ABRIL 2010
ALIMENTAçãO INFANTIL: UM DESAFIO GANHO, UMA BATALHA PERDIDA OU UMA ENCRUZILHADA?!...
Dra. Lúcia Carvalho – Nutricionista
nutrismile@gmail.com

O dia-a-dia revela que são inúmeras as preocupações dos pais e educadores com a alimentação infantil. Aliás, não será porventura exagero, concluirmos que a alimentação saudável, cada vez mais reconhecida como um elemento essencial para a promoção da saúde e bem-estar, tornou-se um conceito familiar na nossa sociedade.

Mas, estaremos todos assim tão certos da nossa alimentação? Será a alimentação infantil equilibrada? Porque há cada vez mais crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade? Estaremos a contribuir para a melhor educação alimentar das crianças?

Os avanços da medicina e o aumento dos conhecimentos sobre as ciências da nutrição levaram à constatação de que as crianças não têm o metabolismo do adulto, sendo que a sua alimentação deverá ser feita em função da idade e necessidades específicas. Um estudo recentemente publicado na revista “Clinical Pediatrics” alerta para o facto da tendência para a obesidade poder começar antes dos dois anos de idade, muitas vezes, logo aos três meses, quando a criança começa a aprender o que comer e em que quantidade.

Em acréscimo, há também evidências científicas que associam a hiperactividade, a falta de atenção, a dislexia e o comportamento anti-social ou agressivo nas crianças a hábitos alimentares inadequados.

Enfim, poderíamos falar sobre muitas outras curiosidades, mas o essencial é olhar para o futuro... A infância é uma fase de excelência para a promoção da alimentação saudável, um período perfeito para desenvolver gostos e preferências alimentares em que a criança deverá aprender a gostar de uma variedade maravilhosa de alimentos saudáveis e muito nutritivos.

É certo que as crianças são todas diferentes e os seus hábitos alimentares variam muito em função dos mais diversos factores. Mas a verdade é que, para muitos pais, a hora da refeição é algo de problemático, ora porque os seus filhos se recusam a comer determinados alimentos, ora porque comem em exagero.

Importa por isso salientar que, desde que correctamente incentivadas e estimuladas, até as crianças mais teimosas e “esquisitas” com a comida podem aprender a gostar de todos os tipos de alimentos. O segredo passa pela criatividade e variedade na alimentação, ou seja, diversificar na constituição das refeições (tipo e combinação de ingredientes privilegiando diferentes sabores e texturas), modo de confecção, não esquecendo ainda a sua apresentação. Tenha sempre presente que a criança prefere refeições simples em temperos, mas rica em criatividade. O exemplo dos adultos é fundamental.

O mesmo rigor com que a criança aprende a ler e a escrever deverá ser extensivo à aprendizagem da alimentação. Afinal, faz tudo parte do processo educativo. Os Estabelecimentos de Infância, Educação e Ensino na Região Autónoma da Madeira, assumem a sua nobre missão nesta área, contribuindo com uma alimentação equilibrada, processo que, em casa, deverá ser consolidado da melhor forma pelos pais.

É importante promover o consumo de refeições regulares, estabelecendo horários para as refeições. Evite dar à criança petiscos entre as refeições, não a obrigue a comer (incentive com estratégias adequadas) nem reconheça o seu bom comportamento oferecendo guloseimas ou outros alimentos nutricionalmente desequilibrados.
Num processo de educação alimentar, calma, paciência e disponibilidade são fundamentais. É importante que a criança tenha recordações agradáveis dos momentos em que decorrem as refeições. Para evitar manifestações de recusa alimentar, uma atitude equilibrada é mesmo essencial.

Tenha em consideração a importância do pequeno-almoço, refeição essencial para o melhor rendimento escolar. Inclua na alimentação diária da criança os constituintes dos diversos grupos alimentares da roda dos alimentos, atribuindo especial importância à fruta e produtos hortícolas, que podem e devem ser preparados das mais diversas formas.

E nas festas, o que fazer? Aproveite o ambiente alegre e divertido para oferecer um menu festivo saudável! Envolva a criança na preparação dos alimentos. A criança sentir-se-á responsável e ficará mais receptiva às novidades propostas. Aqui vão algumas dicas: substitua os refrigerantes por sumos naturais e/ou batidos de fruta e/ou vegetais (sem adição de açúcar), os doces por sandes coloridas recheadas com legumes, tartes/quiches à base de fruta ou vegetais, pipocas sem adição de açúcar (preparadas em casa) e/ou ainda frutos secos.

Substitua os bolos com creme por bolos de fruta e/ou vegetais (ex: bolo de iogurte, cenoura, laranja) preparados em casa e decorados com pedacinhos de fruta e/ou frutos secos. Não se esqueça de incluir a fruta sob a forma de salada de fruta ou, porque não, as divertidas espetadinhas de fruta... Enfim, seja criativo(a), não há criança que resista! No final da festa, já sabe, não ofereça aos amiguinhos um saquinho recheado de doces, substitua-os por fruta/frutos secos!

Em qualquer ocasião, faça da alimentação saudável, a concretização do melhor para o seu filho(a)!

 


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