Dr. Rui T. Ornelas Professor Universitário da UMa É recomendado pela OMS que pessoas de todas as idades devem realizar regularmente AF aeróbia de intensidade
moderada a vigorosa (tal como o andar ou a corrida), bem como realizar atividades de fortalecimento muscular
pelo menos 2X por semana. A esperança de vida à nascença não pára de crescer desde há
várias décadas. Mais importante
do que vivermos muito, interessa
perceber em que condições vivemos esse tempo. Aqui entram os
conceitos de esperança de vida
ativa e esperança de vida livre de
incapacidade. Ou seja, interessa-
-nos viver mais, mas desde que
mentalmente bem e ativos, fisicamente independentes e sem
doenças crónicas e suas comorbilidades que nos atirem para uma
cama ou para uma cadeira de rodas, muitas vezes sem sequer saber onde estamos ou reconhecer
aqueles que nos são tão próximos.
O que fazer então? Controlando
fatores de risco, particularmente aqueles que podemos modificar, tais como: o excesso de peso
e obesidade, o hábito de fumar,
a pressão arterial, a nutrição e
a quantidade de atividade física
(AF) que acumulamos ao longo
do dia. É exatamente sobre este último, o sedentarismo, que
vos quero falar. Fruto da enorme
evolução tecnológica, atualmente,
para habitarmos com segurança,
para nos deslocarmos, comunicar
com os outros e adquirir os nossos
bens materiais e alimentares, não
necessitamos de realizar muito
esforço físico. Muitos de nós, se
quisermos, particamente não realizamos AF nenhuma para viver. O
preço a pagar por este comodismo
é, no entanto, bastante elevado.
A ampla investigação produzida neste âmbito e veiculada pelo
ACSM (American College of Sports
Medicine), concluiu que a AF realizada regularmente: melhora significativamente a saúde geral, pode
reduzir o risco de doença cardíaca
em 40%, de AVC em 27%, de hipertensão em cerca de 50%, de
diabetes Tipo II em cerca de 50%,
da mortalidade e o risco de cancro
da mama recorrente em cerca de
50%, de cancro do colon em mais
de 60%, de desenvolver a doença
de Alzheimer em 1 terço e pode
reduzir a depressão de forma tão
eficaz quanto a medicação ou terapias comportamentais, apenas
para citar alguns exemplos.
Em idosos, a atividade física ajuda a prevenir quedas e lesões relacionadas, para além de contribuir
para a melhoria da saúde óssea e
da sua capacidade funcional geral.
Para além dos efeitos a nível físico
e mental, a componente social,
pode ser amplamente desenvolvida nos praticantes de AF em todas as idades e, particularmente,
naqueles em idades mais avançadas que, muitas vezes, vivem
sozinhos, isolados, com toda a
carga negativa que isso implica
para o seu bem-estar, saúde e
alegria de viver.
A prática de AF pode e deve
constituir-se como um veículo
de excelência para este bem-estar social. Uma vez que o nosso
processo de perda de capacidade
funcional e envelhecimento começa bem cedo na vida, é fundamental que em todas as suas etapas, desde a infância, passando
pela adolescência, idade adulta
e depois idosa, devamos incluir
a AF regular no nosso leque de
comportamentos saudáveis protegendo de forma significativa
contra as doenças crónicas supracitadas.
Assim, é recomendado pela
OMS que pessoas de todas as
idades devem realizar regularmente AF aeróbia de intensidade
moderada a vigorosa (tal como o
andar ou a corrida), bem como
realizar atividades de fortalecimento muscular pelo menos 2X
por semana. MAIS NOVOS DEVEM FAZER ATIVIDADE FÍSICA Os mais novos (até 17 anos) deviam acumular 60 min de atividade moderada a vigorosa por dia
(tal como o correr, praticar desportos ou simplesmente se deslocar para a escola andando ou
pedalando). Os adultos deveriam
acumular entre 150 a 300 min de
AF aeróbia de intensidade moderada ou 75 a 150 min de AF de
intensidade vigorosa ao longo da
semana. Desde que possam, os
mais idosos (acima dos 65 anos)
devem seguir as mesmas diretrizes dos adultos. Devem ainda ter
bem presente o seguinte: praticar alguma AF é melhor do que
nenhuma; devem começar com
pequenas quantidades e aumentar gradualmente a frequência,
intensidade e duração ao longo do
tempo; limitar o tempo em comportamento sedentário e substituí-lo com mais AF de qualquer
intensidade (mesmo baixa intensidade). Em suma, desta forma,
estaríamos a contribuir de forma
muito eficaz para limitar o surgimento de doenças crónicas em
número, gravidade e fatalidade
e, dessa forma, envelhecer ativamente e saudavelmente desde
muito cedo na vida. Exemplos de algumas medidas públicas: - Continuar atuando
em prol da pedestrianização das
cidades. - Investir em especialistas do exercício físico que
possam orientar e
prescrever a atividade física dos
cidadãos nos grandes complexos desportivos da Região,
Jardins Públicos e
algumas vias mais
movimentadas e
usadas pela população. - Sempre que possível, criar espaços/corre- dores nas vias públicas que permitam ao
cidadão se deslocar andando, correndo ou
pedalando. - Criar nos nossos jardins, os chamados circuitos saudáveis que incluem aparelhos que
permitem exercitar os diferentes grupos
musculares. - As escolas devem abrir incondicionalmente
os seus espaços de prática desportiva, incentivando e sensibilizando os mais jovens
desde cedo para adquirirem o hábito e prazer de praticar exercício físico ao longo da
vida. |