MAIO 2010
COLESTEROL: CONHEçA OS SEUS LIMITES
Dr. Élvio Sousa – Farmacêutico*
Elvio.sousa@farmaciadocanico.pt

Sabia que apenas 25% do nosso colesterol provém da nossa alimentação? E que muitas pessoas têm o colesterol elevado apesar de manterem hábitos de vida saudáveis? Ao colesterol tem sido atribuída uma conotação negativa, devido à  sua associação com o risco cardiovascular. No entanto, o colesterol é uma substância que o organismo utiliza para fins diversos que lhe são fundamentais, nomeadamente a produção de determinadas hormonas e vitaminas, a formação dos sais biliares e a construção das paredes das células. Por estes motivos, mesmo que a nossa alimentação seja pobre em colesterol, o fígado fabrica-o para suprir as necessidades do organismo. Pelo contrário, se a alimentação for rica em colesterol, este torna-se um potencial perigo para a saúde.

Tipos de Colesterol
Uma vez que o colesterol não é solúvel na água, o seu transporte no sangue é realizado por proteínas:
•    LDL – "mau colesterol” – Lipoproteínas de baixa densidade que transportam a maior quantidade do colesterol (60 a 70%) desde o fígado até aos tecidos onde irá ser utilizado. São responsáveis pelos depósitos de colesterol nas paredes das artérias, podendo suscitar uma doença nas artérias do coração (aterosclerose).
•    HDL – "bom colesterol" – Lipoproteínas de densidade elevada que transportam o colesterol (aproximadamente 25%) dos tecidos novamente para o fígado, para ser metabolizado ou excretado. Auxiliam a remoção do colesterol dos tecidos, reduzindo a probabilidade de desenvolver uma doença cardíaca coronária. É o colesterol “protector”.

A Aterosclerose

A Aterosclerose é a doença mais comum das artérias coronárias, sendo que resulta da formação de depósitos de gorduras e colesterol no interior das artérias, tornando progressivamente menor o seu calibre e dificultando a circulação do sangue. A partir da aterosclerose, o seu estado de saúde pode agravar-se.

    Enfarte do miocárdio
O "lume" (diâmetro interior) de algumas artérias poderá ficar de tal modo diminuído que, sobretudo em situações de esforço, o sangue que se dirige para determinada zona do coração não é suficiente para o irrigar, dificultando a circulação do sangue no músculo cardíaco (miocárdio). Nestas situações, surgem os sintomas de "angina de peito" ocasionados pela insuficiente oxigenação do miocárdio. O enfarte do miocárdio ocorre perante a formação de um pequeno coágulo de sangue numa região estreitada do interior de uma artéria. O coágulo conduz à obstrução total da passagem do sangue que transporta o oxigénio e nutrientes e, consequentemente, as células da área irrigada por essa artéria entram em sofrimento e morrem.

•    Risco de AVC e outras
Devido à dificuldade de passagem de sangue nas artérias em determinadas regiões, poderão surgir outras complicações, nomeadamente o acidente vascular cerebral (AVC) ou o aparecimento de sintomatologia dolorosa nas pernas aquando a locomoção.  
Considera-se que, num adulto, o colesterol se encontra elevado no sangue quando o seu valor é igual ou superior a 240 mg/dl. No entanto, o risco de desenvolver doença coronária vai aumentando à medida que o valor de colesterol também aumenta no sangue, considerando-se que os valores ideais deverão ser inferiores a 200 mg/dl. 

Como controlar o seu colesterol

Diferentes comportamentos de saúde deverão ser adoptados para aumentar os valores do “bom colesterol”, o HDL (valores superiores a 45 mg/dl), e reduzir os valores do “mau colesterol”, o LDL (valores inferiores a 130 mg/dl), no sangue. As seguintes medidas permitem atrasar ou mesmo prevenir complicações associadas à aterosclerose:
•    Cessar hábitos tabágicos;
•    Reduzir a obesidade, se possível alcançando o peso normal;
•    Tratar a hipertensão (pressão arterial elevada);
•    Vigiar a glicémia e/ou tratar a diabetes;
•    Controlar a hipertrigliceridémia (níveis de triglicéridos elevados);
•    Reduzir o stress;
•    Combater o sedentarismo (maior actividade física diária e/ou desporto).

 O nível de colesterol no sangue depende da nossa própria constituição genética (tal como a cor dos seus olhos ou cabelos) e da quantidade de gorduras saturadas e de colesterol que ingerimos. A principal arma para combater o aumento de colesterol é uma alimentação correcta, saudável e inteligente:
•    Reduzir a quantidade total de gorduras;
•    Reduzir de forma mais acentuada as gorduras ditas "saturadas" (gorduras de carne, manteiga, queijo ou leite gordo, ovos, miolos e vísceras, gorduras vegetais com preparação industrial que as torna duras, entre outras);
•    Preferir gorduras vegetais mono ou poli-insaturadas (azeite e outros óleos vegetais como milho, girassol, soja, grainha de uva) ou de peixe (também mono-insaturadas);
•    Preferir carnes brancas (por exemplo carne de aves, tirando-lhes a pele);
•    Aumentar o consumo de peixe;
•    Aumentar o consumo de vegetais (sopa de hortaliças, legumes, saladas, fruta);
•    Aumentar o consumo de cereais.

Quando a hipercolesterolémia (colesterol elevado) não normaliza com uma dieta apropriada pode ser necessária uma terapêutica farmacológica, cuja responsabilidade e orientação caberão sempre ao seu médico assistente.

Sendo diversos os medicamentos activos, os principais são os Fibratos e as Estatinas. As Estatinas constituem uma das principais armas contra a aterosclerose, sendo também eficazes e seguras na redução do LDL, risco de enfarte, AVC, morte e diminuem em cerca de 30 por cento a necessidade de cirurgia do coração. 

Junto do seu farmacêutico esclareça as suas dúvidas em relação ao colesterol e aproveite para realizar os testes de despiste do seu colesterol total, HDL e LDL. Faça do colesterol uma palavra, e não uma sentença de vida!

*Colaborador da Farmácia do Caniço desde 2009

 


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