JANEIRO 2016
HERPES LABIAL
Dra. Sara Duarte
Farmacêutica na Farmácia do Caniço
sara.duarte@farmaciadocanico.pt

O herpes labial é a doença viral mais comum na sociedade contemporânea, depois das infecções respiratórias. Segundo dados recentes publicados pela OMS – Organização Mundial de Saúde, pensa-se que afete 3,7 milhões de pessoas com menos de 50 anos. Afeta, portanto, cerca de dois terços do total desta população. 
Esta doença é causada pelo vírus herpes simplex de estirpe tipo 1 (VHS-1) e caracteriza-se normalmente pelo aparecimento de vesículas preenchidas por líquido. Este líquido é altamente contagioso na zona da mucosa oral e na zona perioral. No entanto, podem surgir vesículas em qualquer zona da pele e das mucosas, uma vez que o simples contacto com zonas infectadas podem provocar infecções por este vírus.  
Por esta razão, o VHS-1 pode também causar herpes genital. Contudo, as suas manifestações clínicas são de muito menor intensidade (sintomas leves ou mesmo assintomático) do que as causadas pela estirpe do tipo 2 do herpes simplex (VHS-2), principal agente de infecções herpéticas com manifestações clínicas na zona genital.
Mas a estirpe tipo 1 pode ser especialmente perigosa noutras partes do corpo. O desenvolvimento de infecção activa nas mucosas oculares (olhos), pelo VHS-1, é muito perigoso, podendo levar a graves complicações clínicas, chegando mesmo à perda da visão.
A maioria das pessoas contrai o vírus durante a infância e a infecção dura toda a vida. No entanto, a frequência do aparecimento de sintomas, assim como a sua gravidade, tende a diminuir ao longo do tempo. O aparecimento de lesões activas, poderá também estar associado a um défice no funcionamento do sistema imunitário, isto é, quando as pessoas estão mais debilitadas.
O VHS-1 afecta um número tão alargado de indivíduos, provavelmente por três razões:
- As lesões causadas por VHS-1 são altamente contagiosas;
- Há falta de diagnostico correcto;
- Verifica-se falta de tratamento adequado.
Quanto maior carga viral é produzida (vesículas de grandes dimensões e em grande numero) e quanto mais recorrentes e frequentes forem as manifestações clínicas sem tratamento adequado, maior é o potencial de contagio. 
Na manifestação do herpes labial, podem-se distinguir três períodos clínicos da doença:
Período Prodrómico – fase precoce da doença, em que há manifestações clínicas iniciais com alguns sinais e sintomas, antecipando-se ao quadro activo da doença. Este período ocorre até 24 horas antes da doença se manifestar explicitamente e caracteriza-se, inicialmente, por dor ou incómodo no local (ficar dorido), evoluindo para um edema discreto com prurido e ardência. A acompanhar estes sintomas, quase sempre ocorre também eritema e sensação de calor no local.
Quando as lesões herpéticas são diagnosticadas neste período e a terapêutica é aplicada, os resultados são muito melhores, podendo mesmo evitar-se a formação de lesões clinicamente activas. 
Nesta fase, a utilização de cremes e pomadas de aplicação tópica contendo agentes antivirais tem demostrado alguma eficácia, não só por diminuir a carga viral (diminuição essa não completamente competente), mas também por funcionar como protector oclusivo limitando o contacto com as lesões, assim prevenindo a auto-inoculação de áreas vizinhas e diminuindo a possibilidade de contágio a outros indivíduos.
Evitar a exposição solar, pode também ajudar a controlar a progressão da doença, uma vez que a radiação UV estimula a produção da carga viral.

Período Clínico Activo – nesta fase surgem as primeiras pápulas que evoluem rapidamente para vesículas e bolhas cheias de líquido, sendo extremamente contagiosas. As manifestações clínicas nesta fase são localmente dolorosas e pode existir algum prurido.
Se o número e as dimensões das vesículas forem reduzidos, o tratamento pode limitar-se à aplicação local de cremes ou pomadas antivirais. Estes, embora pouco efectivos, quando utilizados sistematicamente apresentam eficácia.
Quando surgem muitas vesículas e/ ou de grandes dimensões e/ou ocorrência de períodos clínicos activos com muita frequência é importante recorrer-se a uma terapêutica mais efectiva e por isso deve ser consultado um médico.
Nestes casos, os tratamentos consistem na administração sistémica de antivirais. Em situações ainda mais graves, em que as lesões estejam infectadas secundariamente por bactérias, dever-se-á associar um antibiótico ao tratamento antiviral. 
Período Reparatório – esta é a fase da cicatrização das lesões, podendo haver a formação de crosta. Podem ser utilizados cremes/pensos cicatrizantes para acelerar a cura. 


“O herpes simplex tipo-1 é o agente responsável por uma doença viral contagiosa, podendo também ser o responsável por uma DST (doença sexualmente transmissível). As suas manifestações não devem ser negligenciadas a fim de reduzir a sua frequência e o seu poder de contágio. A criação de uma vacina para este vírus teria grandes benefícios no controle desta infecção, mas ainda não está disponível”. 


 


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