MARçO 2015
EM PRIMEIRO LUGAR VACINAçãO, VACINAçãO, VACINAçãO….
Dra. Sofia Granito
Médica em Medicina Geral
sofiagranito@gmail.com

Registou-se na Madeira um surto de gripe como aconteceu no continente?
O aumento sentido na procura ao nosso serviço de urgência hospitalar nos meses de Dezembro de 2014 e Janeiro de 2015, reflecte, não só, mas também, o surto de gripe. Tivemos e ainda temos alguns casos de gripe, mas que não justificam, no seu todo, a grande afluência àquele serviço. A grande maioria das situações são devidas a descompensações de doenças crónicas de base, por variados motivos, como por exemplo, o não cumprimento da terapêutica por dificuldades económicas.

O nosso clima ajuda-nos a adoecer menos do que em Portugal continental?
É uma questão intrigante de se colocar. À partida, poderíamos pensar que sim, já que temos um clima mais ameno, menos frio. Contudo, julgo que a resposta é não. Não temos menor incidência de infecções respiratórias (quer sejam pneumonias ou gripe) por causa do nosso clima “ameno”. É um facto, que o vírus da gripe vive e é transmitido pessoa a pessoa no frio, mas também é verdade que temos horas do dia e da noite em que as temperaturas são mais baixas e talvez, por julgarmos que na Madeira nunca está frio, acabamos por descurar alguns aspectos preventivos. Por outro lado, a nossa humidade também pode favorecer o crescimento de alguns microrganismos. 

As pessoas já estão suficientemente informadas sobre a importância da toma da vacina da gripe?
Eu penso que nunca é demais informar e relembrar a importância da vacinação em geral, na prevenção de doenças infecciosas. Ainda existem alguns preconceitos em torno da vacinação e é necessário desmistificar para que não restem quaisquer dúvidas: a vacinação é a forma mais eficaz de prevenir a gripe, pelo menos na sua forma mais grave. E porquê? Um organismo que contacta previamente com elementos do vírus (mas que não causam doença) tem tempo para preparar a sua defesa para que, quando em contacto com o vírus real, já tenha “armas” de combate. É assim que funciona o nosso sistema imunitário. E como diz o ditado “homem prevenido vale por dois”. No fundo, é isso que a vacinação faz: permite uma capacitação atempada por parte do sistema imunitário, para que na hora certa, consiga responder de forma mais rápida e eficaz, abreviando a gravidade da doença.

Quais os cuidados que gostava de enfatizar para serem seguidos pelos madeirenses?
Em primeiro lugar, vacinação, vacinação, vacinação…e depois, lavar as mãos com frequência quando estão em lugares públicos e sobretudo, se souberem que estiveram em contacto com alguém doente. Não esquecer de se resguardar do frio.

Uma pessoa que se sinta engripada deve visitar as urgências ou é suficiente ir à farmácia e ficar por casa a descansar?
Uma pessoa que apresente sintomas de gripe (um ou mais dos seguintes: dores no corpo, dor de garganta, febre, tosse seca ou com expectoração branca e/ou obstrução ou corrimento nasal) não necessita de ir a correr ao serviço de urgência, porque a abordagem inicial será a mesma, quer vá ou não. A atitude mais prudente é ficar por casa, tomar 1g de paracetamol de 8 em 8 horas, para aliviar a febre e as dores no corpo e aguardar 2 a 3 dias pela melhoria dos sintomas. A excepção deve ser feita para casos que apresentem sinais de alarme, como dificuldade respiratória, febre que não cede ao paracetamol e/ou tosse muito intensa, seca ou com expectoração amarela ou esverdeada. Porque estes são sinais de que, ou é uma gripe com atingimento pulmonar importante, ou já se trata de uma sobreinfecção bacteriana, que neste caso necessita de antibioterapia, podendo mesmo, no caso de haver dificuldade respiratória acentuada, haver necessidade de outro tipo de cuidados, mais invasivos. Também nestes casos e porque o doente não é médico, pode não ser imperativo ir ao serviço de urgência do hospital. O que quero dizer é que, nestas situações, aquela pessoa precisa de ser observada por um médico, no centro de saúde, por exemplo. Esse médico fará então a triagem de quais os casos que devem ser encaminhados ao hospital. Isto, idealmente falando.

DESTAQUE
“Não necessita de ir a correr ao serviço de urgência, porque a abordagem inicial será a mesma, quer vá ou não. A atitude mais prudente é ficar por casa, tomar 1g de paracetamol de 8 em 8 horas, para aliviar a febre e as dores no corpo e aguardar 2 a 3 dias pela melhoria dos sintomas”


 


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