ABRIL 2016
MAIS DE UM MILHãO COM DIABETES EM PORTUGAL
Dr. José Manuel Boavida
Diretor do Programa Nacional para a Diabetes
jmboavida@netcabo.pt

A diabetes está a aumentar em todo o mundo de uma forma que não era previsível. Os números surpreenderam os médicos, os políticos e os decisores, atingindo hoje mais de um milhão de pessoas em Portugal. 
É uma pandemia porque atinge vários continentes. Os países com maior número de pessoas com diabetes são a China, a Índia, o Brasil, o México, o Egito, e, obviamente, os Estados Unidos da América (EUA). Ou seja, não poupa ninguém, nem países ricos, nem países pobres.
Portugal acompanha quase de perto a prevalência que existe nos EUA, com cerca de 13% da população portuguesa com diabetes. Há 30 anos este número seria à volta de 2%, ou seja, 200 mil pessoas viviam com diabetes. Hoje há mais de 1 milhão e 200 mil pessoas com diabetes. Esta diferença mostra bem como tem aumentado a diabetes em Portugal.
O Programa Nacional da Diabetes do Ministério da Saúde cuja área de atuação é no Continente, embora também já tenha colaborado com as Regiões Autónomas, tem prolongado o debate e o combate à diabetes. Em Portugal continental criámos uma estrutura que parte dos cuidados primários de saúde, com médicos e enfermeiros a fazerem consultas autónomas e estruturadas de diabetes, coordenando-se com os médicos dos Hospitais na decisão de quem e como se deve ir aos Hospitais e como é que dentro deste a ligação é feita entre as diferentes especialidades que tratam as pessoas com diabetes (endocrinologia, cardiologia, medicina interna, oftalmologia, nefrologia, cirurgia, ortopedia, fisiatria…), e estabelecendo pontes de ligação às autarquias e ao sector social, no sentido da prevenção da diabetes. 
Esta estrutura poderia ser estendida às Regiões Autónomas porque ela é já reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um modelo a acompanhar com muita atenção pelas grandes expetativas que têm em relação aos seus resultados. E começamos já a ter alguns resultados, nomeadamente ao nível da diminuição do internamento das pessoas com diabetes, por descompensação da diabetes, e ao nível de algumas complicações. 
Mesmo nos números da diabetes parece haver já alguma mudança. Nos últimos 3 anos registou-se uma tendência de estagnação no aumento das complicações e no aparecimento de novos casos de diabetes. Isto não significa que não seja um número muito elevado de novos casos, são cerca de 60 mil por ano e 160 por dia, mas já representaria uma grande vitória parar o aumento da incidência e estabilizá-la. Neste aspeto, as Unidades Coordenadoras Funcionais da Diabetes, que estão espalhadas por todo o Continente, levam a cabo a procura das pessoas em risco, sensibilizando a população de uma forma profunda, adaptando medidas de acordo com a sua realidade local. Ou seja, as Regiões Autónomas também têm de ter o seu próprio plano de diabetes, incluindo todas as estruturas de saúde e com um apoio político determinante para que possa ser levado à prática.
O aumento da diabetes tem de ser travado com a implementação de medidas em conjunto com as autarquias, como a educação da população para a atividade física e a alimentação saudável, comprometendo as escolas e todos os sectores da sociedade. Com políticas dirigidas às crianças, aos adolescentes, aos jovens, às grávidas, aos adultos, aos idosos… temos de ter medidas específicas para cada grupo populacional. Não há uma política global para todos. E é essa a inteligência que temos de ter para levar a cabo este grande desafio, que é o combate à diabetes.

Esta estrutura poderia ser estendida às Regiões Autónomas porque ela é já reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como um modelo a acompanhar com muita atenção pelas grandes expetativas que têm em relação aos seus resultados.





 


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