SETEMBRO 2023
MOSQUITO AEDES AEGYTI, FOCO DE ATENçãO EM SAúDE PúBLICA
Dra. Bruna Gouveia
Sub Diretora Regional de Saúde
Mosquito AEDES AEGYTI, foco de atenção em saúde pública

É esta vigilância que nos permite confirmar que, à data, não existem casos autóctones de doença transmitidas pelo mosquito Aedes aegyti na Madeira. Permite-nos ainda identificar e notificar casos importados de doença, que surgem pontualmente e são incluídos em Alertas de Saúde Pública ou comunicados específicos emitidos pela DRS. Por exemplo, o último caso importado de dengue reportado na região foi em 2022.

O MOSQUITO AEDES AEGYTI ESTÁ EM TODO O MUNDO E NESTA ALTURA DO ANO, NA SUA MAIOR ATIVIDADE. APESAR DE TERMOS O MOSQUITO ENTRE NÓS, AS DOENÇAS QUE CAUSA NÃO CIRCULAM PELA MADEIRA DESDE O SURTO EM 2012-2013. AO JM SAÚDE, A DRA. BRUNA GOUVEIA, EXPLICA O QUE TEM SIDO FEITO. PORQUE É QUE A PRESENÇA DO MOSQUITO AEDES AEGYTI PODE AFETAR A SAÚDE PÚBLICA?

Os riscos associados às doenças transmitidas por vetores são globais e crescentes, sendo o mosquito Aedes aegyti um vector relevante nesta problemática, em todo o mundo. A elevada mobilidade de pessoas, animais e mercadorias e as alterações climáticas, favorecem a expansão e o estabelecimento de espécies invasoras e a emergência ou reemergência de zoonoses (doenças transmitidas ao homem por animais). O mosquito Aedes aegypti, quando infetado, pode transmitir doenças como a Dengue, Febre Amarela, Chikungunya e Zika. Na Madeira, embora não circulem estas doenças (não existem casos autóctones desde o surto de 2012-2013), as autoridades de saúde monitorizam permanentemente a atividade deste vector, presente na região desde 2005, e implementam ações na comunidade para reduzir a população deste mosquito. Os casos de doenças transmitidas por este vetor têm vindo a aumentar em todo o mundo e a surgir em locais onde não existia transmissão destas doenças. Por exemplo, desde o início de agosto de 2023, foram reportados casos dengue em Itália e França e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) reforçou o alertou para o risco acrescido de doenças transmitidas por mosquitos na União Europeia, dada a disseminação de mosquitos da espécie Aedes.

QUAL É A ESTRATÉGIA PARA CONTROLO DO MOSQUITO AEDES AEGYTI NA RAM? QUE GUIDELINES TEM COMO REFERÊNCIA?

A presença deste tipo de vector exige mecanismos complexos e dinâmicos, para que os organismos de saúde pública sejam capazes de garantir uma deteção precoce de quaisquer casos humanos de doenças transmitidas por mosquitos (arboviroses), realizar avaliações rápidas de risco, integrar nova evidência científica sobre os vetores e os agentes patogénicos que estes podem transmitir, coordenar uma resposta eficaz aos surtos e comunicar adequadamente os riscos, a fim de gerir adequadamente uma potencial emergência de saúde pública a nível local, regional, nacional e internacional. Considerando uma componente epidemiológica, que pressupõe o alerta e a preparação para resposta a situações de emergência; na Região Autónoma da Madeira, a estratégia regional prioriza o reforço do controlo do vector, através da capacitação, da melhoria da vigilância e de ações coordenadas e integradas, no que respeita a sectores e a doenças, tendo como principal referencial o “The Global vector control response 2017–2030” (OMS, 2017). Além de suportar a manutenção, expansão e inovação no sistema de vigilância entomológica implementado na nossa região, a estratégia regional prevê medidas de controlo, essencialmente baseadas na eliminação de criadouros e na captura de mosquitos. Importa lembrar que lidamos com um mosquito com elevada resistência aos vários inseticidas autorizados na Europa, pelo que o uso de químicos não é uma alternativa na estratégia de controlo. Uma outra área de relevo na estratégia regional definida e implementada pela Direção Regional da Saúde (DRS) é a investigação e inovação, que sustenta o conhecimento do vector e a melhoria das ações de vigilância e controlo. Neste domínio, a região tem participado e promovido vários projetos de investigação, em parceira com entidades de referência internacionais, com objetivos que vão desde a criação de sistemas integrados de alerta para o risco de transmissão de doenças, estudos de resistência a inseticidas, competência vectorial e origem/genética do Aedes aegypti, avaliação do efeito de medidas de controlo, estudo da literacia da população em relação a medidas de controlo e o desenvolvimento e efetividade de tecnologia aplicada, designadamente, de armadilhas “inteligentes” e de aplicações de suporte às ações de prospeção e vigilância. 

A VIGILÂNCIA É UMA ÁREA FUNDAMENTAL PARA A SAÚDE PÚBLICA. COMO DESCREVE O SISTEMA DE VIGILÂNCIA IMPLEMENTADO NA REGIÃO?

Seguindo as recomendações internacionais, o sistema de vigilância implementado na região é um sistema integrado, considerando a vigilância epidemiológica, a identificação de fatores de risco e a vigilância entomológica. No que respeita à vigilância epidemiológica, esta é baseada em dados clínicos e laboratoriais, que permitem a rápida identificação e o reporte de casos de doença transmitida por Aedes aegyti. São intervenientes os recursos da DRS na área da epidemiologia e estatística, todas as autoridades de saúde, os vários profissionais e entidades do Sistema Regional de Saúde, havendo colaboração de as instituições nacionais (DGS, INSA) e internacionais (ECDC). É esta vigilância que nos permite confirmar que, à data, não existem casos autóctones de doença transmitidas pelo mosquito Aedes aegyti na Madeira. Permite- -nos ainda identificar e notificar casos importados de doença, que surgem pontualmente e são incluídos em Alertas de Saúde Pública ou comunicados específicos emitidos pela DRS. Por exemplo, o último caso importado de dengue reportado na região foi em 2022. Sobre os fatores de risco a considerar no sistema de vigilância, estes podem ser variados e provenientes de múltiplas fontes, numa perspetiva de “epidemic intelligence”, permitindo detetar, verificar e investigar quaisquer potenciais riscos para a saúde. No que respeita à vigilância entomológica, esta focada no vector, pressupõe principalmente a monitorização da positividade, densidade e distribuição geográfica do mosquito Aedes aegypti, fazendo-se ainda a identificação de novos invasores e a pesquisa de agentes patogénicos (vírus) no mosquito Aedes aegypti (em articulação com o programa nacional REVIVE). Neste campo, monitorizamos de forma integrada dados climatológicos, com a colaboração do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.


 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal