JUNHO 2023
ESTAMOS A MUDAR A FORMA DE PENSAR E DE AGIR
Cristina Vaz de Almada e Isabel Fragoeiro
Coordenadores do Manual de Literacia em Saúde

"Assim, propomo-nos a melhorar o acesso, compreensão e uso dos recursos em saúde, a correta navegação no sistema, que visam decisões melhoradas, refletidas e acertadas, seja de indivíduos ou de grupos, que promovem e melhoram os resultados globais em saúde e bem-estar."

Cristina Vaz de Almeida, advogada com pós-graduação em psicologia, é uma das promotoras mais ativas da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde e que já conseguiu, inclusivamente, num excelente trabalho de equipa, que a Sociedade Portuguesa da Literacia em Saúde participasse, como perita, do próximo Plano Nacional de Literacia em Saúde e Ciência Comportamental. Para Cristina Vaz de Almeida, o cenário atual é aquele em que começam a surgir mudanças. “Estamos bem e estamos mal. Continuamos com níveis muito altos de pessoas com baixa literacia em saúde, mas estamos melhor pois começa a haver muitos projetos de literacia em saúde no terreno e com eficácia na mudança de comportamentos. Participamos como peritos no próximo Plano Nacional de Literacia em Saúde e Ciência Comportamental. Estamos muito ativos porque queremos que algo mude. Estamos a mudar a forma de pensar e de agir”, contextualiza. Para esta professora, a Literacia em Saúde começa a deixar de ser apenas um ‘palavrão’ para a sociedade portuguesa, da mesma forma que aos poucos começa a acompanhar aquilo que já é entendível para os médicos e comunidade científica. “Traduzir o que chama de "palavrão" é missão da sociedade portuguesa de literacia em saúde. Promover o sentido do conceito foi a nossa preocupação desde o início. E por isso um dos trabalhos que fizemos foi precisamente trabalhar essa parte conceptual”. É um trabalho evolutivo que acontece de mãos dadas entre o entendimento e o desenvolvimento do projeto. “Só nos apropriamos das coisas se soubermos o seu significado e como usá-las. O "Ensaio sobre o conceito" de literacia em saúde é isso mesmo: uma viagem sobre cada termo do conceito que nos deu muito prazer navegar por estes significados”. São vários os projetos a decorrer. “Enquanto sociedade com características e objetivos únicos a nível nacional, pretendemos desenvolver e fortalecer, através de parcerias multissetoriais e multiprofissionais, a promoção da saúde, prevenção da doença, educação para a saúde, comunicação em saúde que reforcem o nível de literacia em saúde da população”. E complementa. “Para este fim, sabemos que temos de investir em competências, e por isso, em mais conhecimento em saúde, desenvolvimento de capacidades e atitudes e comportamentos mais saudáveis e conscientes, dinâmicos e sempre atualizados, com vista a beneficiar os indivíduos, organizações, comunidades, profissionais de saúde, grupos, media, decisores políticos e outros, dentro dos respetivos contextos e ao longo do ciclo de vida”.

UNIVERSIDADES SENIORES E FARMÁCIAS PROMOVEM AÇÕES
Para acelerar todo este processo de esclarecimento da temática da Literacia em Saúde, a Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde tem promovido, com a colaboração com as universidades seniores e as farmácias, ações de esclarecimento. “Para além da formação a associações de doentes que envolve algumas associações de doentes na Madeira, temos um projeto a nascer com a Madeira que envolvem universidades seniores e farmácias para se gerar um processo de conhecimento através de ações de sensibilização para o medicamento e para a vacinação ao qual se seguem intervenções de criação de materiais (postais, cartazes, folhetos) que são criados pelos idosos e depois expostos nas farmácias aderentes. Este projeto é da SPLS e tem o apoio da ordem dos farmacêuticos”, explica a professora Vaz de Almeida. Mas há mais novidades. “Estamos também a desenvolver outros projetos ao longo do ciclo de vida que envolvem o contato direto com a população. Acreditamos que é preciso ir ter com a população e fazer intervenções nos contextos e de acordo com o ciclo de vida”.

O Manual de Literacia em Saúde
MANUAL DE LITERACIA EM SAÚDE. PRINCÍPIOS E PRÁTICAS. 
Coordenadoras: Cristina Vaz de Almeida e Isabel Fragoeiro
Editora: Pactor, 2021

Recentemente foi editado e apresentado o 1º Manual de Literacia em Saúde em Portugal, o que foi extensível à RAM. Este manual, enquadra-se no âmbito dos objetivos da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde, constituída em março de 2022 e que tem concretizado um conjunto de iniciativas abertas à participação dos cidadãos, catalisando a sua participação como construtores de comunidades mais saudáveis e inclusivas. O empoderamento dos cidadãos e a sua ação diária nos contextos de vida são essenciais para usufruírem de melhor saúde e para disfrutarem de níveis mais elevados de bem-estar. Um dos pilares da saúde é a literacia em saúde. Esta obra é um contributo para que aqueles que a utilizem, encontrem um conjunto de referenciais teóricos, científicos e também práticos, que os orientem na construção do respetivo projeto de saúde, tão importante para a prossecução do seu projeto de vida. Este Manual de Literacia em Saúde destina-se a todos os cidadãos. Compõem-no um conjunto de capítulos integradores de saberes diversos, aprofundados por entendidos na matéria, com formações profissionais e científicas diferenciadas, que se complementam, enriquecendo os diferentes ângulos e as dimensões, através dos quais se pode abordar a Literacia em Saúde. Faculta aos cidadãos o acesso a conhecimentos baseados em evidências científicas, que os tornam conhecedores e críticos da matéria, e que, contribuem para que compreendam o que pode entender-se por literacia em saúde e as mais valias advindas de investimento na mesma. Acrescem aos capítulos reflexões personalizadas de diferentes individualidades que têm assumido responsabilidades e funções primordiais a nível do país bem como a nível internacional, nomeadamente ligadas à saúde dos portugueses e à literacia em saúde a nível Europeu e da Organização Mundial de Saúde. O modo e o quanto a Literacia em Saúde pode influenciar o autocuidado, a saúde e o bem- -estar, em que âmbitos e situações as capacidades inerentes à literacia em saúde adquiridas ou aperfeiçoadas pelos cidadãos, podem ser mobilizadas em proveito do próprio, dos seus significativos e das comunidades, para torná-los mais fortalecidos, são assuntos igualmente abordados ao longo de diversos capítulos. Resta-nos deixar aqui o convite aos prezados leitores para que o consultem e o utilizem com proveito para pensar a sua saúde e para agirem na respetiva promoção quer a nível das comunidades onde se integram quer também na própria e dos seus mais significativos.


Quatro componentes primordiais do Manual de Literacia em Saúde:
1. Primórdios e evolução no tempo do conceito e de modelos estruturais compreensivos do que se considera ser a literacia em saúde; 
2. Metodologias científicas de desenvolvimento e aplicação; 
3. Contextos primordiais de desenvolvimento e aplicação quer universais, quer seletivos e específicos, atendendo às características das populações alvo; 
4. Pressupostos e considerações básicas fundamentais para assegurar a eficiência e os resultados pretendidos do investimento em literacia em saúde.



 


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