MARçO 2024
NA ERA DIGITAL: O DESAFIO DA PROMOçãO DO BEM-ESTAR E DA SAúDE
Dra. Isabel Fragoeiro
PHD Saúde Mental, Professora da Universidade da Madeira- Escola Superior de Saúde; Coordenadora do Observatório Regional de Saúde Mental
Na Era digital:  o desafio  da promoção  do bem-estar e da saúde

Certamente alguma perplexidade e apreensão convivem quotidianamente connosco, cidadãos integrados em países considerados desenvolvidos, fruto das dificuldades que sentimos e percecionamos na gestão equilibrada do uso das tecnologias digitais incluindo a Inteligência Artificial (IA). Dos cidadãos mais literados aos menos literados, no que às mesmas diz respeito, a atitude mais equilibrada é a de considerarmos os benefícios associados à respetiva utilização bem como os danos já evidenciados por alguns estudos, do uso excessivo ou inadequado das mesmas. No caso das crianças e dos jovens sem limites e sem supervisão. Sabe-se que as gerações mais jovens são as que mais utilizam estas ferramentas e durante períodos mais alongados de tempo, comparativamente às gerações mais idosas. Em todas as áreas da vida dos adolescentes cada vez estão mais presentes. Têm associado o potencial para afetar direta ou indiretamente o seu bem-estar quer positiva quer negativamente. Para além da razão temperada pela emoção, o bom-senso sugere a necessidade de estarmos atentos e convergirmos saberes e iniciativas baseadas em evidências, incluídas as científicas, para reforçar a literacia digital a par da literacia em saúde/ saúde mental dos cidadãos.


 A Organização Mundial de Saúde e a União Europeia, desde há alguns anos têm convergido na regulamentação, nas orientações e recomendações, relativas à utilização mais benéfica das respetivas tecnologias, incluindo na área da saúde. São exemplos a Global Strategy on Digital Interventions for Health 2020-2025 (WHO, 2021), Youth Centred Digital Health Interventions, (WHO, 2020) e as Guidelines for Recommendation on Digital Interventions for Health System Strengthening (WHO, 2019), entre outros documentos produzidos. Não obstante, os alertas destas mesmas Instâncias aos cidadãos para os riscos a que estão expostos, bem como quanto à necessidade de protegerem a segurança e a integridade daqueles que sendo crianças, mais jovens ou mais vulneráveis, não têm a consciência total sobre o modo, as medidas de segurança e os comportamentos a adotar, na utilização das ferramentas e das redes digitais. Os riscos para o desenvolvimento saudável e bem-estar são variados (Holly, L. and Colleagues, 2023), no entanto alguns são controláveis ou evitáveis. Estão identificados riscos relacionados com acesso a conteúdos e a contactos inadequados, violentos, hostis, pornográficos; riscos contratuais e comerciais inadvertidos, riscos perturbadores da saúde física e mental como a obesidade, o sedentarismo, as adições, as condutas violentas, não excluindo outros possíveis, ainda desconhecidos. Realça-se porque evidenciada cientificamente, a importância para o bem-estar, para a saúde e a saúde mental, de oportunidades advindas de experiências diversificadas e estruturantes, de estilos de vida saudáveis bem como de vivências gratificantes associadas a interações face a face, positivas e significativas, nas diferentes fases de desenvolvimento humano, incluídas a da infância e a da adolescência. Acresce realçar a prioridade do investimento reforçado na literacia digital e em saúde dos cidadãos, a ser assumido quer a nível estratégico quer operacional, através da convergência de programas de ação dos setores da saúde, da educação e social, nomeadamente, que empoderem e incentivem a participação daqueles, na promoção do desenvolvimento integral e salutar das comunidades.

 


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