Ricardo Sardinha Voluntário APC - Madeira A Doença Celíaca Chamo-me Ricardo Sardinha,
sou natural da Ilha da Madeira e
sou formado na área das Ciências
do Desporto. Aos 30 anos foi-me
diagnosticada a Doença Celíaca.
Com oito meses de idade comecei a emagrecer, a ficar com a barriga dilatada e com diarreias muito
frequentes. Este quadro arrastou-
-se e fui ficando cada vez mais debilitado ao ponto dos meus pais
terem de procurar assistência hospitalar.
Estava prostrado, desidratado e
anêmico, o que exigiu que fosse
internado.
Após alguns dias de testes e
análises, uma médica pediatra
soltou a possibilidade aos meus
pais que tratar-se-ia de um quadro de doença celíaca, mas que
para confirmar a suspeita desse
diagnóstico, seria necessário fazer
alguns exames complementares
como endoscopia, biópsia, etc.
Contudo, por ser muito novo e
sabendo que tratavam-se de exames invasivos e difíceis, os meus
pais não aceitaram que eu os fizesse.
A médica perante esta decisão,
informou aos meus pais que poderia regressar a casa, com a condição que eu tivesse uma dieta muito rigorosa, sem pão, massas etc.
Os meus pais desconheciam
por completo em que consistia
a doença e o impacto da mesma
no meu organismo, mas aceitaram
fazer-me a dieta (durante cerca de
2 anos) e gradualmente foram reintroduzindo todos os alimentos
que tinham sido evitados nesse
período, sendo que este episódio ficou praticamente esquecido.
Por volta dos meus 30 anos, comecei a apresentar um quadro
com diarreias, fraqueza muscular,
perda de peso, enjoos, etc... Estive cerca de 6 meses sem saber o
que se passava comigo, fui a vários
médicos, mas não detetavam nenhum problema, o que começou a
criar-me muita ansiedade.
Foi um período muito complicado e de pura aflição.
Um dia a minha mulher perguntou-me: “os teus pais não comentaram que em bebé tinhas ficado
internado com uma doença? Será
que está relacionado? Chegaste a
saber o que era?”
Marquei consulta com uma médica Gastroenterologista que após
algumas análises e testes confirmou o diagnóstico de doença celíaca. A partir desse dia, retirei o glúten por completo da minha alimentação e quase de imediato,
comecei a sentir-me muito melhor.
Recentemente a minha mãe foi
diagnosticada como celíaca, havendo ainda suspeitas que também o meu avô materno o fosse
tendo em conta as suas características físicas (barriga dilatada e
mal-estar intestinal constantes),
pelo que muito provavelmente o
meu diagnóstico deve-se à minha
herança genética materna.
Considero-me uma pessoa positiva e muito embora se fale em
“Doença” Celíaca, não me considero uma pessoa doente, pois
penso que ao contrário da maioria
das enfermidades, os celíacos não
necessitam de medicamentos para se sentirem melhor, bastando
retirar o glúten da alimentação
para o conseguirem.
Na ilha da Madeira, apesar de
desenvolvida em vários aspetos,
ainda não sentimos que exista conhecimento e sensibilidade suficientes à Doença Celíaca, pelo que
o meu objetivo passará por ajudar
a APC a desmistificar um pouco a
mesma, criando mais e melhores
condições aos celíacos da Região. |