"Fui mãe com 18 anos" Beatriz Gomes conta-nos, na primeira pessoa, a sua experiência de ser mãe com
apenas 18 anos. Desengane-se quem pensa que isso a impediu de alcançar os
seus sonhos e objetivos. Terminou a licenciatura em biologia, trabalha e até dá
explicações de biologia Qual foi a sensação de saber que
estavas grávida? Fui mãe com 18 anos. Quando soube que
estava grávida fiquei em choque e o meu primeiro pensamento foi "como é que posso
ter deixado isto acontecer? O que vou fazer
agora?". Entrei em choque e só queria que de
alguma forma aquela situação se resolvesse,
porque não trabalhava e porque iria desiludir
os meus pais. Por sorte, a minha mãe estava
lá comigo e deu-me confiança e força. Passado o choque, comecei a sentir uma repentina
sensação de alívio por saber que os meus pais
não estavam desiludidos comigo e porque lá
no fundo eu sempre tinha pensado ser mãe
(mas claro não tão cedo). Quais foram as razões que te motivaram a seguir em frente com a gravidez
apesar da idade? Para ser sincera, no momento que soube,
só queria desistir, mas não podia porque já
estava de 12 semanas. Por isso, o facto de
não poder desistir deu-me força e já que não
podia desfazer o que estava feito. Só podia
aceitar e continuar e dar o meu melhor. Passado umas semanas, quando comecei a sentir
a minha barriga a se mexer tive a certeza que
mesmo que tivesse oportunidade de desistir
não iria, porque estava lá, na minha barriga,
o meu sonho de vida.
Para além disso, os meus pais começaram
a contar aos amigos mais chegados que iriam
ser avós e pareciam tão orgulhosos a dizer isso, que também acabou por me dar força para
continuar. Também tive o apoio das minhas
melhores amigas, que atualmente uma é a
madrinha do meu filho, e todos estes apoios
incondicionais ajudaram-me a ter coragem
de continuar de cabeça erguida. Alguma vez achaste que foste mãe muito cedo? Sim, e às vezes ainda penso (apesar de já ter passado 4 anos), mas
depois penso para mim que assim terei mais energia durante mais
tempo para estar com o meu filho, brincar e aproveitá-lo mais. Hoje em dia estudas e já trabalhas. Tem
sido muito complexo lidar com tudo isso? No início era mais complicado, pois ainda não sabia conciliar tudo. Mas agora é mais fácil visto que o
meu filho já está maior e já está mais independente,
permitindo me estudar e fazer trabalhos. “Uma mãe adolescente precisa
é de alguém que acredite nela” “Ser mãe na adolescência foi uma das fases mais desafiadoras da minha vida. A minha bebé nasceu e foi como
se, de um momento para o outro eu já não era mais criança, mas era.
Tive de lidar com críticas, com o olhar reprovador da
sociedade, com o abandono e julgamento familiar, e com
toda a avalanche de sentimentos novos de uma adolescente, que agora era mãe. Abortar nunca foi opção, mas
eu lembro-me das inúmeras vezes que adormeci a chorar,
sem apoio familiar, sem ter o que dar à minha bebé para
comer, dos dias que fui para a escola sem ter dormido, e
das tentativas falhadas de lhe dar o meu melhor.
E como é que uma mãe adolescente dá o seu melhor
sem recursos, apoio e sem exemplos?
Foi com a ajuda incansável de uma família amiga e de
três professoras que descobri o Centro da Mãe.
O centro e lar foram essenciais na minha transformação
e crescimento enquanto jovem mãe.
Este foi extremamente importante para eu ter a estabilidade pessoal e emocional para cuidar de mim e da minha filha.
Enquanto residente do lar eu tive oportunidade de terminar o curso profissional, a bênção de proporcionar à
minha bebé um lugar calmo e seguro onde pôde crescer.
Tudo o que uma mãe adolescente precisa é de alguém
que acredite nela e ali eu tive.
Ganhei uma família de amor, que me
encorajou, incentivou e me deu
toda a base necessária para eu
seguir o meu caminho forte
e confiante.
Sou muito grata pelo
privilégio que foi ter quem
acreditasse em mim”.
- Andreia Gamelas |