OUTUBRO 2015
O SéCULO DOS IDOSOS
Dra. Maria Helena Jardim
Doutora em desenvolvimento e intervenção psicológica e Ciências de Enfermagem
Investigadora FCT da UICISA: E - Coimbra
Professora Coordenadora da Escola Superior de Saúde da Universidade da Madeira
hjardim@uma.pt

O século XXI é o século dos idosos. O envelhecimento da população mundial diz respeito a todos nós, reconhecendo-se uma realidade em mudança, respeitante ao significado social das diferentes idades. Presenciamos um incremento nos índices de envelhecimento demográfico, em virtude da diminuição das taxas de fecundidade/mortalidade e do aumento progressivo na expectativa de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as pessoas com 60 anos ou mais representam, atualmente, cerca de 650 milhões e estima-se que, em 2050 serão dois bilhões. Gradualmente, a força da nossa comunidade pressupõe um envelhecimento saudável visando a participação ativa das pessoas idosas com integração plena no meio envolvente, que passa pela liberdade em decidir os relacionamentos e em determinar os contributos que concedem à sociedade. Na história recente da Madeira temos assistido a uma transformação na sociedade, onde muitas vezes os idosos são os principais atores sociais, na harmonização psicológica e económica das famílias, evitando frequentemente a sua fragmentação. 
Assim, assistimos a um crescente interesse pelo estudo das novas formas de família e dos fluxos de ajuda mútua entre as gerações (relações intergeracionais). Coloca-se a questão de pensar o envelhecimento ao longo da vida, numa atitude preventiva e promotora da saúde, garantindo autonomia, independência e qualidade de vida, o que implica formação contínua cultural e educativa, aposentação gradual tardia, dedicação a atividades ajustadas considerando a trilogia (objetivos, capacidades e ambiente sóciocultural) do próprio indivíduo.
A satisfação às solicitações das pessoas idosas por vezes acarretam consequências socioeconómicas, tanto no público como no privado, impossibilitando a capacidade de resposta do sistema. Sabe-se que a rede de solidariedade primária, sobretudo dos filhos, reduz a procura de apoios sociais, todavia os tempos modernos, limitam esta prática dado que na RAM, existem 21850 idosos que vivem sós, sendo este um fator da indagação dos serviços sociais.
A resposta da política de saúde na RAM visando o envelhecimento saudável, deverá assentar nos três pilares estruturais preconizados pela OMS, nomeadamente: 
- Participação ativa: na educação e aprendizagem ao longo da vida, nas atividades de desenvolvimento económico (trabalho formal, informal, voluntariado); na vida familiar e comunitária (acessibilidade nos transportes, desmistificação de preconceitos em relação ao idoso);
- Saúde: reduzir os fatores de risco associados a doenças crónicas, deficiências e mortalidade precoce; minimizar fatores económicos que afetam a saúde; oferecer serviços de prevenção e tratamento eficazes; promover ambientes limpos, seguros e apropriados; promover medidas para diminuir a perda de visão e audição; eliminar barreiras físicas (acessibilidade); apoiar nas dependências e garantir a reabilitação; providenciar apoio social para evitar isolamento e solidão; informar sobre a saúde mental e combater estereótipos; fornecer treino e educação para os cuidadores;
- Segurança: assegurar proteção, segurança e dignidade aos idosos, através de direitos e resposta às necessidades de segurança social, financeira e física; reduzir desigualdades nos direitos à segurança e necessidades das mulheres idosas (proteção das viúvas, vítimas de violência doméstica e idosas sem pensão).
Esta abordagem consiste numa conceção teórica crucial para uma mudança de paradigma em relação aos nossos idosos encarando-os como fonte de sabedoria, de experiência e de consideração, vislumbrando-se desafios colossais na sua concretização, o que exige o contributo de todos nós sem exceção tendo em conta que esta é uma área prioritária de intervenção na RAM. 

Na história recente da Madeira temos assistido a uma transformação na sociedade, onde muitas vezes os idosos são os principais atores sociais, na harmonização psicológica e económica das famílias, evitando frequentemente a sua fragmentação.


 


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