OUTUBRO 2015
COMPREENDER AS INFEçõES URINáRIAS
Dra. Ana João Surreira
Farmacêutica na Farmácia do Caniço
ana.surreira@farmaciadocanico.pt

Aproximadamente 50 a 60% das mulheres relatam pelo menos uma infeção urinária (IU) ao longo da sua vida, observando-se um pico de incidência de IU não complicadas entre os 18 e 39 anos (coincidindo com a idade de máxima actividade sexual da mulher). Uma infecção urinária ocorre quando bactérias invadem e colonizam o trato urinário, resultando em inflamação e posteriormente, em sintomatologia típica de infecção. Os sintomas mais comuns compreendem, desconforto/dor ao urinar, frequência urinária, urgência miccional, dor abdominal ligeira, sensação de que a bexiga não está totalmente vazia, alterações na cor e no cheiro da urina e, por vezes presença de sangue. 
A sintomatologia sistémica é geralmente ligeira ou ausente. Uma IU é classificada como IU recorrente quando durante o período de seis meses se desenvolvem pelo menos 2 infecções urinárias ou 3 episódios durante o período de 1 ano. Este tipo de infecções é cerca de 20 vezes mais comum nas mulheres do que nos homens, este facto pode ser explicado, em parte, pela proximidade entre a uretra e o ânus e o curto comprimento da uretra feminina, o que facilita o acesso de bactérias ao trato urinário e consequente infecção. Os principais microorganismos envolvidos neste tipo de infecções tem-se mantido constante ao longo dos tempos, sendo a bactéria Escherichia coli (E.coli) a principal responsável pela maioria das IU não complicadas. Em mulheres sexualmente activas a prática sexual é um fator desencadeante de IU, provocando cerca de 75-90% das infecções, o uso de espermicidas, novos parceiros sexuais, a idade da primeira IU e história materna de IU são também factores de risco para o desenvolvimento de IU, muitos outros factores podem estar relacionados com o desenvolvimento de IU, como a retenção da micção, higiene intima, limpeza pré e pós-coito, entre outros.
É importante que percebamos a importância do diagnóstico e tratamento atempado, de forma a evitar a progressão da IU para um quadro de infecção renal ou até em casos mais graves, infeção sistémica. Existem algumas mudanças comportamentais e medidas preventivas que devemos adoptar como forma de prevenção das IU, desde logo a ingestão abundante de água, cerca de 2 ou 3L de água por dia em caso de infecção, o que irá auxiliar na eliminação da carga bacteriana, assim como a ingestão de 1,5L de água diariamente e urinar sempre que sentir vontade, uma vez que a retenção de urina na bexiga só irá contribuir para a multiplicação bacteriana. 
Medidas preventivas relacionadas com as relações sexuais como urinar e lavar a área genital, antes e após as relações sexuais, evita que as bactérias da região perianal consigam entrar na uretra. Limpar-se no sentido vagina-ânus, sempre que for à casa de banho é outra medida que impede a progressão bacteriana. Evitar ter múltiplos parceiros sexuais é útil tanto na prevenção de IU como para diminuir o risco de contrair uma doença sexualmente transmissível. Na higiene íntima aconselha-se o uso de produtos adequados ao pH fisiológico da vagina, caracteristicamente ácido, preservando assim, o ecossistema da flora vaginal e desaconselha-se a utilização de sprays desodorizantes, sabonetes e cremes que não respeitem as características particulares desta zona. Em termos de hábitos alimentares uma dieta variada e equilibrada é sempre essencial para o bom funcionamento do sistema imunitário, sabe-se também, que bebidas como o café, o chá preto e o álcool por serem substâncias irritantes devem ser evitadas, assim como alimentos ricos em açúcar, uma vez que estão relacionados com o crescimento bacteriano. Roupa íntima em algodão é aconselhável por permitir a absorção de suor e a humidade. Evitar roupa muito justa, pois cria atrito e permite a acumulação de humidade, favorecendo o desenvolvimento de fungos e bactérias nas vias urinárias, é outro conselho útil.
Em termos de outro tipo de medidas não farmacológicas preventivas, os suplementos alimentares à base de arando vermelho (Vacinium macrocarpon L.) são uma boa aposta. Estes produtos têm vindo a ser utilizados há já bastante tempo como uma forma complementar não antimicrobiana de prevenir IU devido à sua composição química, uma vez que esta planta contém proantocianidinas e frutose, compostos que inibem a adesão de E. coli as células do trato urinário, etapa chave no desenvolvimento de uma infecção. Para além do arando, a uva-ursina (Arctostaphylos uva-ursi L.) possui um composto designado por arbutina ou arbutósido, composto este responsável pela acção antimicrobiana imputada a esta planta, sendo por isso um composto de origem natural eficaz tanto para minimizar os sintomas da IU (ardor e frequência) como para tratar a causa das IU.


Existem algumas mudanças comportamentais e medidas preventivas que devemos adotar como forma de prevenção das IU, desde logo a ingestão abundante de água, cerca de 2 ou 3L de água por dia em caso de infeção, o que irá auxiliar na eliminação da carga bacteriana, assim como a ingestão de 1,5L de água diariamente.


 


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