JULHO 2023
É DIFíCIL UMA ADOLESCENTE ESTAR PREPARADA PARA A MATERNIDADE
Dr. Luis Farinha 
Diretor do Serviço de Ginecologia do SESARAM
"É difícil uma adolescente estar preparada para a maternidade"

Nos últimos dez anos houve um decréscimo gradual e significativo do número de mães em idade adolescente na Região. O médico Diretor do Serviço de Ginecologia do SESARAM, Luís Miguel Farinha, enumera vários dos problemas que estas mães atravessam. Mesmo quando os casos são de sucesso. 

O Diretor do Serviço de Ginecologia do SESARAM, o médico Luís Miguel Farinha aceitou o desafio do JM Saúde de abordar a problemática da maternidade na adolescência. Para este médico, a redução do números de mães adolescentes na última década é significativa. “A avaliação dos números reporta ao critério de adolescente entre os 15 e os 19 anos. Os números na RAM evoluíram com um número decrescente entre 2013 e 2022 Em 2013 o número de mães adolescentes foi de 52, em 2014 de 31, em 2015 de 24, em 2020 de 28 e em 2022 de 13”, refere. Para este médico, estes números devem-se a uma aposta de sucesso “nas políticas sociais, de educação e de saúde da RAM”. Mas Luís Miguel Farinha não puxa os ‘louros’ apenas às políticas do Governo Regional e na sua análise elogia o trabalho de várias instituições. “É o resultado de uma tarefa que a todos compromete começando pela família com a sua contribuição informativa na vertente da sexualidade, das escolas com a existência de aulas sobre a fisiologia dos órgãos sexuais e temas consagrados à sexualidade, aos Cuidados de Saúde Primários -médicos e de enfermagem com toda a sua disponibilidade para receber as jovens adolescentes e abordar estes temas, aos Cuidados Hospitalares pela existência de consultas especificas de planeamento familiar para este grupo etário. Não devemos esquecer o papel relevante também dos pediatras e dos ginecologistas no setor privado”, assume. Este trabalho de relevo para que a consciencialização da população juvenil da Região, tem ainda outro foco de sucesso para o Luís Miguel Farinha. “Não basta haver informação é necessária que ela seja descodificada, entendida, assimilada e praticada. O acesso à informação cada vez mais presente e as políticas de saúde com a facilidade de acesso às consultas e métodos de planeamento familiar contribuem para esta melhoria. Continua a ser importante o papel de toda a comunicação social na informação continuada e repetida sobre alguns temas da saúde”. O médico especialista em ginecologia, afirma ainda, pela experiência desenvolvida ao longo dos anos, que “é muito difícil uma jovem adolescente estar preparada para a maternidade. O apoio familiar é fundamental mesmo com a presença de Instituições vocacionadas para apoio a estas jovens grávidas”.

Evolução do número de mães adolescentes 
2013 – 52 
2014 – 31 
2015 – 24 
2020 – 28 
2022 - 13

Algumas complicações da gravidez na adolescência 
- Doenças Sexualmente Transmissivas; 
- Baixo ganho ponderal materno; 
- Infeções trato urinário; 
- Depressão; - Anemia; 
- Doença hipertensiva na gravidez; 
- Restrição de crescimento fetal com baixo peso ao nascer; 
- Rotura prematura de membranas; 
- Parto prematuro.


“A prematuridade é sempre um problema de saúde”

O médico Luís Miguel Farinha não tem dúvidas. “A prematuridade é sempre um problema de saúde. Na avaliação da prematuridade são vários os fatores a considerar nomeadamente a idade gestacional, presença de patologia fetal e/ou patologia materna e maturação fetal prévia. A qualidade dos Serviços de Ginecologia e Obstetrícia e os de Neonatologia e dos cuidados prestados contribui para a grande evolução dos resultados”, garante. Mas há mais problemas de outras índoles que podem surgir. “O primeiro e grande problema é o psicológico da adolescente grávida. Assumindo muitas vezes só, outras vezes com o seu jovem companheiro, prolongando o período até informar o familiar mais próximo, pela sua leitura da dificuldade familiar em compreender e apoiar esta etapa muito especial da sua vida. Depois, a própria família pela nova restauração daquele agregado familiar na fase da gravidez, mas especialmente nos pós-nascimento. A interferência na sua formação escolar muitas vezes e erradamente abandonado a escola não deve ser esquecida”, lamenta. O médico diz muito que estas gravidezes já não acontecem por défice de informação, mas pela dificuldade na descodificação de toda a informação. “A gravidez nestas idades não ocorre por défice de informação embora seja sempre necessário reforçar periodicamente. O acesso à internet faz parte da atividade diária das jovens. O recurso a métodos de planeamento familiar nos cuidados públicos de saúde também se encontra facilitado como acontece com o recurso à contraceção de emergência. Por vezes é a ocasião ou a descodificação de toda a informação aprendida, mas não aplicada o caminho para a ocorrência da gravidez”. 

Serviço de Ginecologia sempre nas escolas 
A redução gradual e até acentuada do número de mães adolescentes na opinião do médico Luís Miguel Farinha deve-se também a um trabalho de esclarecimento realizado junto das escolas da região. “Há mais de uma década que o Serviço de Ginecologia e Obstetrícia faz deslocar equipas médicas às escolas para ações de formação na área da sexualidade, Doenças de transmissão sexual (DTS) e gravidez. Esta é uma nossa contribuição para a sociedade. Continuamos disponíveis para colaborar a pedido de todas as Instituições de Ensino ou outras, mas também com a comunicação social sobre esta ou qualquer temática relacionada com a saúde da mulher”, destaca. E termina realçando a “melhoria das condições económicas e sociais, a proximidade das jovens aos cuidados médicos e aumento da literacia na saúde complementam esta lista de uma função não terminada, mas que a todos envolve”, sem se esquecer que não é possível “esquecer a existência da lei sobre a Interrupção voluntária da gravidez”.

 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal