Dr. Carlos Freitas Farmacêutico Cancro da Próstata: não deixe o medo ou o preconceito vencer Carlos Freitas, farmacêutico, conta, na primeira pessoa, a experiência que passou
por ter tido uma pessoa na família que perdeu com cancro na próstata. Não deixar o
preconceito vencer é fundamental. É uma história na primeira pessoa. Por vezes, a melhor forma de
alertarmos os outros, é contar o
que se passou connosco. É o que
se passa agora com o farmacêutico
Carlos Freitas, um dos dinamizadores no Novembro Azul (Mês da
Prevenção do Cancro da Próstata)
na Madeira. Num relato intenso e
profundo, o farmacêutico não tem
dúvidas de que é necessário combater o preconceito. O cancro da próstata
tem uma elevada percentagem de cura desde que identificado cedo. Na sua opinião,
a população masculina devia agir de forma natural
sempre que os sintomas indicarem doença? Ainda há muitos mitos e receios quando a sintomatologia
surge. Como já afirmei publicamente, infelizmente, tive um caso na família, em que, um homem com formação superior na
área da saúde, que sabia muito
bem dar aconselhamento aos
outros nas mais variadas situações de doença, ao chegar a sua
vez de estar doente, não cumpriu o procedimento que era devido. Ou seja, ocultar, esperar,
aguardar que se resolva, não é
o caminho. Às vezes pelo preconceito machista de não fazer
um toque rectal. Costumo perguntar às pessoas: prefere ter
um inimigo conhecido, que sabe por onde ele anda e como
se comporta? Ou um inimigo
desconhecido que a qualquer
momento pode atacar? Por ter tido uma pessoa na família com cancro
na próstata, estás sujeito a
um maior controlo dos sintomas e através de exames
de despistagem? Efetivamente, existe uma carga hereditária no cancro da próstata, e, quem tem nos seus familiares diretos casos de cancro
da próstata, deve realizar o exame 5 anos mais cedo do que a
população masculina em geral. Acha que o cancro na
próstata tem ainda muito de
tabu na sociedade? Considero estranho que um
homem recuse a ser operado
por receio de perder capacidades sexuais quando isso coloca
em risco a sua própria vida. Não
quero ser mal-entendido. Mas
em tudo existe um gradiente de
importância.
Por exemplo... uma vaca que
esteja mal alimentada, entra
em anestro, ou seja, ausência
de cios. Porquê? Porque é mais
importante a sobrevivência do
próprio animal do que a sua função reprodutiva.
Obviamente, que estamos a
falar de pessoas e não de animais, mas é bom atentar neste exemplo para colocarmos o
assunto em perspectiva. O que
é mais importante para um homem de 70 anos? Manter a sua
atividade sexual? Ou viver mais
5 ou 10 anos na companhia da
sua família? Que conselhos deixa a
quem tem ou já teve familiares com cancro na próstata? Para os que têm familiares
com cancro da próstata, no caso de o médico sugerir o procedimento cirúrgico, apoiarem
o familiar nessa decisão e não
contemporizar.
Relativamente aos familiares,
deverão cumprir a sugestão de
realização dos exames que permitem despistar a doença na sua
fase inicial pois só essa atitude
poderá garantir o melhor prognóstico em caso do aparecimento da doença. Basicamente, não
deixe o medo ou o preconceito
vencer, faça o rastreio do cancro
da próstata. |