Dra. Ana Surreira Farmacêutica na Farmácia do Caniço ana.surreira@farmaciadocanico.pt A vitamina D apresenta-se sob duas formas principais: D2 (ergocalciferol) e D3 (colecalciferol), esta última é a forma natural e aquela que se utilizada na suplementação. A vitamina D3 é sintetizada naturalmente na nossa pele através da exposição à luz solar (radiação ultravioleta). Entre os alimentos mais ricos em vitamina D encontramos os peixes gordos, como a sardinha, o salmão ou o sargo, os ovos, o leite e os seus derivados. Esta substância não é só uma vitamina lipossolúvel, funciona também como hormona, com vários metabólitos ativos que por sua vez desempenham funções diversas no organismo. Atividades da vitamina D e dos seus metabolitos: • Promove a formação óssea, pela manutenção apropriada das concentrações de cálcio e fosfato. Prevenindo a Osteoporose e o raquitismo, por exemplo. • Melhora o desempenho do sistema imunitário. Além de evitar doenças virais, como a gripe e a constipação, é uma peça fundamental para a atividade das defesas imunitárias, diminuindo o risco de desenvolvimento de doenças autoimunes. Níveis baixos desta vitamina parecem estar relacionados com doenças como a doença de Parkinson, doenças inflamatórias intestinais, fibromialgia e psoríase. • Regula a produção de insulina e ajuda a estabilizar os níveis de açúcar no sangue. • Melhora a função cardíaca, diminuindo o risco de sofrer de hipertensão. • Níveis deficientes de vitamina D estão associados ao desenvolvimento de doenças oncológicas. • Melhora a fertilidade, tanto que a suplementação está recomendada para mulheres que pretendem engravidar, bem como durante toda a gravidez. • Funciona como antidepressivo natural. Não é de estranhar que, durante o Inverno nos sintamos mais deprimidos. • Melhora a memória e a concentração. Quem tem probabilidade de sofrer deficiência em vitamina D? • Quem vive no hemisfério Norte. • Pessoas com pele mais escura, pois precisam de mais tempo ao sol para sintetizar a mesma quantidade de vitamina D, que uma pessoa com pele clara. • Quem passa a maioria do tempo em espaços interiores. • Indivíduos com problemas intestinais, uma vez que o bom funcionamento deste órgão é fundamental para a absorção desta vitamina. • Sofrer de obesidade ou excesso de peso. Vivendo nós num país com muito sol e grande exposição solar seria de esperar que apresentássemos níveis normais de vitamina D, mas verifica-se que muitas pessoas não se expõem os 10 a 15 minutos diários considerados suficientes para serem mantidos os níveis ideais (idealmente antes das 10 horas da manhã, para diminuir os riscos da radiação UV), falando-se assim num “défice epidémico de vitamina D”. Resultados de um estudo realizado no ano passado por uma equipa multidisciplinar de investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e do Centro Hospitalar e Universitário do Porto – Hospital de Santo António (CHUP-HSA) mostram que cerca de 78% da população portuguesa tem insuficiência de Vitamina D. Como podemos constatar, a vitamina D apresenta além dos benefícios esqueléticos e musculares uma indispensável função no combate de diversos tipos de cancro, hipertensão, infeções e doença de Alzheimer, entre outras enfermidades. Surge assim, cada vez mais, a necessidade de implementar de uma estratégia eficaz para prevenir a sua deficiência e insuficiência. Uma parte desta estratégia passa por nós, através do nosso estilo de vida e da nossa alimentação. Vivendo nós num país com muito sol e grande exposição solar seria de esperar que apresentássemos níveis normais de vitamina D, mas verifica-se que muitas pessoas não se expõem os 10 a 15 minutos diários considerados suficientes para serem mantidos os níveis ideais (idealmente antes das 10 horas da manhã, para diminuir os riscos da radiação UV), falando-se assim num “défice epidémico de vitamina D”. |