JUNHO 2011
VITAMINA D
Dra. Sónia Gonçalves - Farmacêutica
sonia.goncalves@farmaciadocanico.pt

A Vitamina D é um micro-nutriente solúvel em gordura com características de hormona esteróide. Esta actua sobre os ossos, intestinos, sistemas imune e cardiovascular, pâncreas, músculos, cérebro e sobre o controlo dos ciclos de renovação e crescimento celular. As suas funções primordiais são a manutenção de concentrações sanguíneas normais de cálcio e fósforo e a manutenção dos ossos saudáveis.

Existem duas formas de obtenção de Vitamina D: a primeira é a sua produção pelo organismo a partir do colesterol, um processo activado pela acção da radiação ultra-violeta B na pele e que envolve metabolismo a nível do fígado e rins. A segunda é através da dieta, com a ingestão de cereais, peixes de água salgada (sardinhas, arenque, salmão e sarda), óleos de fígado de peixe, ovos, carne, leite e manteiga.

Actualmente, a diminuição da exposição solar devido ao clima, ao estilo de vida e a receios relacionados com o cancro de pele, pode estar a induzir uma maior incidência de deficiência em Vitamina D na população mundial.

Outros factores como a localização geográfica, cor da pele (raça negra), idade avançada, excesso de peso e obesidade, presença de doenças hepáticas, renais, da tiróide ou que afectem a absorção de gorduras, dieta vegetariana, consumo excessivo de alcoól e a toma prolongada de medicação para epilepsia, predispõem para a deficiência em Vitamina D.

Entre os primeiros sintomas de deficiência está a redução do cálcio e fósforo no sangue e o aumento da actividade da fosfatase alcalina (indicador analítico de doenças ósseas). Podem ocorrer fraqueza muscular, tetania e riscos acrescidos de infecção. As crianças podem apresentar inquietação, irritabilidade, sudação excessiva e diminuição do apetite. Os sintomas de deficiência moderada são subtis e incluem perda de apetite, diarreia, insónia, problemas de visão, sensação de queimadura na boca e garganta. O Raquitismo (nas crianças) e a Osteomalácia (nos adultos) são as principais doenças associadas à deficiência severa em Vitamina D e causam deformações ósseas, atrasos no crescimento e mineralização deficiente da dentição.

A determinação analítica da Vitamina D é feita através da medição da concentração de Calcidiol (uma das formas biologicamente activas da Vitamina D) no sangue. Concentrações de 20 a 30 ng/ml são consideradas normais, segundo o Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM). Concentrações sanguíneas de Calcidiol superiores a 88 ng/ml são tóxicas. Estas ocorrem pela toma exagerada de suplementos alimentares. Os sintomas incluem náusea, vómitos, obstipação, dores de cabeça, sonolência, irritabilidade e fraqueza. A Vitamina D em excesso pode aumentar a concentração sanguínea de Cálcio, com surgimento de hipercalciúria e consequentemente, pedras nos rins. Se forem atingidos valores tóxicos de Cálcio, podem ocorrer danos permanentes nos rins, calcificação de tecidos moles e morte.

A avaliação por um profissional de saúde permite evitar estes valores extremos. Uma suplementação adequada pode ser necessária em casos de deficiência instalada ou como forma preventiva. Os bebés são muitas vezes suplementados com Vitamina D porque a quantidade desta hormona no leite humano é insuficiente para cobrir as necessidades infantis, as funções hepáticas e renais podem ser inadequadas para um metabolismo óptimo da Vitamina D, e ainda, pela reduzida exposição solar (contra-indicada até aos 6 meses de idade). Outro grupo da população a quem também é muito prescrita são os idosos, quer pela falta de exposição solar, quer pelas restrições alimentares a que são sujeitos.

Existe no mercado uma variedade de suplementos com Vitamina D em cápsulas, comprimidos mastigáveis, soluções orais e injectáveis. Uma vez que a Vitamina D é lipossolúvel, esta deve ser tomada em conjunto com uma refeição que contenha gordura. Em situações de deficiência grave, doses diárias até ao máximo de 4000UI podem ser indicadas. Após atingir os valores pretendidos, a toma diária de 600UI de Vitamina D para pessoas entre um e 70 anos e de 800UI para idades superiores, é suficiente para a manutenção da saúde óssea (IOM).

É necessária precaução ao tomar suplementos de Vitamina D, pois podem haver interacções com medicamentos como Corticosteróides (Inflamação), Orlistato (emagrecimento), Colesteramina (Colesterol elevado), Fenobarbital e a Fenitoína (Epilepsia), Diuréticos tiazídicos (Hipertensão), Antiácidos com magnésio (estômago), etc.

Pesquisas emergentes sugerem que a Vitamina D pode ainda ser importante na prevenção de cancro, doenças cardíacas, doenças auto-imunes, diabetes tipo II, depressão e que a sua deficiência pode ser o estímulo sazonal que activa o aparecimento de gripes. Se isto se vier a verificar, poderemos começar a ver a Vitamina D a ser prescrita de uma forma mais vasta, e não apenas para a manutenção da saúde óssea.

Em resumo, a Vitamina D tem importância demonstrada na saúde do osso e há possibilidade de a sua deficiência contribuir para o aparecimento de doenças crónicas, cardíacas, auto-imunes, influenza, diabetes e depressão. O controlo das quantidades de Vitamina D no sangue é a melhor forma de prevenir as consequências do seu desequilíbrio. Para aumentar os níveis de Vitamina D, cada pessoa deve expor-se ao sol pelo menos 15 minutos diários, e se necessário, deve recorrer a suplementos alimentares. Para que não ocorram excessos, deve haver um controlo médico.

Bibliografia

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http://www.vitaminas.bayer.pt/scripts/pages/pt/vitaminas/vitamina_d/index.php_d/index.php


 


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