DEZEMBRO 2015
A CANJA
Dr. Ricardo Oliveira
Nutricionista 
www.reabilitesse.com 

Cautela e “caldos de galinha” nunca fizeram mal a ninguém. Se aprecia uma boa e típica canja madeirense com os verdadeiros ingredientes que reza a história desta receita, não a substitua por nada deste mundo. Comecemos por apreciar algumas possíveis combinações da canja: galinha, cebola, tomate, cenoura, nabo, cravinho, arroz, manjericão, canela, aipo ou salsa e sal. A lista de ingredientes tem origem na Índia, com a denominação de kenji (ou kenge) que significa de caldo quente e salgado. Ao que parece os portugueses copiaram a receita original, conhecida pelas propriedades reconfortantes e medicinais, à qual terão adicionado a “velha” galinha. Mais tarde, já pelas mãos dos portugueses, fez-se chegar a canja ao Brasil e outras regiões de influência portuguesa que igualmente adaptaram a receita às suas tradições. Por cá, a região acrescentou à já revigorante canja o vinho Madeira.
A ciência interessou-se pela “magia” da canja, e a investigação realizada sobre os seus ingredientes tem sido documentada como uma das armas fundamentais contra a gripe, a constipação e a pressão arterial elevada. Mas a receita tem sofrido alterações que não abonam a seu favor. A substituição de alguns ingredientes naturais por caldos industrializados, a redução da quantidade de legumes, a omissão das especiarias e em contrapartida a excessiva quantidade de sal levam a que o resultado final não seja o esperado. Já para não falar da galinha ou melhor, o frango, que nos dias de hoje até se lhe pergunta o que comeu, pois as cascas de boganga e folhas de couve foram substituídas por ração da “engorda” somada aos antibióticos que o crescimento rápido em “caixas” obriga. Como imagina o modo intensivo de produção nos aviários condiciona o perfil nutricional e a qualidade final da carne. 
O que a ciência colocou em evidência são essencialmente quatro processos que quando orquestrados fazem-nos melhorar a resposta do organismo nos estados de convalescença. Um primeiro diz respeito à ingestão de líquidos, que por si só é uma necessidade básica do organismo, mas que nas situações de gripe e constipação ou estados febris, obriga a um ajuste na sua ingestão face à temperatura corporal alterada e como coadjuvante na expectoração. Para além do mais, nestas situações a toma de líquidos fica em alguns casos comprometida pela falta de apetite. O segundo efeito resulta da temperatura que é servida a canja e o respectivo vapor que quando inalado melhora a congestão nasal. Não é à toa que nos debruçamos sobre o prato fumegante de canja e à medida que o sorvemos e inspiramos o vapor notamos uma melhoria dos sintomas respiratórios. O terceiro aspecto prende-se com a carne da galinha cozida que liberta dois aminoácidos que têm um papel relevante na recuperação e no combate ao vírus. A glutamina, um aminoácido que participa na melhoria das defesas do organismo e a cisteína que reduz a viscosidade da secreção e facilita a eliminação. A cisteína agiria da mesma forma que a acetilcisteína, um princípio ativo usado na formulação de medicamentos para descongestionar os pulmões. Por último, a combinação dos químicos naturais dos produtos hortícolas (nabo, aipo, cebola, cenoura) e especiarias (canela, cravinho) que são anti-inflamatórios naturais.


 


seara.com
 
2009 - Farm´cia Caniço
Verified by visa
Saphety
Paypal