JUNHO 2016
CUIDADOS COM A SAúDE FEMININA
Dr. Sotero Gomes
Médico Ginecologista
soterogomes@live.com.pt

Numa breve descrição dos cuidados básicos da vida da mulher do ponto de vista ginecológico, vamos deixar de parte a infância e vamos começar pela puberdade. A puberdade é o período de transição da infância para a adolescência, marcada pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários relacionados com o crescimento acelerado, alterações comportamentais e o início da capacidade reprodutiva.
A idade da puberdade normal varia entre os 8 e 13 anos e esta variação esta relacionada com fatores genéticos e ambientais. Em termos endócrinos é caraterizada pela produção de androgénios e pela produção de hormonas esteroides sexuais principalmente os estrogénios. Estas alterações hormonais levam a alterações físicas que consistem no crescimento somático acelerado, no aparecimento dos carateres sexuais secundários (desenvolvimento mamário e pilosidades púbicas) e no aparecimento da menarca (1ª menstruação).O crescimento rápido das raparigas atinge o seu pico máximo cerca de dois anos apos o aparecimento do botão mamário e seis meses a um ano antes da menarca. De início os ciclos menstruais são normalmente irregulares, e essas irregularidades podem estender-se por de 2 a 4 anos.
São várias as entidades patológicas que podem ocasionar um desenvolvimento pubertário precoce, tardio ou mesmo ausente, pelo que é de todo o interesse termos estas noções básicas do desenvolvimento da puberdade normal.
É na menarca que se inicia a vida reprodutiva da mulher que vai ter o seu fim com o aparecimento da menopausa (data da ultima menstruação).
Na prevenção da gravidez devemos ter em consideração os diversos meios anticoncetivos que temos à nossa disposição, das suas vantagens e desvantagens, das suas indicações e contraindicações e dos seus eventuais efeitos secundários. Uma consulta de planeamento familiar será essencial para o melhor esclarecimento sobre esta matéria. 
A prevenção e o diagnóstico precoce do cancro ginecológico e da mama, que se deve estender para além da idade reprodutiva, deverão estar na 1ª linha da estratégia de saúde das sociedades desenvolvidas. A prevenção faz-se com consultas regulares, para avaliação dos fatores de risco e com o recurso de meios complementares de diagnóstico.
O cancro do colo do útero por exemplo esta relacionado com uma infeção provocado pelo vírus do papiloma humano (H.P.V.). Na sua prevenção devemos considerar uma prevenção primaria através de uma vacina que impede a transmissão do vírus, e prevenção secundaria com a aplicação de testes de rastreio como a citologia cervico vaginal e os testes de pesquisa do H.P.V..A vacina já faz parte do plano nacional de vacinação e pode ser administrado em qualquer idade da vida reprodutiva.
Outro exemplo é o cancro da mama cujo diagnóstico precoce é muito importante e decisivo para o prognostico da doença, e daí a necessidade da realização de mamografias periódicas que ainda é o melhor método de rastreio do cancro da mama.
Chegamos pois ao climatério que é a fase de transição da vida reprodutiva para a não reprodutiva onde se inclui a menopausa (data da ultima menstruação) que ocorre normalmente entre os 48 e 52 anos. Este período pós menopausa é mais 1/3 da vida da mulher se tivermos em consideração que a esperança de vida da mulher portuguesa ao nascer esta nos 83 anos. Será pois muito importante melhorar a qualidade de vida durante este período.
Os sintomas que surgem nesta época da vida da mulher resultam da diminuição da produção dos estrogénios pelos ovários. Os sintomas mais precoces e frequentes são as alterações vasomotores (afrontamentos) e são o que leva mais frequentemente as mulheres à consulta. Existem também outros sintomas mais tardios como atrofia urogenital, com secura vaginal, as disfunções sexuais e a osteoporose, esta de aparecimento ainda mais tardio. Devemos pois tratar todas estas mulheres, com tratamentos cada vez mais individualizados, hormonais ou não hormonais.
Também nesta época de vida são frequentes as incontinências urinárias e os prolapsos genitais que deveram merecer toda a nossa atenção.
O ginecologista é por vezes o único médico que as mulheres consultam com regularidade. A realização dessa consulta é um excelente momento para efetuar um exame completo, proceder uma revisão dos seus hábitos, averiguar a sua história pessoal e familiar em termos de doenças, assim como solicitar exames mais adequados à sua idade numa perspetiva de saúde global.
Medidas gerais que passam por promover hábitos de vida saudáveis como uma dieta equilibrada, rica em fibras e pobre em gorduras, atividade física regular, desaconselhar o tabaco e ingestão de bebidas alcoólicas, rastrear doenças para além das doenças oncológicas ginecológicas já referidas, como a hipertensão e a diabetes e promover atividade intelectual.
Também devemos aproveitar estas consultas para prevenir a osteoporose que é uma importante causa de morbilidade na idade sénior

Durante a vida reprodutiva e pondo de parte os cuidados perinatais que estão fora do âmbito deste artigo, devemos ter em atenção a prevenção e o diagnóstico precoce do cancro ginecológico e a prevenção de uma gravidez não desejada.


 


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