DEZEMBRO 2023
CONSUMO DE áLCOOL ENTRE OS JOVENS TEM VINDO A DIMINUIR
Dra. Alícia Freitas
Psicóloga Clínica e da Saúde
Consumo de álcool entre os jovens tem vindo a diminuir 

Alícia Freitas é psicóloga na Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD) que desenvolve o seu trabalho sob a tutela da Direção Regional de Saúde. Fala da pressão social para a bebida, mas também de uma diminuição do consumo entre os jovens. 

Um alcoólico é aquela pessoa que bebe sem parar?
O alcoólico é uma pessoa que foi aumentando gradualmente o consumo de bebidas alcoólicas, acostumou-se a beber de tal forma que o corpo foi se adaptando e desenvolveu a tolerância ao álcool, pelo que precisou de consumir cada vez mais para conseguir o mesmo efeito. Este comportamento tornou-se constante, “descontrolado” e impossível de parar. Romper com o consumo habitual produz a chamada síndrome de abstinência, que normalmente requer tratamento. O Alcoolismo é a dependência do indivíduo ao álcool, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pode trazer consequências irreversíveis nas várias áreas da vida: pessoal, familiar, social e laboral.

O álcool está muito enraizado na nossa sociedade. É quase cultural estar presente em festas e momentos de celebração. Na vossa ótica, é possível inverter este aspeto cultural? 
Este fator cultural por si só não define o eventual consumo de álcool uma vez que apesar da disponibilidade existente em ambientes festivos, nem todas as pessoas consomem. Para além do peso cultural, tomar uma poncha com os amigos ou fazer a ronda pelas casas para provar os licores de Natal está também relacionado com fatores sociais para conviver e (re)encontrar pessoas. Para além disso, os consumos em momentos de interação muitas vezes são influenciados por “pressão” dos familiares ou amigos. Apesar do enraizamento cultural, a mensagem da DRS, através da UCAD, centra-se sobretudo na importância de cada um tomar decisões responsáveis e evitar ceder à influência dos outros para beber mais um copo, prevenindo assim os consumos excessivos, evitando perder o controlo e envolve-se em comportamento de risco (ex. conduzir sob o efeito do álcool pode levar a acidentes porque o consumo de álcool aumenta o tempo de reação, promove uma falsa avaliação do espaço e excesso de confiança). Para as crianças e adolescentes a regra deverá ser “álcool nem uma gota” pois trata-se de uma substância psicoativa ilegal para menores de 18 anos, com consequências graves a nível do seu desenvolvimento biopsicossocial.

É possível divertir-se sem álcool. Mas as pessoas querem ou estão dispostas a isso? 
Claro que é sempre possível divertir-se sem álcool! Notamos que as pessoas estão dispostas a divertir- -se de forma saudável. Temos vindo sociado ao consumo de substâncias psicoativas (álcool, tabaco e outras). Este trabalho de Prevenção das Dependências, nas quais se inclui o consumo de álcool, é desenvolvido não apenas nas escolas, mas em todos os outros contextos que fazem parte da nossa vida, a nível desportivo, comunitário, laboral e recreativo noturno. Também se destacam as estratégias de prevenção ambiental com a criação de regras, normas e legislação que visam a alteração dos ambientes culturais, sociais, físicos e económicos que influenciam as escolhas individuais do consumo. a trabalhar com muita persistência e articulação com outras entidades na sensibilização para a diversão sem riscos e para que as pessoas reconheçam que esta vivência de emoções agradáveis está em cada um de nós, em boas companhias, em eventos ou locais propícios, com música, dança ou simplesmente na conversa e interação.

Vocês observam alguma tendência na região na redução do consumo do álcool? 
Os Estudos realizados pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), indicam que ao nível do consumo de álcool nos jovens (Estudo Dia da Defesa Nacional) nos últimos 30 dias e na embriaguez severa tem vindo a diminuir, sendo que a Região Autónoma da Madeira tem a prevalência mais baixa entre os jovens inquiridos, quando comparada com os Açores e com o território continental. De acordo com o IV Inquérito Nacional à população em Geral 2016/2017, à semelhança da tendência nacional, a RAM apresenta um aumento no consumo ao nível da experimentação no último ano e nos últimos 30 dias.

Trabalhar na sensibilização nas escolas, junto dos jovens, é o segredo para o sucesso das vossas campanhas anti álcool? 
O sucesso da intervenção da UCAD é feito de muitos passos, começa na criação de redes de parceiros e grupos de trabalho para atuar em todos os contextos da sociedade, acompanhando o ciclo de desenvolvimento do individuo, desde o nascimento. Assim a prevenção começa na família pelo que são desenvolvidas iniciativas dirigidas aos pais e cuidadores, tendo continuidade nas escolas (do pré-escolar até ao ensino universitário) com aplicação de diferentes estratégias de modo a fornecer aos indivíduos e/ou a grupos específicos informação e competências necessárias para lidarem com o risco associado ao consumo de substâncias psicoativas (álcool, tabaco e outras). Este trabalho de Prevenção das Dependências, nas quais se inclui o consumo de álcool, é desenvolvido não apenas nas escolas, mas em todos os outros contextos que fazem parte da nossa vida, a nível desportivo, comunitário, laboral e recreativo noturno. Também se destacam as estratégias de prevenção ambiental com a criação de regras, normas e legislação que visam a alteração dos ambientes culturais, sociais, físicos e económicos que influenciam as escolhas individuais do consumo.

Recomendações para o consumo do álcool nesta época: O mais importante deverá ser divertir-se de forma saudável e segura, o que muitas vezes não é valorizado. Neste sentido deixo algumas recomendações para minimizar os riscos do consumo de álcool: 
- Evite misturar e combinar bebidas de diferentes tipos e teores alcoólicos, beba devagar, em goles curtos e evite os shots, alternando entre uma bebida alcoólica e outra não alcoólica de modo a equilibrar o consumo, bebendo água a intervalos regulares; 
- Evite beber com o estômago vazio pois facilita o aumento do nível de álcool no sangue e aumenta o seu efeito tóxico no cérebro; 
- Evite ficar sempre com o copo na mão, por isso é inevitável beber mais; 
- Mantenha o controle e evite conduzir ou realizar atividades de risco sob a influência de álcool. Não misture álcool com medicamentos ou outras drogas; 
- Confine o consumo de álcool a situações específicas, evitando beber todos os dias e situações nas quais acha que vai acabar por beber mais do que deveria; 
- Aprenda a dizer não quando lhe oferecem bebidas, lembre-se que a diversão e boa disposição dependem de si, dos ambientes e do estabelecimento de relações sociais!


 


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