NOVEMBRO 2023
O CANCRO DA PRóSTATA é UMA DOENçA SILENCIOSA
Dr. Ferdinando Barros
Urologista
O Cancro da próstata é uma doença silenciosa


Cerca de 50% da população masculina após os 50 anos, apresenta algum grau de hiperplasia benigna da próstata (HBP), ocasionando que parte desta população possa necessitar de tratamento.

Estamos uma vez mais no Novembro Azul dedicado às ações relacionadas com a saúde do homem. Vamos sensibilizar a população para a patologia prostática – HBP (Hiperplasia Benigna da Próstata) e Cancro da Próstata. A HBP consiste no crescimento benigno da glândula prostática e está inteiramente relacionado com o envelhecimento podendo interferir grandemente com o bem-estar e a qualidade de vida, atingindo crescimento significativo pode provocar retenção urinária. Cerca de 50% da população masculina após os 50 anos, apresenta algum grau de hiperplasia benigna da próstata (HBP), ocasionando que parte desta população possa necessitar de tratamento. A etiologia da hiperplasia benigna da próstata é multifactorial mas os principais factores são a idade, o estado hormonal (é necessário a produção de testosterona para que esta ocorra), a história familiar, se o pai realizou cirurgia da próstata, o filho tem três vezes mais probabilidade de manifestar sintomas do que os outros. Os sintomas mais frequentes de HBP são: dificuldade de urinar, jacto urinário fraco, sensação de bexiga cheia mesmo após urinar, necessidade de urinar mais frequente durante a noite, urgência miccional, acompanhada de incontinência urinária e por vezes retenção urinária. A presença de sangue na urina, as infecções urinárias, a formação de cálculos na bexiga e a retenção urinária, com compromisso renal, pode ser desencadeada pela hiperplasia benigna avançada. O diagnóstico é clínico, sendo necessário o toque rectal (palpação da próstata através do recto) além de análises clínicas (PSA), ecografia do aparelho urinário (rins, bexiga e próstata) e urofluxometria que avalia a força do jacto e o tempo de micção. O tratamento da HBP depende da gravidade dos sintomas, o que exige vigilância do médico assistente ou urologista. Às vezes podem não existir sintomas, por isso, o tratamento não é necessário, mas a vigilância impõe-se para um diagnóstico precoce do cancro da próstata (que não apresenta sintomas numa fase inicial). Se a sintomatologia incomoda, o médico pode receitar medicação para melhorar o esvaziamento vesical e diminuir o crescimento da próstata. Nos casos que não correspondem ao tratamento médico, está indicada cirurgia a mais generalizada é a RTU-P (ressecção endoscópica da Próstata) ou a sua enucleação nas próstatas de maiores dimensões, permitindo melhorar a qualidade de vida e os sintomas do doente, como o uso permanente da algália. 


CANCRO DA PRÓSTATA: 136 CASOS POR 100 MIL HABITUANTES 
Se um indivíduo não tem casos de cancro da próstata na família, deve fazer a prevenção a partir dos 45 a 50 anos de idade. Quando há casos na família a prevenção deve começar entre os 40 e 45 anos.

Como referi, o cancro da próstata ao contrário da HBP é uma doença silenciosa, é uma patologia silenciosa que não dá sintomas nas fases iniciais e não se pode estar à espera que os primeiros sintomas apareçam para consultar um médico assistente ou um urologista. Quando diagnosticado precocemente, o cancro da próstata tem uma taxa de cura que ronda os 85%. Se um indivíduo não tem casos de cancro da próstata na família, deve fazer a prevenção a partir dos 45 a 50 anos de idade. Quando há casos na família a prevenção deve começar entre os 40 e 45 anos. 

A prevenção e o diagnóstico precoce fazem-se através de dois procedimentos muito simples: uma análise sanguínea com determinação do PSA (antigénio prostático específico) e o exame do toque rectal. O PSA não diagnostica o cancro da próstata mas selecciona a população de risco a partir de determinado valor (4 ng/ml). Sabemos que a probabilidade de existir um cancro é maior quanto mais elevado for o valor do PSA. A análise deste valor conjugada com o exame do toque rectal e com a realização da biópsia prostática obtêm o diagnóstico. Complementado pela ecografia e ressonância magnética. Admitimos que os homens têm alguns preconceitos em consultar o médico urologista com receio do exame rectal (palpação através do recto que permite verificar o tamanho, a consistência, a eventual presença de nódulos). Na Madeira, a doença atinge anualmente em média 136 novos casos por 100.000 habitantes. 

Essa é uma das mais fortes razões para a recomendação de um diagnóstico muito cedo. Aliás, com o envelhecimento da população e a melhoria dos cuidados de saúde, a incidência tem vindo a aumentar, estando o Serviço de Urologia devidamente equipado para o tratamento e acompanhamento da doença. O tratamento para o cancro da próstata, existem várias opções terapêuticas, consoante o doente e a fase da doença (localizada ou já disseminada). A cirurgia nomeadamente a prostatectomia radical é o tratamento de eleição, nos casos de doença localizada. Como complicações pós operatórias podem surgir disfunção eréctil e incontinência urinária mas são recuperáveis em boa parte dos casos com os tratamentos actualmente disponíveis e adequados. A Radioterapia externa constitui uma opção para os doentes com limitações operatórias, têm efeitos secundários semelhantes aos da prostatectomia radical mas de aparecimento progressivo. A Braquiterapia Prostática, técnica mais recente de Radioterapia consiste na implantação de sementes radioactivas directamente na próstata sob controlo ecográfico. É usado em casos especiais nos doentes com tumores de baixa agressividade. 

As complicações, embora pouco frequentes, são semelhantes e também de aparecimento gradual. No caso de doença disseminada, poderá recorrer-se à terapêutica hormonal (bloqueio androgénico completo, podendo passar pela castração). A quimioterapia está reservada para os casos avançados. De salientar que o diagnóstico e o tratamento precoce são fundamentais para uma maior eficácia terapêutica e eventual cura. A manutenção de hábitos de vida saudáveis, nomeadamente uma dieta rica em frutas, leguminosas, cereais e com menos gordura, principalmente de origem animal, ajuda a diminuir o risco de cancro assim como o exercício físico diário, pelo menos 30 minutos, o combate a obesidade e a diminuição do consumo do álcool e não fumar. A necessidade dum bom apoio familiar é fundamental pelo impacto psicológico que estes tumores exercem sobre os doentes. Se o diagnóstico e tratamento precoces não forem realizados, a taxa de mortalidade aumenta consideravelmente causando um grande impacto económico nos custos da saúde. Vamos todos juntos, sensibilizar a população para esta patologia do homem, que todos os meses sejam NOVEMBRO AZUL!

 


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