JUNHO 2015
TINHA DOS PÉS - MAIS COMUM DO QUE SOA
Dr. João Marques
Farmacêutico da Farmácia do Caniço
joao.marques@farmaciadocanico.pt

Apesar de não se tratar de um tema novo, a chegada do tempo quente torna oportuna uma breve revisão da mais comum e muito frequente infecção cutânea dos pés: a tinea pedis (Tinha dos Pés), vulgarmente designada Pé-de-Atleta.

Frieiras no Verão?
Esta infecção produz normalmente uma descamação na pele de parte ou de toda a planta do pé, acompanhada ou não de vermelhidão e prurido (comichão). Pode também provocar o aparecimento de pequenas vesículas em volta dos dedos ou na sola dos pés. Quando a descamação é mais pronunciada pode provocar rupturas e fissuras (“gretas”) dolorosas na pele.

Quando estas fissuras surgem sob ou entre os dedos dos pés, são popularmente designadas de “frieiras” e aqui cabe um breve esclarecimento: a palavra Frieiras serve para designar lesões tecidulares provocadas pelo frio, geralmente nos dedos das mãos e dos pés, com dormência e edema, e associadas à constrição excessiva dos pequenos vasos sanguíneos que os irrigam, logo, bastante raras nas zonas baixas da ilha da Madeira.

Micose de fácil contágio
As lesões provocadas pelo Pé-de-Atleta, pelo contrário, são mais frequentes nos períodos quentes, quer porque o calor e a humidade favorecem o crescimento dos fungos que as provocam quer porque é no tempo quente que se recorre mais frequentemente aos locais que favorecem a sua propagação: áreas húmidas onde as pessoas infectadas andem descalças.

Esta infecção é uma micose normalmente provocada por fungos da família dos dermatófitos, geralmente do tipo Tricophyton ou Epidermophyton., é rara nas crianças e é facilitada pela transpiração abundante e pelo calçado fechado.

O agravamento do Pé-de-Atleta pode levar até a infecção das unhas (onicomicoses), sendo o maior risco das fissuras na pele o das infecções secundárias por bactérias, sobretudo em adultos e indivíduos com um fluxo sanguíneo deficiente nos pés. Os casos mais graves devem ser avaliados e tratados por médicos.

Tratamento acessível
Na maior parte das vezes o Pé-de-Atleta responde bem ao tratamento tópico com cremes ou soluções de antifúngicos de indicação habitual em farmácia, mas a cura só é conseguida após tratamento persistente e prolongado, cujo sucesso depende também da adopção de algumas práticas:
- Lavar diariamente a área afectada;
- Secar bem, sem friccionar;
- Aplicar o antifúngico 2 a 3 vezes ao dia, massajando;
- Manter a aplicação durante 1 a 2 semanas após a cura aparente;
- Aplicar pó antifúngico nas meias e no interior dos sapatos para prevenir reinfecção;
- Trocar de meias todos os dias;
- Lavar bem a banheira após o banho. (1)

Mas, prevenir continua a ser o melhor remédio
Desde os banhos relaxantes aos desinfectantes, dos hidratantes aos exfoliantes e desodorizantes, são muitos e variados os tipos de produtos actualmente disponíveis para o cuidado diário dos pés, mas a verdade é que continuamos a não lhes dispensar a atenção que merecem e uma higiene diária seguida de secagem e inspecção cuidadosas permitem muitas vezes detectar precocemente qualquer alteração da pele ou das unhas, prevenindo muitos dos problemas mais comuns (o espaço entre os 4º e 5º dedos é o mais comumente afectado pelo Pé-de-Atleta).

Também a utilização de calçado confortável e meias de algodão ou outras fibras naturais que mantenham os pés arejados, evitando a transpiração ou a acumulação de humidades que propiciam o desenvolvimento fúngico, é francamente recomendável na prevenção de micoses nos pés.

Agora que se aproxima a época balnear, não é demais lembrar de usar sempre chinelos ou outro calçado de banho nas piscinas e nos balneários, evitando andar descalço em locais húmidos de utilização pública.

(1) - Adaptado de “Medicamentos não prescritos” de Maria Augusta Soares


 


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