DEZEMBRO 2022
A DOENçA CELíACA
Ricardo Sardinha
Voluntário APC - Madeira
A Doença Celíaca
Não me considero uma pessoa doente, pois penso que ao contrário da maioria das enfermidades, os celíacos não necessitam de medicamentos para se sentirem melhor, bastando retirar o glúten da alimentação para o conseguirem.

Chamo-me Ricardo Sardinha, sou natural da Ilha da Madeira e sou formado na área das Ciências do Desporto. Aos 30 anos foi-me diagnosticada a Doença Celíaca. Com oito meses de idade comecei a emagrecer, a ficar com a barriga dilatada e com diarreias muito frequentes. Este quadro arrastou- -se e fui ficando cada vez mais debilitado ao ponto dos meus pais terem de procurar assistência hospitalar. Estava prostrado, desidratado e anêmico, o que exigiu que fosse internado. Após alguns dias de testes e análises, uma médica pediatra soltou a possibilidade aos meus pais que tratar-se-ia de um quadro de doença celíaca, mas que para confirmar a suspeita desse diagnóstico, seria necessário fazer alguns exames complementares como endoscopia, biópsia, etc. Contudo, por ser muito novo e sabendo que tratavam-se de exames invasivos e difíceis, os meus pais não aceitaram que eu os fizesse. A médica perante esta decisão, informou aos meus pais que poderia regressar a casa, com a condição que eu tivesse uma dieta muito rigorosa, sem pão, massas etc. Os meus pais desconheciam por completo em que consistia a doença e o impacto da mesma no meu organismo, mas aceitaram fazer-me a dieta (durante cerca de 2 anos) e gradualmente foram reintroduzindo todos os alimentos que tinham sido evitados nesse período, sendo que este episódio ficou praticamente esquecido. Por volta dos meus 30 anos, comecei a apresentar um quadro com diarreias, fraqueza muscular, perda de peso, enjoos, etc... Estive cerca de 6 meses sem saber o que se passava comigo, fui a vários médicos, mas não detetavam nenhum problema, o que começou a criar-me muita ansiedade. Foi um período muito complicado e de pura aflição. Um dia a minha mulher perguntou-me: “os teus pais não comentaram que em bebé tinhas ficado internado com uma doença? Será que está relacionado? Chegaste a saber o que era?” Marquei consulta com uma médica Gastroenterologista que após algumas análises e testes confirmou o diagnóstico de doença celíaca.

A partir desse dia, retirei o glúten por completo da minha alimentação e quase de imediato, comecei a sentir-me muito melhor. Recentemente a minha mãe foi diagnosticada como celíaca, havendo ainda suspeitas que também o meu avô materno o fosse tendo em conta as suas características físicas (barriga dilatada e mal-estar intestinal constantes), pelo que muito provavelmente o meu diagnóstico deve-se à minha herança genética materna. Considero-me uma pessoa positiva e muito embora se fale em “Doença” Celíaca, não me considero uma pessoa doente, pois penso que ao contrário da maioria das enfermidades, os celíacos não necessitam de medicamentos para se sentirem melhor, bastando retirar o glúten da alimentação para o conseguirem. Na ilha da Madeira, apesar de desenvolvida em vários aspetos, ainda não sentimos que exista conhecimento e sensibilidade suficientes à Doença Celíaca, pelo que o meu objetivo passará por ajudar a APC a desmistificar um pouco a mesma, criando mais e melhores condições aos celíacos da Região.

 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal