MARçO 2016
VíRUS ZYCA
Dr. Maurício Melim
Especialista em saúde pública na Região Autónoma da Madeira
Presidente do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais, IP-RAM e Assistente Graduado Sénior da Carreira Especial Médica
mauricio.melim@iasaude.sras.gov-madeira.pt

O vírus Zika (vZ) é um arbovírus transmitido a humanos pela picada de mosquitos infetados.
Atualmente, a infeção por vZ adquiriu expressão epidémica nas Américas, África, Ásia e Pacífico. Parece existir uma associação entre esta infeção, a gravidez e a ocorrência de casos de microcefalia em fetos e recém-nascidos bem como alterações neurológicas. Ambas as situações continuam sob investigação não tendo sido estabelecido o nexo de causalidade, apesar de se verificar uma relação espaço-temporal.
Em Portugal, foram confirmados até ao momento 7 casos importados, a maioria proveniente do Brasil. Clinicamente, todos tiveram uma evolução favorável.

Quadro clínico
 Após a picada do mosquito infetado, os sintomas podem surgir no período de incubação (3 a 12 dias). 80% das infeções são assintomáticas e as restantes apresentam um quadro clínico ligeiro a moderado com febre (37.2 a 38ºC), rash maculopapular com prurido, conjuntivite não purulenta, cefaleias, mialgias, artralgias, astenia e edema dos membros inferiores. Os sintomas duram 4 a 7 dias e são autolimitados com taxas de hospitalização baixas.

Diagnóstico 
Critérios da OMS para caso suspeito:
Rash ou elevação da temperatura corporal (>37.2ºC) com  
Artralgia ou mialgia e/ou 
Conjuntivite não purulenta ou hiperémia conjuntival e/ou
Cefaleia ou mal-estar
O grau de suspeição aumenta se existir “link” epidemiológico.
O diagnóstico é feito com um resultado positivo em laboratório de referência.

Transmissão 
Em Portugal o mosquito A. aegypti, principal vetor do vZ, encontra-se na Ilha da Madeira. Outras espécies do género Aedes podem ser vetores, em especial o albopictus que existe na Europa e poderá vir a ser um problema de Saúde Pública.
Foram identificadas outras vias de transmissão: 
Transmissão perinatal, provavelmente por via transplacentária ou durante o parto, se mãe infetada; 
Transmissão sexual devida à presença de vírus no sémen; 
Transfusão de sangue e derivados. 

Prevenção
Enquanto não existir uma vacina eficaz, a medida de prevenção “Universal” é a proteção contra a picada do mosquito. 
A DGS recomenda: 
1. Antes da viagem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante; 
 2. Grávidas não devem deslocar-se para zonas afetadas. Caso não seja possível, procurar aconselhamento em Consulta do Viajante; 
3. As pessoas imunocomprometidas ou com doenças crónicas graves devem obter aconselhamento junto do seu médico; 
4. Se viajar para áreas afetadas deve adotar medidas de proteção sexual, nomeadamente preservativo; 
5. No destino, seguir as recomendações das autoridades locais; 
6. Assegurar proteção contra a picada de mosquitos: 
a) Utilizar vestuário adequado (camisas de manga comprida, calças); 
b) Optar por alojamento com ar condicionado; 
c) Utilizar redes mosquiteiras; 
d) Ter especial atenção aos períodos em que os mosquitos picam mais (meio da manhã e pôr do sol). 
e) Aplicar repelentes: 
i. Crianças e grávidas podem utilizar, com aconselhamento de profissional de saúde; 
ii. Não são recomendados para recém-nascidos com menos de 3 meses; 
iii. Se tiver de utilizar protetor solar e repelente, aplicar primeiro o protetor solar. 
Viajantes oriundos de área afetada com sintomatologia sugestiva de infeção até 28 dias após o regresso, devem contactar a Saúde 24 (808 24 24 24).

Prevenção Ambiental
Nas Regiões com mosquitos potenciais transmissores de arboviroses as medidas têm como objetivo reduzir a densidade do vetor e mitigar o contacto entre as pessoas e os mosquitos. É fundamental eliminar os criadouros o que pressupõe a participação de todos. Cada um deve: Fazer uma visita assídua, pelo menos semanal, ao exterior da residência para verificar potenciais criadouros (locais com água onde se desenvolvem mosquitos); Deitar fora ou reciclar contentores de água não necessários; Limpar e esfregar os bebedouros dos animais, as jarras de flores e eliminar os pratos dos vasos; Certificar-se que as caleiras não estão a reter água e cobrir as grelhas de escoamento com rede fina ou aplicar sal de cozinha numa relação de 35gr/l de água; Alertar as autoridades de saúde para densidades anormais de mosquitos ou espaços devolutos ou abandonados que propiciem o seu desenvolvimento.

Tratamento
Não há tratamento específico, apenas terapêutica de suporte.


 


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