MARçO 2024
ANTI-HISTAMíNICOS: ABENçOADA PASTILHA!
Dra. Cláudia Pereira
Farmacêutica na Farmácia Nacional
claudia.pereira@farmacianacionalfx.pt 
Anti-histamínicos - abençoada pastilha!

Caro leitor, chegou a primavera e com ela sabemos que não vem só o bom tempo, a natureza a desabrochar, os dias mais coloridos e ensolarados. Para muitos de nós é sinal de pingo no nariz, olhos lacrimejantes, comichão aqui, espirro ali.
Uma verdadeira tortura. É a estação das alergias. Uma alergia é a resposta do sistema imunitário à pre
sença de um substância normalmente inofensiva para a
maioria da população, mas que em algumas pessoas o organismo interpreta como um corpo estranho (alergénico) podendo causar grande incómodo e alterar a qualidade de vida ou até mesmo colocar a vida em perigo. Sempre que tal acontece, o corpo age libertando substâncias inflamatórias para combater o “invasor”, entre elas a histamina.
Esta reação desencadeia efeitos, sendo estes mais intensos nos locais onde se dá a reação alérgica, como a pele, os olhos, o nariz, a garganta, os brônquios ou o intestino.
E assim surgem aqueles sintomas tão característicos, de menor ou maior gravidade (como é o caso da anafilaxia). E eis que surgem os anti-histamínicos, que são fármacos capazes de inibir a ligação da histamina aos recetores H1, impedindo o desencadear da cascata inflamatória e o cortejo de sintomas alérgicos. Existem duas gerações destes medicamentos. Os Anti-Histamínicos de primeira geração (difenidramina, prometazina, hidroxizina e clorfenidramina) diminuem os sintomas alérgicos atravessando a barreira hematoencefálica, que protege o sistema nervoso central. Por esse motivo causam sonolência, desconcentração, visão turva e sensação de boca seca, podendo igualmente ter efeitos cardíacos. Os Anti-Histamínicos de segunda geração (fexofenadina, loratadina, ceririzina, ebastina, desloratadina, bilastina, rupatadina, levoceririzina) são mais seletivos e, por não atravessarem a barreira hematoencefálica, não provocam estes efeitos secundários tão intensos nem têm efeito sobre o coração.


PREVALÊNCIA
De acordo com o INFARMED, que avaliou a evolução da utilização da despesa dos anti-histamínicos entre 2010-2017, houve um acréscimo do seu consumo com tendências sempre crescentes e mais acentuado na primavera e outono. Embora se saiba que existem pessoas com sintomatologia durante todo o ano, os meses de janeiro a maio e setembro e outubro são os que apresentam um maior nível de consumo, consequência de síndromes gripais e de alergias. Importante ainda reter que este grupo de medicamentos não curam, apenas atuam na prevenção e controlo dos sintomas. No entanto, podem contribuir para baixar a intensidade e frequência de futuras crises, melhorando a qualidade de vida da pessoa. O tempo de tratamento depende de cada caso, mas atualmente, como os efeitos secundários das últimas gerações de anti-histamínicos são mais leves, é possível que sejam tomados como medida preventiva durante meses, de forma a controlar o alívio sintomático. A doença alérgica é uma doença sistémica que atinge os vários órgãos alvo e o “modus operandi” dos anti-histamínicos é sempre o mesmo, como tal, o mesmo anti-histamínico pode ser utilizado para a alergia respiratória, cutânea ou ocular. No entanto, é sempre bom lembrar que todas as pessoas são diferentes, sendo também diversa a sua tolerância ao fármaco, pelo que o controlo da sintomatologia alérgica requer vigilância médica. E em caso de dúvidas tem sempre um farmacêutico disponível para o ajudar!

 


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