OUTUBRO 2023
ENVELHECER ATIVAMENTE
Dr. Rui T. Ornelas
Professor Universitário da UMa
Envelhecer Ativamente

É recomendado pela OMS que pessoas de todas as idades devem realizar regularmente AF aeróbia de intensidade moderada a vigorosa (tal como o andar ou a corrida), bem como realizar atividades de fortalecimento muscular pelo menos 2X por semana.

A esperança de vida à nascença não pára de crescer desde há várias décadas. Mais importante do que vivermos muito, interessa perceber em que condições vivemos esse tempo. Aqui entram os conceitos de esperança de vida ativa e esperança de vida livre de incapacidade. Ou seja, interessa- -nos viver mais, mas desde que mentalmente bem e ativos, fisicamente independentes e sem doenças crónicas e suas comorbilidades que nos atirem para uma cama ou para uma cadeira de rodas, muitas vezes sem sequer saber onde estamos ou reconhecer aqueles que nos são tão próximos. O que fazer então? Controlando fatores de risco, particularmente aqueles que podemos modificar, tais como: o excesso de peso e obesidade, o hábito de fumar, a pressão arterial, a nutrição e a quantidade de atividade física (AF) que acumulamos ao longo do dia. É exatamente sobre este último, o sedentarismo, que vos quero falar. Fruto da enorme evolução tecnológica, atualmente, para habitarmos com segurança, para nos deslocarmos, comunicar com os outros e adquirir os nossos bens materiais e alimentares, não necessitamos de realizar muito esforço físico. Muitos de nós, se quisermos, particamente não realizamos AF nenhuma para viver. O preço a pagar por este comodismo é, no entanto, bastante elevado. A ampla investigação produzida neste âmbito e veiculada pelo ACSM (American College of Sports Medicine), concluiu que a AF realizada regularmente: melhora significativamente a saúde geral, pode reduzir o risco de doença cardíaca em 40%, de AVC em 27%, de hipertensão em cerca de 50%, de diabetes Tipo II em cerca de 50%, da mortalidade e o risco de cancro da mama recorrente em cerca de 50%, de cancro do colon em mais de 60%, de desenvolver a doença de Alzheimer em 1 terço e pode reduzir a depressão de forma tão eficaz quanto a medicação ou terapias comportamentais, apenas para citar alguns exemplos. Em idosos, a atividade física ajuda a prevenir quedas e lesões relacionadas, para além de contribuir para a melhoria da saúde óssea e da sua capacidade funcional geral. Para além dos efeitos a nível físico e mental, a componente social, pode ser amplamente desenvolvida nos praticantes de AF em todas as idades e, particularmente, naqueles em idades mais avançadas que, muitas vezes, vivem sozinhos, isolados, com toda a carga negativa que isso implica para o seu bem-estar, saúde e alegria de viver. A prática de AF pode e deve constituir-se como um veículo de excelência para este bem-estar social. Uma vez que o nosso processo de perda de capacidade funcional e envelhecimento começa bem cedo na vida, é fundamental que em todas as suas etapas, desde a infância, passando pela adolescência, idade adulta e depois idosa, devamos incluir a AF regular no nosso leque de comportamentos saudáveis protegendo de forma significativa contra as doenças crónicas supracitadas. Assim, é recomendado pela OMS que pessoas de todas as idades devem realizar regularmente AF aeróbia de intensidade moderada a vigorosa (tal como o andar ou a corrida), bem como realizar atividades de fortalecimento muscular pelo menos 2X por semana. 

MAIS NOVOS DEVEM FAZER ATIVIDADE FÍSICA 
Os mais novos (até 17 anos) deviam acumular 60 min de atividade moderada a vigorosa por dia (tal como o correr, praticar desportos ou simplesmente se deslocar para a escola andando ou pedalando). Os adultos deveriam acumular entre 150 a 300 min de AF aeróbia de intensidade moderada ou 75 a 150 min de AF de intensidade vigorosa ao longo da semana. Desde que possam, os mais idosos (acima dos 65 anos) devem seguir as mesmas diretrizes dos adultos. Devem ainda ter bem presente o seguinte: praticar alguma AF é melhor do que nenhuma; devem começar com pequenas quantidades e aumentar gradualmente a frequência, intensidade e duração ao longo do tempo; limitar o tempo em comportamento sedentário e substituí-lo com mais AF de qualquer intensidade (mesmo baixa intensidade). Em suma, desta forma, estaríamos a contribuir de forma muito eficaz para limitar o surgimento de doenças crónicas em número, gravidade e fatalidade e, dessa forma, envelhecer ativamente e saudavelmente desde muito cedo na vida.

Exemplos de algumas medidas públicas:
- Continuar atuando em prol da pedestrianização das cidades. 
- Investir em especialistas do exercício físico que possam orientar e prescrever a atividade física dos cidadãos nos grandes complexos desportivos da Região, Jardins Públicos e algumas vias mais movimentadas e usadas pela população. 
- Sempre que possível, criar espaços/corre- dores nas vias públicas que permitam ao cidadão se deslocar andando, correndo ou pedalando.
- Criar nos nossos jardins, os chamados circuitos saudáveis que incluem aparelhos que permitem exercitar os diferentes grupos musculares.
- As escolas devem abrir incondicionalmente os seus espaços de prática desportiva, incentivando e sensibilizando os mais jovens desde cedo para adquirirem o hábito e prazer de praticar exercício físico ao longo da vida.


 


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