Dra. Catarina de Sousa Vieira Nutricionista O processo de envelhecimento inicia-se a partir do momento em que somos concebidos. No entanto, aceita-se geralmente como critério válido que uma pessoa é idosa acima dos 65 anos, apesar desta consideração nunca ser exacta. O envelhecimento é, portanto, um processo progressivo que nem todos os indivíduos sofrem com a mesma intensidade. É vulgar o envelhecimento precoce do sistema osteoarticular, muito antes de ser sentida qualquer outra debilidade. O estado de saúde física e mental das pessoas idosas depende, em parte, da forma como se alimentam durante toda a sua existência, constatando-se que a frequência das doenças crónicas acentua-se com a idade. É sabido que as condições de vida familiar, social e profissional, assim como a situação económica, determinam o comportamento alimentar, observando-se frequentemente, nesta fase, situações de malnutrição, tanto por excesso como por defeito, que vão interferir e modelar a qualidade de vida e a duração da mesma. Algumas outras situações podem interferir também na alimentação e alterar o estado de saúde dos idosos, designadamente: - redução da sensação de sede; - diminuição da quantidade de saliva; - alteração do paladar e olfacto; - falta de dentes ou o uso de próteses dentárias; - diminuição da coordenação muscular; - intestino “preguiçoso”. Recomendações para melhorar a saúde do idoso: * Em primeiro lugar, é fundamental atender à distribuição horária das refeições, ao seu volume e composição, pois problemas como o isolamento e a carência financeira podem criar dificuldades à confecção de refeições e até mesmo o desinteresse por se alimentar. * Outro aspecto a salientar é o da digestibilidade. A comida deverá ser leve, com pequenas quantidades de gordura e temperos, e com pouco ou nenhum sal. Mastigar bem facilita a digestão, mas quando esta função está comprometida, torna-se necessário triturar com a varinha mágica os vegetais, picar a carne / peixe (100g limpos por dia) e ralar as frutas duras, tendo em conta que qualquer destes cuidados não dispensa ensalivar cuidadosamente os alimentos. * Acompanhar ou finalizar refeições com infusões digestivas (tília, hipericão, funcho, macela, limonete, erva doce) sem adição de açúcar. * Três chávenas médias de leite por dia; caso não aprecie o sabor, pode adicionar cevada, canela, café, casca de limão, hortelã, ou camuflá-lo em papas, puré de batata, omoleta, sopa, molhos, batidos de fruta e sobremesas. * Ingerir 400g de hortaliças e legumes por dia, cozinhados em sopas, jardineiras, caldeiradas, a vapor, ou crus, se fáceis de digerir. * Duas a três peças de fruta por dia. Se a fruta não cair bem no final das refeições maiores, deverá ser transferida para meio da manhã / meio da tarde, bem mastigada ou triturada, em sumos, batidos com leite ou iogurte, saladas, grelhados, cozida ou assada. Os frutos secos, oleaginosos ou em calda são também possíveis opções. * Pão bem torrado ou tostado, tostas, bolachas e biscoitos pouco doces e sem aditivos, massa, arroz, farinha de milho, e puré de batata, são fontes de energia adequadas porque se digerem melhor. Se bem tolerados, a batata, o feijão, o grão, as lentilhas, ervilhas ou favas, deverão ser consumidos bem cozinhados ou em puré. * Deve-se incentivar os idosos a prescindirem do açúcar, tanto em natureza como em bebidas e doçarias, por ser calórico e não possuir valor nutritivo. Atenção que as necessidades calóricas decrescem progressivamente a partir dos 45 anos. É desejável que o idoso mantenha uma actividade física moderada, sendo necessário motivá-lo para se movimentar (andar, por exemplo), ou para realizar outros tipos de exercício que, dentro das suas limitações, o obriguem a um esforço físico moderado. A relativa inactividade acelera a perda de massa magra e de cálcio ósseo. A alimentação do idoso é algo mais do que a simples ingestão de alimentos: deve ser também um veículo para o nutrir e para o manter bem, física e psiquicamente, e ainda para lhe proporcionar prazer e distracção. |
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