DEZEMBRO 2019
A INFEçãO POR HPV NãO ESCOLHE SEXOS NEM IDADES. A PREVENçãO TAMBéM NãO!
Dra. Antónia Pereira
Farmacêutica da Farmácia do Caniço
antonia.pereira@farmaciadocanico.pt 

O Papilomavirus Humano (HPV) é um vírus muito frequente que, infeta tanto homens como mulheres sexualmente ativos. Existem mais de 120 tipos diferentes de vírus HPV, dividindo-se em grau de risco consoante a lesão que provocam. Risco alto – condilomas, risco baixo - verrugas genitais. 
A infeção por este vírus, na maioria dos casos, é assintomática, mesmo quando a doença está instalada, daí que, desconhecendo, pessoas infetadas  infectam o parceiro sem saber.
A transmissão faz-se através de contacto sexual, oral e contacto íntimo de pele. A presença de condilomas vulvares no momento do parto é um risco de contágio para o recém-nascido.
A infecção pelo HPV, é tão frequente, que, estima-se que cerca de 75% das mulheres e homens sexualmente ativos venham a ter, pelo menos, uma infecção por HPV em determinada altura da sua vida. Na maioria dos casos o vírus é eliminado espontaneamente pelo organismo e a infeção não evolui para doença. Nos casos em que o HPV não é eliminado pode causar vários tipos de cancros e outras doenças genitais, quer em homens quer em mulheres.
Cerca de 99,7% dos cancros do colo do útero (CCU) são causados pelo HPV, o vírus pode ser transmitido e estar presente no colo do útero durante anos. Este é o 2º cancro mais frequente na mulher, a seguir ao cancro da mama. Determinados tipos de HPV originam lesões na pele-verrugas- que afetam zonas como as mãos ou os pés. Outros tipos infetam a zona anogenital-verrugas anogenitais ou condilomas. Nas mulheres as lesões por HPV podem surgir nas coxas, vulva, vagina, colo do útero, uretra, ânus e reto. Nos homens, o HPV é responsável por verrugas genitais, neoplasias e cancro do pénis, da região perianal e anal e alguns tipos de cancro da cabeça e do pescoço.

TRATAMENTOS
Das lesões é feito com indicação e acompanhamento médico, envolvendo tratamentos tópicos ou tratamentos abrasivos, por diferentes técnicas nomeadamente a eletrocoagulação, crioterapia, laser entre outras. Se as lesões reaparecerem o tratamento tem que ser repetido. Uma vez que esta doença é silenciosa e de difícil diagnóstico a prevenção parece ser a melhor solução para a evitar. Existem duas ferramentas ao dispor. A prevenção primária - a vacinação e as medidas não farmacológicas. 

QUEM DEVE SER VACINADO?
Rapazes e Raparigas.
O plano nacional de vacinação só prevê vacinação para raparigas de 10 anos.
A Comissão de Vacinas recomenda, a título individual, a vacinação dos adolescentes rapazes. Com a globalização há probabilidade de serem contaminados por parceiras ou parceiros oriundos de zonas de baixa cobertura vacinal. Para além disso não existem rastreios no sexo masculino. Os homens que têm sexo com outros homens também não beneficiam dos benefícios da vacinação que é só dirigida ao sexo feminino. Sabe-se que a vacina é segura e bem tolerada pelos rapazes. 
A imunização é composta por 2 doses (aos 0 e 6 meses) quando iniciada até aos 14 anos de idade e 3 doses (0,2 e 6 meses) se iniciada a partir dos 15 anos.
A vacina quadrivalente protege contra cerca de 90% de casos de CCU. A vacina é mais eficaz antes do primeiro contacto com o vírus, mas também funciona em mulheres já infetadas. Sabe-se que a vacina evita, pelo menos 90% das infecções nos seis anos seguintes a sua aplicação.
A vacina não protege contra todas as causas de CCU, o rastreio por citologia continua a ser recomendado a todas as mulheres. Este rastreio detecta lesões e permite trata-las antes que evoluam para tumor. A direcção geral de saúde aconselha um exame por ano em 2 anos consecutivos. Quando os resultados são normais a frequência passa a ser 5 em 5 anos. Sempre que um teste HPV seja positivo a frequência da citologia passa a ser anual.

MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS 
Rastreios, que incluem o teste Papanicolau de calendário 3/3 anos. Exames ginecológicos anuais.
Usar sempre preservativo, embora se saiba que as partes do corpo que o preservativo não cobre ficam expostas a contágio.
Avaliar com o parceiro os comportamentos de risco anteriores e durante a relação. Consultar o médico Ginecologista quando existir uma situação de risco ou se surgirem sintomas associados a uma infeção sexualmente transmissível.
Sabendo-se que só a vacinação, protege eficazmente, contra os tipos de HPV incluídos na vacina e uma vez que esta doença, é adquirida por indivíduos sexualmente ativos, parece pertinente a vacinação de rapazes e raparigas ainda em criança, isto é, antes do início de qualquer tipo de actividade sexual.

 


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