AGOSTO 2023
COMO GERIR O REGRESSO àS AULAS PARA AS CRIANçAS
Dra. Ana Maria Caires
Psicologia Clínica e Psicoterapia
Como gerir o regresso às aulas para as crianças

Este período pode suscitar tanto de entusiasmo, alegria, saudade, como de melancolia, preocupação e até angústia. 

Preparar a criança para esta nova etapa, ao levá-la a conhecer a escola previamente (caso seja possível) e ao conversar com ela acerca dos aspetos positivos e cativantes sobre a escola, pode ser apaziguador.

Logo após as férias grandes, o regresso às aulas é um período muito singular. Termina uma fase de lazer bem vivida em família, e aproxima-se a vinda de um novo ritmo com a imposição de um conjunto de exigências para as crianças, os jovens, os pais/cuidadores e os professores. Este período pode suscitar tanto de entusiasmo, alegria, saudade, como de melancolia, preocupação e até angústia. O regresso às aulas desperta expectativas e dúvidas por parte dos futuros alunos, das suas famílias e dos professores. Por isso, é comum o aparecimento de algum stresse. As mudanças escolares que acontecem segundo as particularidades de cada nível de ensino, (tais como as mudanças de estabelecimento escolar, de turma, de professores, de salas e de horários) contribuem para o aparecimento de algumas manifestações de ansiedade geralmente passageiras e naturais. No entanto, existem situações mais específicas em que o regresso às aulas pode ser vivido com aflição, inquietação, e incerteza, por exemplo quando foram vividas experiências negativas e dolorosas nos anos anteriores; e também quando há a perceção e o sentimento de que é difícil compreender e lidar com o que escola representa e implica. Nestas situações, o regresso à escola pode estar associado a uma ansiedade mais significativa. As crianças mais pequenas (dos 3 aos 6 anos) que ingressam pela primeira vez num estabelecimento de ensino e os seus pais, podem naturalmente sentir-se um pouco nervosos. Como a criança ainda tem episódios de ansiedade de separação ocasionais atendendo ao seu desenvolvimento psicológico, é possível que os pais possam temer pela reação da criança aquando da separação, e a sua própria reação perante tal situação. Preparar a criança para esta nova etapa, ao levá-la a conhecer a escola previamente (caso seja possível) e ao conversar com ela acerca dos aspetos positivos e cativantes sobre a escola, pode ser apaziguador. É importante ter presente que a escola é um local seguro, de descoberta e de aprendizagem e que para a criança será um tempo bastante proveitoso, positivo, que a ajudará a consolidar a sua autonomia. Outra estratégia extremamente útil nesta preparação, é a criação ou o retomar de rotinas para a criança na vida familiar. É que as rotinas proporcionam previsibilidade, segurança emocional e autonomia na criança, uma vez que esta pode aprender regras, treinar competências, e sentir-se mais confiante, sabendo o que a espera e sentindo que tem algum controlo sobre o que se passa. 

COMO GERIR O MOMENTO DE SEPARAÇÃO 
Este período pode suscitar tanto de entusiasmo, alegria, saudade, como de melancolia, preocupação e até angústia. Em relação ao momento de separação, os pais de crianças mais pequenas podem seguir os passos seguintes:

a) Diga ao seu filho(a) que vai embora, de modo firme; Não minta e não saia às escondidas porque assim deixará a criança ainda mais insegura. 
b) Faça a despedida sem demoras, com um abraço ou beijo. Fale em algo positivo sobre o tempo que a criança vai ficar na escola. Diga-lhe quando é que voltará a vê-lo/a, quando e quem é que irá buscá-lo/a. 
c) E quando voltar, cumprimente o seu filho/a carinhosamente e com alegria. Demonstre-lhe que está feliz por vê-lo/a.

COMO OS PAIS DEVEM GERIR O REGRESSO ÀS AULAS

Antes das aulas, retomar o seguimento das rotinas e dos horários familiares é igualmente essencial.

Para os pais, o início das aulas pode ser um momento emocionalmente intenso porque é reconhecer que a criança está a crescer e a tornar-se mais independente, e já não tão bebé e/ou pequena; e porque por vezes para alguns pais a escola traz lembranças sofredoras. O que é essencial fazer, por parte destes pais, é sobretudo evitar transmitir este eventual desconforto emocional à criança. Habitualmente, as crianças mais velhas e os jovens têm mais consciência das obrigações e da sobrecarga que o regresso às aulas envolve, e podem consequentemente sentir mais stresse com a pressão da avaliação e do sucesso escolar. Uma das formas eficazes para ajudar os filhos a lidar com este stresse é os pais estabelecerem uma comunicação aberta e apoiante com os seus filhos, escutando-os e validando os seus sentimentos. Antes das aulas, retomar o seguimento das rotinas e dos horários familiares é igualmente essencial. A organização e a participação colaborativa entre pais e filhos na planificação das tarefas também são fundamentais, pelo que há que dedicar um certo tempo para a aquisição e a adaptação do material escolar, o vestuário preciso, e a obtenção de informações e documentos precisos (listas, datas e horários). Recomenda-se que esta planificação seja feita com um pouco de antecedência para diminuir o stresse (de última hora), e assim poupar esforços e despesas supérfluas. Uma atitude paciente, confiante e proactiva por parte dos pais é extremamente benéfica para os filhos, pois são os pais que transmitem segurança e são um modelo positivo a seguir, o que é um precioso reconforto para os filhos e assim não se sentirão tão nervosos. 

PROFESSORES DEVEM PRIORIZAR TEMA PRINCIPAL 
Antes das aulas, retomar o seguimento das rotinas e dos horários familiares é igualmente essencial” E os professores têm filhos, pelo que a pressão pode ser imensa, ao ter de gerir-se o regresso às aulas duplamente. Para lidar com esta pressão, saber gerir o stress, ter a capacidade em organizar as tarefas segundo o seu grau de prioridade, saber planear.

Em relação aos professores, tendemos por vezes a esquecer que podem também sentir bastante stresse. É que para a maioria, o regresso às aulas começa bem mais cedo, devido a toda a preparação que deve ser realizada e gerida antes do início do ano letivo, e é preciso agendar e estruturar inúmeras atividades escolares, consoante o nível de ensino, a turma, as necessidades dos alunos e da escola enquanto instituição. E os professores têm filhos, pelo que a pressão pode ser imensa, ao ter de gerir-se o regresso às aulas duplamente. Para lidar com esta pressão, saber gerir o stress, ter a capacidade em organizar as tarefas segundo o seu grau de prioridade, saber planear, distribuir tarefas em equipa, e permitir-se fazer pausas sem se sentir culpado, são várias estratégias que podem ajudar. Os primeiros dias de aulas poderão ser um desafio, mas facilmente acontecerá a integração na escola, o stresse inicial começará a desaparecer e a repetição acabará por ser uma rotina. Uma excelente rentrée para todos!

 


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