JULHO 2010
DOENçAS DA PELE NOS CãES E GATOS
Dr. Eduardo Hernández Loreto – Médico Veterinário
convetcanico@gmail.com

A pele é um órgão do corpo, assim como são o coração ou o fígado e não é um órgão qualquer, mas sim o maior do corpo. Assim como o coração forma parte do sistema circulatório, a pele também faz parte do sistema tegumentar, juntamente com os seus anexos, como são as unhas e o pêlo. Este órgão é como que um espelho da saúde, pois reflecte com muita clareza a condição dos nossos animais de estimação, bem como a situação do ambiente que os rodeia.

A pele dá forma ao corpo, ao mesmo tempo que permite o movimento, através das suas características de flexibilidade e elasticidade. Ela protege os órgãos internos, previne a desidratação, pois armazena água, e funciona como um organismo de regulação térmica. Na pele também se produz a vitamina D. Possui ainda terminações nervosas, as quais permitem a percepção sensorial ao toque, frio, calor ou dor.

Quando este grande órgão é afectado por alguma doença ou acidente, o corpo inteiro dos nossos animais é prejudicado. As afecções que se podem encontrar na pele são dos problemas de saúde mais comuns nos cães e com frequência difíceis para diagnosticar. Uma das especialidades da medicina veterinária é a dermatologia veterinária, pois existem muitas doenças que podem causar os mesmos sintomas: por este motivo é essencial que o médico realize um diagnóstico exacto para poder estabelecer o tratamento mais correcto.

Entre as principais condições que afectam a pele encontramos: a perda de pêlo (alopecia), a inflamação da pele (dermatite) e o prurido (comichão). Em continuação uma lista das diversas doenças que podem afectar a pele:

Alergias
As afecções mais habituais que podem causar problemas na pele dos cães e gatos são de longe as alergias ou dermatites alérgicas. Quando um cão ou gato é alérgico a alguma coisa, o seu corpo reage a certas moléculas chamadas alergenos. Estes alergenos podem ser provenientes de:
- Pólen de árvores ou plantas daninhas;
- Relva;
- Tecidos como lã ou nylon;
- Materiais de borracha e plástico;
- Alimentos ou aditivos alimentares, tais como farinhas de carnes, produtos lácteos, cereais, leguminosas ou corantes;
- Picadas de pulgas;
- Poeira ou ácaros;

Infecções Bacterianas
Pioderma, é o termo usado para denominar as infecções bacterianas da pele. Existe uma grande variedade de piodermas específicos dos cães: este processo dermatológico é também encontrado com alguma frequência, em parte porque a pele do cão normal é povoada por muitos microrganismos, alguns deles patogénicos latentes, de modo que quando os mecanismos de protecção da pele não funcionam adequadamente, ou quando o animal apresenta outra afecção como uma ferida, queimadura ou infestação parasitária, a infecção irá surgir rapidamente. Qualquer cão ou gato pode desenvolver uma infecção da pele, mas existem certas raças mais susceptíveis, particularmente aquelas que tenham ou acumulem alguma de estas características: pelo curto, pele com muitas pregas ou rugas, as peles de cor branca ou animais albinos. Os gatos brancos têm predisposição a apresentar uma dermatite nas orelhas, ocasionada pela pouca protecção à incidência dos raios solares, identicamente os cães com a ponta do nariz branco.

Infecções Fúngicas
As infecções causadas por fungos ou leveduras que podem afectar a pele, pelos ou unhas dos cães, gatos e seres humanos denominam-se dermatofitoses. Nos gatos é a infecção mais comum e é contagiosa.

Infestações por parasitas externos
As mordidas de pulgas e carraças, independentemente das alergias já comentadas anteriormente, também causam irritação e inflamação da pele, mas os ácaros que ocasionam a Sarna, são os parasitas mais temíveis da pele, pois estes assentam dentro da mesma, escavando galerias e minando as glândulas e os folículos onde nascem os pêlos. A sarna torna-se por vezes difícil de ser tratada: esta doença é contagiosa para quase todas as espécies animais, incluíndo o homem.

Infestações por parasitas internos
A presença de parasitas internos é também responsável pela saúde do pêlo dos animais adultos: pêlo baço, quebradiço e perda de pêlo. Nos cachorros mais novos é coadjuvante do Pioderma Juvenil.

Doenças auto-imunes
Neste género de doenças, ocorpo reage de maneira anormal, reconhecendo algumas substâncias do próprio organismo como se fossem prejudiciais, tentando destruí-las. Dentro deste grupo temos por exemplo o Pénfigo e o Lúpus eritematoso. 

Distúrbios nutricionais
A pele, em conjunto com os seus anexos, pêlos e unhas, é um dos órgãos do corpo que apresenta uma taxa de regeneração mais rápida. Para a sua formação, ela necessita de diversas proteínas, vitaminas e minerais específicos e quando estes não estão presentes na alimentação do animal, isto reflecte-se directa e rapidamente na pele. Como exemplo, temos a dermatite seborréica, que pode ser ocasionada por uma deficiência de biotina na alimentação, assim como as dermatoses ocasionadas por falta de zinco ou da vitamina A.

Doenças psicogénicas
Um factor de stress ou uma mudança na vida do nosso animal de companhia, como por exemplo uma mudança de habitação, o nascimento de um bebé, um animal novo em casa, a perda de um companheiro, a separação do filhote da mãe antes do tempo normal do desmame ou qualquer sinal de rejeição pode ocasionar padecimentos comportamentais. Alguns exemplos: Dermatite acral por lambedura, que é uma situação descrita em cães e que se crê ser uma forma animal semelhante à desordem obsessivo-compulsivo do ser humano; e a dermatite Psicogénica do gato que é outro exemplo já descrito. O tratamento para estas doenças envolve o uso de medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos.

Anormalidades Hormonais
Alterações em algumas glândulas, nomeadamente as supra-renais, ovários, testículos ou o timo que podem provocar um aumento ou diminuição na produção de alguma hormona e isto repercute-se em alterações notáveis da pele e do pêlo, como por exemplo a queda do pêlo, o escurecimento da pele ou uma diminuição ou aumento da grossura da pele. Como exemplos temos o hiperadrenocorticismo e o hipotiroidismo.

Doenças congénitas
Existem situações em que o animal, quando nasce, já manifesta uma deficiência na pele que pode ser uma ausência de uma parte da mesma ou a incapacidade na produção dos pêlos ou do sebo. Estas doenças são mais graves pois normalmente estão associadas a outros defeitos hereditários que muitas vezes não são compatíveis com a própria vida.

Doenças cancerígenas
Como qualquer órgão do corpo, a pele também manifesta as chamadas neoplasias cutâneas, sendo muito variadas consoante o tipo de células afectadas. Existindo tumores de ordem benigno e maligno, alguns tipos são os papilomas cutâneos, o carcinoma das células escamosas, os tumores das glândulas perianais, o carcinoma das glândulas sebáceas, os fibromas e fibrosarcomas, os melanomas, etc. Os procedimentos terapêuticos incluem a remoção cirúrgica sempre que possível e a quimioterapia.

Causas desconhecidas
Ainda hoje existem padecimentos que afectam a pele cuja origem se desconhece. No entanto, as ciências médicas estão sempre em contínuos estudos, avanços e descobrimentos.

Entre os conselhos práticos para prevenir algumas das doenças descritas anteriormente, podemos citar em primeiro lugar, manter o cachorro ou o gatinho bem alimentados, à base de uma boa ração apropriada para o estado fisiológico de cada animal, tendo em consideração a idade, a raça, se é esterilizado ou não, se sofre de alguma outra doença, etc. Hoje em dia, existem alimentos ricos em aditivos apropriados para melhorar a função e a saúde da pele e pelagem. Em segundo lugar, desparasitá-lo externa e internamente com a frequência que o veterinário recomendar;  em terceiro lugar, manter uma boa higiene do pêlo e da pele do animal e por último não deixar passar muito tempo para levá-lo ao veterinário quando forem observados alguns dos sintomas anteriormente descritos.


 


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