbio alimentar em particular, a obesidade.

A obesidade é, para a Organização Mundial de Saúde, a epidemia do século XXI! É uma doença crónica em que há uma acumulação de gordura em excesso, prejudicial para a boa saúde e bem-estar do ser humano. Não é simplesmente um problema estético!

Esta é, actualmente, na civilização ocidental, a doença do comportamento alimentar mais preocupante, não só devido à proporção da população que já a apresenta, mas também pelo seu impacto massivo na mortalidade, na morbilidade e na qualidade de vida. Nos dias de hoje, o excesso de peso e a obesidade poderão ser responsabilizáveis por uma grande percentagem das doenças coronárias e de novos casos de diabetes tipo 2! Há inevitavelmente um risco elevado de hipertensão, doenças metabólicas, diversos tipos de cancro, entre outros. Enfim, uma doença a EVITAR!

E quando se fala de obesidade, não se pode descurar o galopante número de crianças que apresentam excesso de peso desde tenra idade. Aqui, há que alertar toda a população e os pais em particular para esta grave situação! Encontramos frequentemente crianças com uma obesidade já instalada e em que este problema não é reconhecido nem valorizado pelos seus pais, o que leva a situação de saúde a agravar-se. Não se pode negligenciar a obesidade infantil!

O tratamento de todas as perturbações alimentares descritas deve iniciar-se o quanto antes e passa por uma vertente psicológica, com acompanhamento nessa área e pela componente física, com uma reeducação alimentar. É imprescindível uma adopção de estilos de vida equilibrados e todo este acompanhamento deve ser realizado por uma equipa multidisciplinar e pode envolver algum tempo.

Assim, é fundamental estarmos todos despertos para a importância que a alimentação tem na nossa saúde e a necessidade de adoptar estilos de vida considerados saudáveis e assim evitar uma série de complicações de saúde!


 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal