ABRIL 2016
MEDICINA INTERNA, O QUE é E PARA QUE SERVE?
Dra. Sofia Granito
Médica especialista em Medicina Interna
sofiagranito@gmail.com

Muitas vezes a população geral desconhece o que é a Medicina Interna e quem é o médico internista (especialista em Medicina Interna). Vamos tentar esclarecer! Costumo fazer uma analogia para que se entenda facilmente: da mesma forma que o Pediatra é o médico da criança, o Internista é o médico do adulto. Similarmente, ambos observam e tratam as diversas patologias da sua população-alvo, possuindo um conhecimento global e integrador, orientando para alguma área mais específica, sempre que necessário. Por exemplo, se houver necessidade de submeter uma criança a uma cirurgia não é o Pediatra que o faz, mas o Cirurgião Pediátrico. Por vezes também existe alguma confusão em relação à distinção entre Medicina Interna e Medicina Geral e Familiar ou mesmo se estas áreas são especialidades médicas. Atualmente em Portugal, não existem médicos sem especialidade. Após o ensino universitário, o médico faz um estágio geral e depois ingressa numa formação específica, sempre sob orientação de um tutor. O internista trabalha no hospital e trata apenas adultos. O Médico de Família trabalha no Centro de Saúde e observa também grávidas e crianças, ao nível dos cuidados de saúde primários. Existem internistas em todos os hospitais portugueses. Relembro que na Medicina existem duas áreas mais gerais e por isso mais completas, que são a Medicina Interna e a Cirurgia Geral, que são a base das várias especialidades médicas e cirúrgicas, respetivamente. Focando apenas na Medicina Interna e para percebermos isto melhor, à medida que a ciência vai evoluindo, uma única “especialidade mãe” como a Medicina Interna vai perdendo a capacidade de abarcar todas as valências com a devida profundidade. Daí a necessidade deste nascimento das várias especialidades médicas, de que são exemplo, a Cardiologia, a Neurologia, a Oncologia, entre outras. Não é por acaso que durante a formação destas especialidades, os médicos começam por estagiar um ou dois anos no serviço de Medicina Interna, onde vão estruturar a base da sua formação, de forma a posteriormente poderem subespecializar-se e aprofundar conhecimentos, na sua área mais restrita. Ainda assim, em alguns hospitais do nosso país, o médico internista faz o papel de uma outra especialidade destas que não existe no seu hospital. Por exemplo, observam e tratam os doentes portadores de infeção VIH, aqui na RAM e na maioria dos hospitais, acompanhados pela especialidade de Infeciologia, como está mais indicado. Por outro lado, e dada esta natureza global e polivalente, o médico internista tem uma visão mais completa e abrangente, sendo muitas vezes solicitado pelos colegas das várias especialidades médicas ou cirúrgicas, para observar o doente, em casos em que o diagnóstico não é evidente ou em problemas mais complexos. Ou seja, o internista solicita o apoio de outras especialidades quando assim se justifica, quando o problema é demasiado específico e é também solicitado por essas mesmas especialidades para observar e integrar a observação do doente como um todo, fazer investigação diagnóstica aprofundada e orientar a situação. Há sempre a colaboração mútua e a prestação interdisciplinar de cuidados, com vista a um melhor serviço ao doente. Em jeito de conclusão, o internista é o “alicerce” do hospital, assegura grande parte dos serviços de urgência, optando ou não por internar o doente, lidando muitas vezes com situações de vida ou morte; acompanha os pacientes no internamento, elaborando os planos terapêuticos e decidindo as altas. Trabalha ainda na consulta externa. Podem encontrar-se alguns internistas em unidades de Cuidados Intermédios ou Intensivos, após uma subespecialização nesta área.


 


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