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O número de solteiros no nosso país representa cerca de 40% da população, enquanto o grupo de casados e unidos de facto reflete cerca de 47% (Censos, 2011). Este estado civil pode ter vários fatores na sua génese; alguns estão relacionados com questões sociais (nomeadamente profissionais e económicas), outros prendem-se com novas organizações dos sistemas familiares e padrões de vida. Na verdadeira conceção, ser solteiro pode ser uma opção permanente ou uma fase de vida. 

Em ambas as situações, permanecer no registo “single” tende a ser visto como algo perturbador na cultura dominante. O ser solteiro é associado frequentemente a alguns mitos, como: “coitado(a), vai ficar para tio(a)”; “o outro vai preencher tudo o que me falta”; “existe uma pessoa perfeita para mim” [alimentando uma imagem idealizada do relacionamento amoroso]; ou “és tão inteligente e tens tudo o que é necessário, porque é que ainda não 'tens' ninguém?” Estes mitos e crenças subsistem ainda numa sociedade em que a pressão para estar numa relação é, ainda, muito significativa. Torna-se necessário esclarecer e corrigir estas conceções que limitam a verdadeira compreensão desta condição de vida, assim como a sua vivência saudável.

Diferente da antiga noção de pessoas solitárias e infelizes os, atuais, solteiros podem provar que é possível ser feliz sem estar a viver um relacionamento.  Eis algumas considerações que, do ponto de vista do desenvolvimento humano, podem ser úteis:

1.Invista em si próprio. Cuide dos vários domínios da sua vida: saúde, vida profissional e económica, vida familiar, social (amigos, cultura, lazer), vida espiritual e bem-estar psicológico e emocional. Foque-se em si, na relação que tem consigo mesmo. Aproveite este tempo para cuidar e tratar do modo como se vê e sente: olhar para si mesmo e gostar de si, tal como é (valorizando as suas qualidades e aceitando as suas limitações ou desenvolvendo ferramentas para ultrapassá-las). Para amar outra pessoa você precisa, em primeiro lugar, ser capaz de amar-se verdadeiramente. Aproveite esta fase para compreender se, eventualmente, terá criado algum “muro”, i.e., barreiras que tenham surgido e que possam estar a contribuir para afastar-se da possibilidade de um relacionamento. Conheça o seu valor, aceite bem a sua história de vida e aprenda a proteger-se. Se necessário, invista em oportunidades de desenvolvimento pessoal. Esta é a fase ideal para preparar-se emocionalmente para uma relação. 

2.Evite comparar-se. Centrar-se no que os outros são é aumentar a probabilidade de se frustrar, perdendo a oportunidade de identificar o que é singular e exclusivo de si. Você é único! E a sua vida é, certamente, diferente de todas as outras! Foque-se na sua essência. 

3.Procure analisar a gestão que faz entre o tempo e energias dedicadas à vida pessoal e à vida profissional. A realização plena está no equilíbrio conseguido entre as várias áreas da sua vida. 

4.Foque-se no real, e não no ideal. De facto, não vivemos num filme da Disney, nem no mundo da imaginação. Vivemos na realidade. É necessário colocar os pés no chão e aceitar que ninguém é perfeito, nem existem relações perfeitas. Aceite a sua realidade e construa a sua felicidade, com base nela. 

5.Tenha iniciativa. Procure colocar de lado os medos e experiências de insucesso do passado e arrisque. Errado é ver a vida passar e deixar correr as oportunidades que a vida lhe oferece. Se está desanimado e deseja viver outra fase de vida, lembre-se que “ação provoca mudança”!

Com os recursos que tem ao seu dispor, procure analisar e compreender se a condição que vive de “solteiro” é uma fase temporária ou se será uma opção de vida; neste caso, não deixa de ser uma “pessoa inteira” por isso. 

Acima de tudo, cuide do maior amor da sua vida, você.