MAIO 2016
HEMORRóIDAS: O QUE SãO E DE ONDE VêM?
Dr. Fernando Coelho
Farmacêutico na Farmácia do Caniço
fernando.coelho@farmaciadocanico.pt

As hemorróidas ou doença hemorroidária é uma doença comum mas muitas vezes não recebe a devida atenção. Estima-se que apenas 1 em 3 pessoas tenham consultado o médico referindo este tipo de problema.
A prevalência entre os homens e mulheres é semelhante mas as senhoras, sobretudo na gravidez, são mais afetadas. Com o aumento da idade as crises tornam-se mais comuns, sendo estimado que 50% da população com mais de 50 anos já tenha tido pelo menos uma vez, sintomas hemorroidários. Cerca de 1/3 das crises são recorrências e, maior parte delas, derivam de situações anteriores que não foram corretamente tratadas. Até agora não se tornou evidente que fatores genéticos influenciem o desenvolvimento de hemorróidas.
Os principais fatores de risco são: a gravidez; o trânsito intestinal irregular (sobretudo a prisão de ventre, mas também a diarreia ou a alternância entre as duas); a alimentação, particularmente o café, o álcool e as comidas picantes, e o estilo de vida sedentário, embora alguns deportos como o hipismo e ciclismo possam contribuir negativamente. 

Em que consiste a doença?
A doença hemorroidária ocorre porque são afetadas as veias hemorroidárias e estão envolvidos processos mecânicos e vasculares.
O processo mecânico corresponde à degeneração tecido que suporta as “almofadas” anais fazendo com que estas deslizem e ocorra um prolapso a que chamamos hemorroida
O processo vascular consiste num ciclo em que o fluxo de sangue alterado ativa o nosso sistema imunitário inflame as veias. Quando isto acontece as veias alteram a sua forma e dilatam contribuindo para a diminuição do tónus venoso. Como consequência o fluxo de sangue fica ainda mais alterado o que perpetua o ciclo e agrava a doença. 
A doença hemorroidária é assim tornada cronica com crises recorrentes que são cada vez mais intensas.

Quem são as pessoas afetadas?
Maior parte das pessoas tem sintomas típicos. A dor intensa é a que mais alerta para a doença. Ocorre habitualmente durante a ida a casa de banho e pode continuar mesmo depois da defecação. A crise hemorroidária pode ter mais sintomas como o inchaço e a retorragia (sangramento pelo reto) que habitualmente para no final da defecação quando é interrompido o esforço. O prolapso é também comum causando uma sensação de inchaço e pode surgir espontaneamente quando a doença está mais avançada. Como existem outras doenças que podem apresentar sintomas parecidos, em caso de dúvida pode fazer-se uma anuscopia para diagnosticar a doença.
A doença tem diversos graus!
No grau um, a doença pode apresentar retorragia visível no exame ao ânus, uma saliência quando é feito esforço mas sem haver prolapso. Há queixas de dor e desconforto.
No segundo grau há retorragia e o prolapso é visível quando se faz esforço. No entanto o prolapso regride no final do esforço. Os sintomas comuns são o prurido, o corrimento e a dor
O terceiro grau apresenta também retorragia e prolapso que não regride por si. Os pacientes queixam-se de sensação de inchaço além de dor e corrimento.
O grau quatro é caracterizado por um prolapso permanente juntamente com corrimento e dor.

A doença trata-se.

Os tratamentos diminuem os sintomas e diminuem a frequência e a gravidade das crises.
O primeiro tratamento é a modificação do estilo de vida. Neste aspeto temos de ter cuidado com a nossa alimentação e evitar o sedentarismo. Optar por uma vida mais ativa e evitar a obstipação contribui muito para diminuir as crises.
A terapêutica farmacológica, tanto com medicamentos orais ou locais vem em segundo lugar. Usa-se quando as crises já são recorrentes e durante os episódios agudos. Os medicamentos que melhoram a circulação venosa são apresentam benefícios já comprovados. Quanto aos anti-inflamatórios devem ser usados por períodos curtos pois têm efeitos indesejáveis se usados em excesso. Utilizar laxantes osmóticos ajuda a melhorar o trânsito intestinal e dessa forma diminuir o esforço na defecação que serve para agravar a crise.
Existem também creme, pomadas e supositórios que ajudam a controlar a dor e são bastante eficazes durante a crise aguda. Alguns deles possuem analgésicos e corticoides para controlar a dor e diminuir a inflamação. Felizmente 75 % dos casos e tratável desta forma.
 A terapêutica não cirúrgica é usada quando os sintomas são crónicos e causados por hemorroidas internas. A escleroterapia, coagulação por infravermelhos, laqueação por banda elástica e eletrocoagulação são os procedimentos médicos que podem ser utilizados para se obter uma cicatrização do tecido a fim de evitar os sintomas. Estes tratamentos são utilizados em cerca de 20% dos casos.
Por último temos a terapêutica cirúrgica. Apenas é quando tudo o resto não funcionou. Neste caso estamos perante situações em que a doença está no grau 3 ou 4. Apenas 5 a 10% dos casos precisam de cirurgia. 

Devemos ter em atenção que este problema é bastante frequente, por isso, deve ser abordado e não deixado cair no esquecimento por vergonha. Quando o problema é identificado maior parte dos casos são tratáveis apenas com medicação oral e tópica. O primeiro passo na prevenção do problema é optar por um estilo de vida mais saudável. A solução passa por si!


 


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