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A pediculose (infestação por piolhos) afeta pessoas de todas as idades e estratos sociais. Existem vários tipos de piolhos, sendo o Piolho da cabeça (Pediculus humanus capitis) o objeto deste artigo. A prevalência de infestação é de cerca de 25% em crianças, sobretudo dos 3 aos 11 anos de idade e do sexo feminino.

Os piolhos infestam a cabeça e o pescoço, pois aí encontram alimento e condições de temperatura ideais para sobreviverem. O piolho fêmea cimenta na base da haste do cabelo, cerca de 6 ovos por dia - as lêndeas - que eclodem ao fim de uma semana, originando ninfas. Estas alimentam-se de sangue humano várias vezes ao dia e maturam durante 9 a 11 dias, convertendo-se em piolhos adultos. Estes alimentam-se da mesma forma, podendo viver até 30 dias.

O piolho move-se rastejando. Ele não salta, nada ou voa, pelo que a infestação resulta fundamentalmente do contacto direto entre cabeças. A transmissão pode ainda ocorrer por partilha de objetos pessoais (pentes, acessórios de cabelo, toalhas e vestuário). Os piolhos podem permanecer vivos agarrados aos cabelos que caem durante 1 a 2 dias, e as lêndeas uma semana, logo, sofás, almofadas, camas ou carpetes também podem ser fontes de transmissão. Os animais de estimação não são vetores de transmissão.

São sintomas de infestação as cócegas derivadas do movimento dos piolhos na cabeça, o prurido no couro cabeludo causado pela reação alérgica à picada e as lesões oriundas de escoriações. É comum haver dificuldade em dormir, uma vez que os piolhos ficam mais ativos no escuro. Apesar do piolho não ser um vetor de doenças, a infestação resulta em marcado desconforto físico e as lesões derivadas podem predispor para infeções bacterianas secundárias. A pediculose causa ainda constrangimento psicológico e social, resultante da conotação negativa inerente e do potencial (não obrigatório) absentismo escolar e laboral.

O diagnóstico é feito através da visualização dos piolhos vivos na cabeça, tarefa dificultada pelo seu pequeno tamanho, rápido movimento e por evitarem a luz. Para facilitar o processo, pode usar-se uma lupa e um pente de dentes finos. As lêndeas podem ser confundidas com caspa e outras partículas, e permanecem cimentadas no cabelo quando já não há infestação, logo não são boas formas de diagnóstico.

O tratamento é recomendado sempre e apenas quando houver uma infestação ativa confirmada, devendo todos os elementos da família ser inspecionados e tratados ao mesmo tempo. Os piolhos podem ser eliminados pelo método mecânico (pentear o cabelo molhado com um pente de dentes finos), por inseticidas que funcionam de modo físico (envolvimento do piolho, sufocando-o, ex. dimeticone) ou de modo químico (envenenamento do piolho, ex. permetrina). Existem ainda outros métodos que têm mostrado eficácia, no entanto, ainda estão pouco estudados, nomeadamente a utilização de óleos essenciais e vinagres (também como prevenção) e de pentes eletrónicos. O cabelo não deve ser lavado previamente e deve remover-se roupa que possa desbotar. O produto deve ser aplicado de acordo com as instruções contidas na embalagem. Se a pessoa tiver o cabelo muito longo, pode necessitar de mais de uma embalagem. Deve-se ter em atenção a idade a partir da qual pode ser utilizado, se exige aplicação no cabelo seco, o tempo de permanência, e forma de remoção do produto. Alguns produtos atingem apenas os piolhos, exigindo repetição após as lêndeas eclodirem e antes que surjam novas. O produto pode levar até 12h a fazer efeito, mas após este período, se os piolhos se mantiverem ativos, podem ser resistentes ao produto utilizado, requerendo um tratamento diferente. É mais provável haver resistências quando se usa um método químico. Após o tratamento, deve mudar-se de roupa e o cabelo não deve ser molhado/lavado durante 1 a 2 dias, pois pode reduzir a eficácia do produto. Depois, o cabelo deve ser inspecionado com um pente a cada 3 dias durante 3 semanas.

Devem ser tomadas medidas acessórias, como lavar e secar a altas temperaturas todos os objetos pessoais/vestuário/roupa da cama utilizados pela pessoa infestada nos 2 dias anteriores ao tratamento, pois os piolhos e lêndeas são mortos por exposição, durante 5 minutos, a temperaturas superiores a 53,5°C. O que não puder ser lavado com água, deverá ser lavado a seco ou fechado em saco de plástico selado durante 2 semanas. Os sofás, colchões, carpetes, chão e estofos do carro devem ser aspirados. Os contactos da pessoa infestada devem ser alertados para uma potencial infestação.

Para prevenir infestações futuras deve evitar-se o contacto direto entre cabeças nos recreios, atividades lúdicas ou desportivas, a partilha de objetos pessoais, vestuário, acessórios, peluches, almofadas, e deitar-se em camas, sofás ou carpetes que possam ter estado em contacto com alguém infestado.