Dr. Tiago Castro Esteves Diretor do Serviço de Dermatologia SESARAM Apesar de parecer recorrente, a verdade é que os números de cancro na pele comprovam
que nunca é demais insistir neste tema. A incidência de vários tipos de cancro de pele
tem vindo a aumentar por culpa da exposição excessiva à radiação UV. Sol e Cancro de Pele A incidência dos vários tipos de
cancro da pele tem vindo a aumentar devido, essencialmente, à mudança de comportamentos a favor
de uma exposição à radiação UV
exagerada ou inadequada. A exposição solar lenta, progressiva e
com proteção adequada pode ter
vantagens clínicas, mas a exposição repetida ou a abrupta e intensa
além do fotoenvelhecimento precoce favorece os cancros da pele. O
cancro cutâneo é a neoplasia mais
frequente nos indivíduos de raça
caucasiana. Os carcinomas basocelulares e espinocelulares são os
tipos mais frequentes de cancro da
pele e representam no conjunto
cerca de 90% de todas as neoplasias
cutâneas. Nas últimas décadas verificou-se um aumento significativo
da incidência destas duas neoplasias na maior parte dos países europeus, EUA e Austrália. No nosso
país, embora não existam estatísticas fidedignas e atualizadas, os
dados disponíveis permitem-nos
uma estimativa de incidência anual
de 100 novos casos por 100.000
habitantes para o carcinoma basocelular e de cerca de 10 novos
casos por 100.000 habitantes para
o carcinoma espinocelular.
No entanto há um tipo de cancro
da pele muito agressivo, o Melanoma, o qual resulta da transformação
maligna dos melanócitos, as células
produtoras de melanina. Este tumor
pode surgir em qualquer pessoa e
em qualquer idade, quer a partir
de um sinal que já existia e que se
alterou quer como um sinal com
aparecimento de novo.
É importante referir que o Melanoma, quando observado e tratado
precocemente de modo adequado,
tem muito bom prognóstico (cura
superior a 90% dos casos), o que faz
com que a sua deteção precoce seja
extremamente importante. Que cuidados a ter com a exposição solar? É tão importante saber suspeitar da presença de uma lesão
maligna como saber preveni-la.
Uma vez que grande parte dos
casos de Cancro de Pele relacionam-se com a exposição solar é
extremamente importante fazer
uma proteção adequada da nossa
pele, ao longo de todo o ano, com
particular atenção às crianças e
adolescentes.
A pele das crianças é mais sensível ao Sol e o cuidado deve ser
redobrado. De salientar que as
queimaduras solares na infância
têm risco aumentado de desenvolver cancro cutâneo na idade
adulta. Neste caso, recomenda-se
o uso de protetores minerais (fazem um efeito barreira ao sol, não
penetrando na pele). Não devem
conter perfumes ou parabenos.
Embora sejam medidas gerais
extensíveis a todos, as crianças
devem ser protegidas além do
FPS, com vestuário com índice de
proteção 50+, chapéu de aba larga e óculos de sol. Resguardar as
atividades exteriores e/ou praia
para o início da manhã ou fim da
tarde (evitar o horário entre as
11h e as 16 horas).
Saber proteger-se, tendo especial atenção com as crianças,
permite desfrutar do sol de um
modo saudável e com grandes
benefícios, designadamente diminuindo a incidência do Cancro
da Pele e o fotoenvelhecimento
cutâneo. QUEM TEM MAIS RISCO DE DESENVOLVER UM MELANOMA? 1. Pessoas de pele clara,
com cabelo louro ou ruivo,
sardas ou olhos claros, que
tenham dificuldade em bronzear ou que “queimam” com
facilidade. 2. Quem tenha história de
queimaduras solares particularmente na infância, exposição crónica ao sol ou à radiação ultravioleta (solários). 3. O risco é maior nas pessoas com história pessoal ou
familiar de Melanoma e também naqueles com elevado
número de sinais (superior a
50) e/ou sinais cujo diâmetro
seja maior que 5 mm. |