FEVEREIRO 2024
URGêNCIA DA TERAPIA DA FALA NA SOCIEDADE
Dra. Luísa Maria
Terapeuta da Fala e Miofuncional (Especialista em Motricidade Orofacial)
Urgência da Terapia da Fala na sociedade

“Raramente focamos a nossa atenção no que se passa com os lábios, os dentes, a língua ou as bochechas enquanto comemos, falamos ou respiramos. Já referi que um TF trabalha com dentistas, mas porquê? Porque para melhor a FUNÇÃO (respiração, mastigação, fala ou sono) é preciso que FORMA (dentes e palato) o permita.”

No dia 17 deste mês comemorou-se o Dia Mundial da Motricidade Orofacial (MOF)! Este ano com o tema: Importância do papel do Terapeuta da Fala (TF) nas alterações da Respiração e do Sono. Se respira bem, dormirá melhor! Certamente já ouviu falar. E sim, é verdade. O TF não trabalha só com dificuldades da fala! A MOF é uma das áreas da TF voltada para o estudo, prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento de alterações estruturais e funcionais da região da boca (oro) e da face (facial). O tratamento a este nível também conhecido, por Terapia Miofuncional Orofacial é incidente no sistema estomatognático, isto é, nas alterações das funções orofaciais: RESPIRAÇÃO- -SUCÇÃO-MASTIGAÇÃO-DEGLUTIÇÃO-FALA e também na posição dos LÁBIOS-LÍNGUA-BOCHECHAS. Muitas vezes o trabalho do TF não é suficiente e é necessário encaminhar para a medicina dentária; ORL; odontopediatria; pediatria. Porquê? Porque as estruturas e funções orofaciais estão interligadas e para alcançar um (re) equilíbrio muscular e adequado desenvolvimento craniofacial é fundamental o trabalho em equipa com vista ao sucesso do tratamento. Se nada mudar, nada muda. Precisamos de tomar uma ação para termos uma reação e mais saúde a longo prazo. Comemos por fome ou prazer mas respirar é por necessidade. Para ter uma noite de sono profundo e reparador há que garantir o pilar básico da sobrevivência RESPIRAR BEM. Raramente focamos a nossa atenção no que se passa com os lábios, os dentes, a língua ou as bochechas enquanto comemos, falamos ou respiramos. Já referi que um TF trabalha com dentistas mas porquê? Porque para melhorar a FUNÇÃO (respiração, mastigação, fala ou sono) é preciso que FORMA (dentes e palato) o permita. A componente muscular tem que acompanhar a componente esquelética para se conseguir um resultado satisfatório e estável. Os músculos que usamos para respirar, sugar, mastigar e engolir são os mesmos músculos que usamos para falar, apesar dos mecanismos ativados a nível neurológico serem diferentes de acordo com a função e o objetivo! Na terapia trabalhamos e treinamos para mudar pequenos hábitos; posturas; movimentos e rotinas. Milhares de pequenas coisas todos os dias têm um impacto enorme no final. 

A IMPORTÂNCIA DE MASTIGAR BEM

“Num mundo que corre rápido de mais e que se multiplicam em coisas para fazer, nem sempre é fácil olhar parar e perceber se determinados comportamento são esperados, ou não, nas crianças”

“A língua é o epicentro do desenvolvimento e a eficiência do seu funcionamento afeta absolutamente todo o corpo. É uma questão de equilíbrio, estímulo e treino. Por isso a pressão que a língua exerce nas diferentes zonas da cavidade oral tem um impacto sobre o desenvolvimento”.

A forma como mastigamos é tão importante como o que mastigamos. A ação biomecânica da mastigação vai desenvolver o crescimento ósseo da face e estimular toda a musculatura associada. São estas estruturas que suportam as vias respiratórias; asseguram uma boa via área; promovem uma melhor qualidade de sono e melhoram a fala e a alimentação. Por isso é que mastigar bem é tão importante como escolher os alimentos que compõem a dieta diária. Somos a soma de todo este equilíbrio. Se os músculos envolvidos não trabalharem num padrão equilibrado as estruturas vão apresentar alterações. A forma de mastigar, engolir e posicionar a língua, milhares de vezes ao longo do dia e ao longo de toda a vida resulta em mudanças no sorriso, respiração, fala e no sono. Vivemos na geração do hambúrguer, mas as nossas mandíbulas desenvolveram-se para a dieta da idade da pedra. Pandemia de mau desenvolvimento orofacial, já ouviu falar? Este termo foi apontado por Kahn e Ehrlich no livro Jaws, em que compararam o des e nvo l v i m e nto orofacial de crânios de séculos anteriores com os atuais e explicaram as doenças com grande prevalência atual. Está a tornar-se cada vez mais crucial dar atenção à dieta das crianças, aos hábitos mastigatórios, aos padrões respiratórios e à postura orofacial de repouso. A língua é o epicentro do desenvolvimento e a eficiência do seu funcionamento afeta absolutamente todo o corpo. 

É uma questão de equilíbrio, estímulo e treino. Por isso a pressão que a língua exerce nas diferentes zonas da cavidade oral tem um impacto sobre o desenvolvimento. A forma das estruturas impacta o posicionamento da língua bem como as diferentes funções do sistema estomatognático. Ao equilibrar as forças exercidas por todas as estruturas melhoramos as funções e mantemos a forma estável. Cada caso é um caso. Deixo-vos alguns exemplos de como há relação direta entre a mecânica oral e corporal: vamos refletir sobre alguns eventos que causam alterações: respirar pela boca e compensações por hábitos (chucha; exposição ao ecrã) alteram o crescimento e resultam em más oclusões dentárias que provocam a má qualidade do sono. Para além da questão estética ter um sorriso desalinhado, um palato profundo e estreito, ranger e/ ou apertar os dentes, mastigar mais de um lado que do outro ou de boca aberta, ressonar… aumentam a susceptibilidade para a ocorrência de doenças cardiovasculares respiratórias e aumento de peso. Num mundo que corre rápido de mais e que se multiplicam em coisas para fazer, nem sempre é fácil olhar parar e perceber se determinados comportamento são esperados, ou não, nas crianças. As dúvidas surgem, o tempo passa e as alterações agravam-se. Por isso a premissa de um TF é sempre a mesma: na dúvida marcar uma consultar e questionar. Nós somos adultos de referência, somos os modelos que as crianças vão copiar e esta premissa é válida para todos os padrões que serão replicados para o resto da vida. 

Não podemos assobiar para o lado, dizer que são gostos ou que é a escola, na verdade é mesmo connosco. Somos uns sobreviventes, adaptamo-nos sempre! A questão é: a custo de quê? O corpo vai arranjar forma de compensar a alteração, de manter a função e de garantir a sobrevivência. Caro leitor, quer sobreviver ou viver com qualidade durante o máximo tempo possível? 

 


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