Dra. Ana Ramos*
Todos os anos, a 20 de Outubro, celebra-se o dia mundial da osteoporose para relembrar a importância da prevenção e do tratamento desta doença cada vez mais relevante nos dias de hoje devido ao envelhecimento da população. No entanto, a osteoporose pode ocorrer em qualquer idade. A osteoporose é uma doença metabólica, caracterizada pela alteração da arquitectura e da resistência do osso, que causa aumento da fragilidade óssea e, consequentemente, do risco de fracturas. De acordo com um relatório da União Europeia, em 2008, a osteoporose afectava cerca de 800 mil portugueses. Atinge uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens com idades superiores a 50 anos, sendo uma das principais causas de sofrimento e de morte prematura. Entre 20% a 30% dos doentes com fractura da anca morrem no ano seguinte à fractura e cerca de 40% destes doentes ficam com incapacidade grave. Esta perda gradual da massa óssea ocorre principalmente a partir dos 30-45 anos, idade a partir da qual se atinge o máximo da densidade óssea e a degradação normalmente excede a formação óssea. Atingir o pico de massa óssea determinado geneticamente é fundamental para fazer face ao processo de envelhecimento.
A predisposição para o desenvolvimento da osteoporose não é igual para todos. Algumas pessoas apresentam factores de risco (condições que favorecem o aparecimento da doença) que conduzem a uma maior probabilidade de vir a sofrer desta doença. Muitos desses factores estão associados ao estilo de vida pouco saudável e podem ser modificados, enquanto outros não poderão ser alterados. Factores de risco para osteoporose:
Não modificáveis:
• Sexo feminine; • Idade superior a 65anos; • Raça/Etnia caucasiana ou asiática; • História familiar de fractura; • Magreza excessive. Factores de risco modificáveis:
• Dieta pobre em calico; • Pouca exposição solar; • Consumo excessivo de álcool e de cafeína; • Fumar; • Ausência de actividade física; • Imobilização forçada (por exemplo: pessoas acamadas); • Doenças (hipertiroidismo); • Fármacos (por exemplo: cortisona); • Menopausa antes dos 45 anos. A identificação dos factores de risco é importante para a prevenção e tratamento mais precoce e eficaz. Os sintomas associados à osteoporose incluem fracturas com pequenos traumatismos (especialmente das vértebras, anca e punho), perda de altura superior a 2,5 cm, aparecimento de corcunda ou ombros descaídos e dor nas costas súbita, intensa e inexplicável. A prevenção deve ter logo início na vida intra-uterina, pois a alimentação, a actividade física, bem como os hábitos tabágicos da mãe, influenciam na formação da massa óssea do feto. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha uma alimentação adequada em cálcio e em vitamina D, evitando o excesso de sal, cafeína, álcool e tabaco. A prática de exercício físico de impacto por crianças e adolescentes, como corrida, voleibol, basquetebol; e exercícios físicos de impacto e com carga, como caminhadas ou ciclismo, por adultos ao longo da vida contribuem para aumentar a densidade de massa óssea durante o crescimento e minimizar a perda óssea numa idade mais avançada. Estas são medidas benéficas que devem ser adoptadas em qualquer idade. O cálcio é fundamental para a manutenção de ossos saudáveis. Este é obtido através da alimentação ou de suplementos. Quando o cálcio não está presente em quantidades suficientes nas células ou no sangue, o organismo retira dos ossos, tornando-os mais fracos. A importância do cálcio no organismo depende da idade de cada indivíduo, afectando consequentemente as necessidades diárias de cálcio. O leite e os seus derivados (por exemplo: queijo, iogurte) são os alimentos mais ricos em cálcio e mais facilmente absorvidos. No entanto, existem outros alimentos ricos em cálcio como as couves, amêndoas, damascos secos, peixe com espinhas comestíveis, brócolos e leguminosas (feijão, soja, etc.).
Quando a ingestão de cálcio pela alimentação não é suficiente de acordo com as recomendações, este deve ser obtido a partir de suplementos alimentares. O mesmo acontece com a vitamina D. A vitamina D é fundamental para aumentar a absorção do cálcio no intestino. Cerca de 90% da vitamina D é sintetizada na pele através da acção da radiação ultravioleta B (UVB) e o restante é obtido através da alimentação (peixe gordos, óleos de peixe e gemas de ovos). O processo de síntese de vitamina D e a sua absorção intestinal diminui com o avançar da idade. Por isso, a OMS aconselha aumentar consumo de alimentos ricos em vitamina D ou de suplementos quando a quantidade de vitamina D existente no organismo não é suficiente para as necessidades diárias. O exercício físico tem efeitos benéficos sobre a formação e manutenção da massa óssea, ajudando a reduzir o risco de quedas, devido ao fortalecimento dos músculos, do aumento da flexibilidade, da coordenação motora e do equilíbrio. A OMS aconselha a realização diária de exercício físico, principalmente de exercícios de alto impacto, durante pelo menos 30 minutos, para a manutenção da densidade óssea. Estes são exercícios que aumentam a força muscular e são preferidos à natação ou hidroginástica por exemplo, exercícios de baixo impacto que têm baixa pressão e tensão sobre os ossos. Ideias chave:
- A osteoporose não é uma consequência do envelhecimento. - Nunca é demasiado cedo para prevenir nem demasiado tarde para tratar. - Existem actualmente vários medicamentos que ajudam a tratar a osteoporose e a reduzir o risco de fractura. Para um tratamento eficaz deve seguir as recomendações do seu médico e farmacêutico. - É importante adoptar hábitos de vida saudáveis para ajudar na prevenção da osteoporose e para uma maior qualidade de vida. Transmita esses hábitos de vida aos elementos mais novos da sua família. Ensine-os a optar por estilos de vida mais saudáveis para uma prevenção mais eficaz. A Associação Nacional da Osteoporse (APOROS) disponibiliza no seu site um questionário para avaliar os riscos de osteoporose.
* Farmacêutica e colaboradora da Farmácia do Caniço desde 2009 Bibliografia:
- “Bone health and osteoporosis: A report of the Surgeon Genera” Department of Health and Human Services, (2004), Disponível em: http://www.surgeongeneral.gov/library/ Acedido: Setembro de 2009. - “Osteoporosis and you: Find out about the implications of osteoporosis and what you can do for your bone health”, International Osteoporosis Foundation, (2005) [online] disponível em: http://www.iofbonehealth.org/download/osteofound/filemanager/publications/pdf/osteo-and-you-english.pdf Acedido: Setembro de 2009. - “Vitamin and mineral requirements in human nutrition” Report of the Joint FAO/WHO Expert Consultation, World Health Organization, (1998) [online] Disponível em: http://www.nutrinfo.com.ar/pagina/e-books/vitamin_mineral.pdf, Acedido: Setembro de 2009. - APOROS: Associação nacional contra osteoporose [online] disponível em: http://www.aporos.pt/ , Acedido: Setembro de 2009. - Bhattacharya, S., (2009), “Geriatric Education & Training”, Landon Center on Aging University of Kansas, [online] Disponível em: http://www2.kumc.edu/coa/Education/AMED900/Osteoporosis.htm#Bone Acedido: Setembro de 2009. - European Communities, (2008) “EU Osteoporosis Report, Portugal” [online] disponível em : http://www.iofbonehealth.org/download/osteofound/filemanager/publications/pdf/eu-report-2008.pdf Acedido: Setembro de 2009. - http://www.osteoporose.com.pt/oquee/index.cfm - Quarles, L.D., (2009), “Endocrine functions of bone in mineral metabolism regulation”, The Journal of Clinical Investigation, 119, 421. |