JUNHO 2018
HERPES-ZóSTER
Dra. Cristina Moura
Farmacêutica na Farmácia do Caniço
cristina.moura@farmaciadocanico.pt

O herpes-zóster, vulgarmente conhecido como “zona”, resulta da reativação do vírus da varicela-zóster – o mesmo vírus da varicela em crianças - do seu estado latente (adormecido) nos gânglios do corpo. Durante a varicela (a fase invasiva aguda) o vírus é disseminado na corrente sanguínea e infeta aglomerados de células nervosas (gânglios) dos nervos espinhais ou cranianos. O vírus permanece num estado inativo nos gânglios, podendo não voltar a causar sintomas, ou então, podendo ser reativado muitos anos depois causando a tipicamente conhecida “zona”. Quando reativado, o vírus desloca-se através das fibras nervosas até à pele, onde provoca ulcerações dolorosas semelhantes às da varicela. Esse conjunto de ulcerações encontra-se quase sempre limitado à área da pele sobre as fibras nervosas infetadas e, por norma, afeta somente um dos lados do corpo. 

Ao contrário das manifestações do vírus do herpes simples (agente etiológico do herpes labial e genital), que podem reaparecer várias vezes, geralmente o herpes-zóster somente causa um surto ao longo da vida. No entanto, as pessoas com um sistema imunológico enfraquecido podem ter herpes-zóster mais do que uma vez. Para além disso, este grupo de pessoas pode apresentar ulcerações incomuns e em ambos os lados do corpo.

Causas
Qualquer pessoa que tenha tido varicela em algum momento da vida pode desenvolver herpes-zóster. Como já referido, o vírus fica alojado em gânglios onde permanece latente durante anos, quando reativado “viaja” ao longo das vias nervosas até à pele produzindo as erupções. Não existe qualquer fator desencadeante evidente desta reativação do vírus. No entanto, sabe-se que o herpes-zóster ocorre com frequência em idosos (é mais comum em pessoas com mais de 60 anos) e em pessoas com o sistema imunológico debilitado (por exemplo, portadores do VIH/SIDA e pessoas com tratamentos imunossupressores).

É contagioso?
Ainda que raro, uma pessoa com herpes-zóster pode transmitir o vírus da varicela-zóster a quem não está imune, ou seja, a quem nunca teve varicela. Essa transmissão apenas é possível através do contacto direto com as lesões da pele. Após a transmissão do vírus, a pessoa infetada irá desenvolver varicela e, no futuro, poderá ou não desenvolver herpes-zóster.

Sinais e sintomas
Durante os dois ou três dias antes do aparecimento do herpes-zóster a maioria das pessoas sente dor, sensação de formigueiro e/ou prurido numa zona limitada de pele num único lado do corpo. Também podem estar presentes sinais como calafrios e dor de estômago, com ou sem diarreia – estes sinais podem persistir durante o período das lesões na pele. Depois começam a aparecer nessa zona da pele grupos de vesículas cheias de líquido, circundadas por uma pequena área vermelha. De um modo geral, as vesículas aparecem nas costas em direção ao peito, mas também podem aparecer no rosto, em torno de um olho ou até mesmo atingir o nervo ótico. Ainda que raro, é possível ter-se mais do que uma área com lesões no corpo (barriga, cabeça, face, braço ou perna). Normalmente, as vesículas continuam a formar-se durante três a cinco dias. A área do corpo afetada costuma revelar-se sensível a qualquer estímulo, inclusivamente a um leve toque, e ficar intensamente dolorosa (esta dor muitas vezes é descrita como “agulhas a penetrarem na pele”). Normalmente este quadro melhora num período de duas semanas. Um período de resolução superior poderá indicar que o sistema imunológico do indivíduo se encontra comprometido. 
Relativamente a possíveis sequelas, poderá verificar-se a formação de cicatrizes ou hiperpigmentação da pele (como resultado das erupções cutâneas). Algumas pessoas, sobretudo idosos, podem continuar a sentir dor crónica na área afetada (nevralgia pós-herpética). No caso de o nervo ótico ter afetado (herpes-zóster oftálmico) e não ser tratado adequadamente, a visão poderá ficar comprometida. A parte do nervo facial que leva à orelha também pode ser afetado e, nestes casos, também poderemos ter perda de audição.

Diagnóstico
O diagnóstico do herpes-zóster é feito através da avaliação clínica dos sinais e sintomas do paciente e da observação das lesões pelo médico. Em alguns casos, os médicos obtêm uma amostra do líquido das vesículas para análise ou solicitam uma biópsia das lesões para confirmarem o diagnóstico.

Tratamento
Tal como acontece com o herpes labial e genital, também não existe um tratamento curativo para o herpes-zóster. No entanto, o tratamento com medicamentos antivirais orais (tais como o fanciclovir, valaciclovir ou aciclovir) pode ajudar a aliviar os sintomas do herpes-zóster, encurtar a duração dos mesmos e a prevenir as complicações, como é o caso da nevralgia pós-herpética. Se um olho ou ouvido estiverem envolvidos será necessário consultar os respetivos especialistas (oftalmologista ou otorrinolaringologista). 
Aplicar compressas húmidas ajudará atenuar a sensação de dor, mas muitas vezes é necessário recorrer a analgésicos, como é o caso dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) ou do paracetamol.
Por fim, e para prevenir o desenvolvimento de infeções bacterianas, é importante que as pessoas com herpes-zóster mantenham a pele afetada limpa e seca, evitando o coçar das bolhas.


Prevenção
A vacinação é a única forma eficiente de evitar o herpes-zóster e as suas complicações. Em Portugal a vacina aprovada e comercializada pera o efeito é a Zostavax® . Esta vacina é não só utilizada para prevenir o herpes-zóster mas também para prevenir a nevralgia pós-herpética associada ao herpes-zóster. A Zostavax®  é recomendada para indivíduos saudáveis com 50 ou mais anos de idade (independentemente de terem tido ou não varicela e/ou herpes-zóster), mas não está incluída no Programa Nacional de Vacinação. 


 


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