JULHO 2023
FUI MãE COM 18 ANOS
"Fui mãe com 18 anos"

Beatriz Gomes conta-nos, na primeira pessoa, a sua experiência de ser mãe com apenas 18 anos. Desengane-se quem pensa que isso a impediu de alcançar os seus sonhos e objetivos. Terminou a licenciatura em biologia, trabalha e até dá explicações de biologia

Qual foi a sensação de saber que estavas grávida? 
Fui mãe com 18 anos. Quando soube que estava grávida fiquei em choque e o meu primeiro pensamento foi "como é que posso ter deixado isto acontecer? O que vou fazer agora?". Entrei em choque e só queria que de alguma forma aquela situação se resolvesse, porque não trabalhava e porque iria desiludir os meus pais. Por sorte, a minha mãe estava lá comigo e deu-me confiança e força. Passado o choque, comecei a sentir uma repentina sensação de alívio por saber que os meus pais não estavam desiludidos comigo e porque lá no fundo eu sempre tinha pensado ser mãe (mas claro não tão cedo).

Quais foram as razões que te motivaram a seguir em frente com a gravidez apesar da idade? 
Para ser sincera, no momento que soube, só queria desistir, mas não podia porque já estava de 12 semanas. Por isso, o facto de não poder desistir deu-me força e já que não podia desfazer o que estava feito. Só podia aceitar e continuar e dar o meu melhor. Passado umas semanas, quando comecei a sentir a minha barriga a se mexer tive a certeza que mesmo que tivesse oportunidade de desistir não iria, porque estava lá, na minha barriga, o meu sonho de vida. Para além disso, os meus pais começaram a contar aos amigos mais chegados que iriam ser avós e pareciam tão orgulhosos a dizer isso, que também acabou por me dar força para continuar. Também tive o apoio das minhas melhores amigas, que atualmente uma é a madrinha do meu filho, e todos estes apoios incondicionais ajudaram-me a ter coragem de continuar de cabeça erguida.

Alguma vez achaste que foste mãe muito cedo? 
Sim, e às vezes ainda penso (apesar de já ter passado 4 anos), mas depois penso para mim que assim terei mais energia durante mais tempo para estar com o meu filho, brincar e aproveitá-lo mais. 

Hoje em dia estudas e já trabalhas. Tem sido muito complexo lidar com tudo isso? 
No início era mais complicado, pois ainda não sabia conciliar tudo. Mas agora é mais fácil visto que o meu filho já está maior e já está mais independente, permitindo me estudar e fazer trabalhos. 

“Uma mãe adolescente precisa é de alguém que acredite nela” 
“Ser mãe na adolescência foi uma das fases mais desafiadoras da minha vida. A minha bebé nasceu e foi como se, de um momento para o outro eu já não era mais criança, mas era. Tive de lidar com críticas, com o olhar reprovador da sociedade, com o abandono e julgamento familiar, e com toda a avalanche de sentimentos novos de uma adolescente, que agora era mãe. Abortar nunca foi opção, mas eu lembro-me das inúmeras vezes que adormeci a chorar, sem apoio familiar, sem ter o que dar à minha bebé para comer, dos dias que fui para a escola sem ter dormido, e das tentativas falhadas de lhe dar o meu melhor. E como é que uma mãe adolescente dá o seu melhor sem recursos, apoio e sem exemplos? Foi com a ajuda incansável de uma família amiga e de três professoras que descobri o Centro da Mãe. O centro e lar foram essenciais na minha transformação e crescimento enquanto jovem mãe. Este foi extremamente importante para eu ter a estabilidade pessoal e emocional para cuidar de mim e da minha filha. Enquanto residente do lar eu tive oportunidade de terminar o curso profissional, a bênção de proporcionar à minha bebé um lugar calmo e seguro onde pôde crescer. Tudo o que uma mãe adolescente precisa é de alguém que acredite nela e ali eu tive. Ganhei uma família de amor, que me encorajou, incentivou e me deu toda a base necessária para eu seguir o meu caminho forte e confiante. Sou muito grata pelo privilégio que foi ter quem acreditasse em mim”. - Andreia Gamelas

 


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